Com cerca de 90% das urnas apuradas, Eduardo Leite (PSDB) está matematicamente reeleito governador do Rio Grande do Sul. O tucano liderou a apuração de ponta a ponta, de maneira bem diferente do que aconteceu no primeiro turno, quando coube ao bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL) o melhor desempenho. Faltando pouco menos de 10% das urnas a serem apuradas, Leite tem 57,12% contra 42,88%, de Onyx. O resultado indica que os eleitores de Edegar Pretto (PT) migraram em sua maioria para o ex-governador. O resultado confirma as últimas pesquisas de intenção de voto.
No primeiro turno, o cenário também confirmou os nomes que eram mais ventilados pelas pesquisas, mas com uma surpresa: Onyx Lorenzoni (PL) terminou a votação à frente de Eduardo Leite (PSDB), com 37,50% dos votos contra 26,81%. Edegar Pretto (PT) terminou na terceira colocação, com 26,77%.
Já no início da campanha ao segundo turno, Eduardo Leite não declarou apoio a nenhum presidenciável e rejeitou a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), argumentando que nenhum dos dois candidatos o representava. “Não vou abrir meu voto. Não sou bolsonarista ou lulista. O Rio Grande não se rende aos que pretendem vê-lo amarrado ou amordaçado. O Rio Grande não é quintal do governo federal.”
Na última semana de campanha, a Executiva estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio Grande do Sul divulgou uma nota oficial recomendando à militância o “voto crítico” em Leite, mesmo sem apoio formal do ex-governador a Lula para a disputa presidencial. Anteriormente, o partido defendeu a posição de “nenhum voto” em Onyx Lorenzoni (PL), por considerar a necessidade de defesa da democracia e contra o bolsonarismo.
Já o MDB não teve consenso, mas adotou, em grande medida, o apoio a Onyx Lorenzoni, mesmo com o vice de Eduardo Leite sendo o deputado estadual emedebista Gabriel Souza. Do lado de Onyx ficaram Pedro Simon, Sebastião Melo, Osmar Terra e Alceu Moreira. Com o colega Gabriel, ficaram os ex-governadores Germano Rigotto e José Ivo Sartori, Eliseu Padilha, José Fogaça e José Paulo Cairoli, embora alguns deles em silêncio.
Quarto colocado no primeiro turno na disputa pelo governo do Estado, o senador Luis Carlos Heinze (PP) também anunciou o apoio a Onyx. A posição era esperada pela forte ligação de Heize com Bolsonaro e suas pautas.
Trocas de acusações pessoais marcaram os debates do segundo turno entre Leite e Lorenzoni. Enquanto o tucano, com frequência, classificou o adversário como “ministro pipoqueiro” por ter trocado de posto cinco vezes em menos de quatro anos de governo, Lorenzoni chamou Leite de “moleque” ao lembrar a prática de caixa 2 nas campanhas de 2012 e 2014 admitida pelo candidato de Bolsonaro no Rio Grande do Sul. No último debate, realizado na quinta-feira (27), foram usadas expressões como “mentiroso”, “dissimulado”, “desonesto” e “criminoso”. Também houve acusações pessoais, Leite lembrou que Lorenzoni negou um aperto de mão em um debate e o ex-ministro acusou o ex-governador de se vitimizar.
As tensões entre apoiadores dos dois candidatos também se intensificaram nos momentos finais da campanha. Em Porto Alegre, o vereador Alexandre Bobadra (PL) agrediu o vereador Leonel Radde (PT), eleito deputado estadual. O petista tinha recebido informações de que Bobadra e apoiadores estavam distribuindo panfletos sem identificação de origem, que associavam o PT e Lula ao crime e ao comunismo. O juiz eleitoral Márcio André Keppler Fraga, da 113ª Zona Eleitoral de Porto Alegre, determinou o recolhimento do material impresso, que foi considerado irregular, e a Comissão de Ética da Câmara de Vereadores irá analisar o caso.
Em uma transmissão realizada pelas redes sociais, o deputado federal Bibo Nunes (PL) atacou estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) por realizarem protestos contra cortes de verbas federais para a educação e chegou a dizer que esses universitários “mereciam ser queimados vivos”, em uma alusão ao filme Tropa de Elite. Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) comunicaram ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado estadual Valdeci Oliveira (PT-RS), que irão investigar as declarações feitas por Nunes. Além disso, a Defensoria Pública da União (DPU) ingressou com uma ação civil pública na Justiça Federal.
