Eleições 2022
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7 de outubro de 2022
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10:52

Leite diz que não abre voto na disputa presidencial: ‘Nem bolsonarista, nem lulista’

Por
Flávio Ilha
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Leite também disse que sua renúncia ao governo do Estado “pode ter sido um movimento equivocado”. Foto: Maurício Tonetto
Leite também disse que sua renúncia ao governo do Estado “pode ter sido um movimento equivocado”. Foto: Maurício Tonetto

O candidato do PSDB ao governo do estado, Eduardo Leite, declarou nesta sexta-feira (7) que não vai abrir seu voto para a presidência da República. Num discurso recheado de expressões ufanistas, Leite rejeitou a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) e disse que nenhum dos dois candidatos o representa. “Não vou abrir meu voto. Não sou bolsonarista ou lulista. O Rio Grande não se rende aos que pretendem vê-lo amarrado ou amordaçado. O Rio Grande não é quintal do governo federal”, disse.

Num discurso lido de pouco mais de 15 minutos, Leite também fez críticas a seu adversário no segundo turno, o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), a quem acusou de se preocupar apenas com cargos em Brasília. “Meu adversário fala em pátria porque só pensa em Brasília. Não tem ideias, não tem propostas, não tem soluções. Quer um cheque em branco para governar. Aqui é o Rio Grande, não um curral eleitoral. Aqui se luta, não tem adesismo”, afirmou.

Nos últimos dias, lideranças políticas de esquerda elevaram o tom de suas declarações para que o ex-governador declarasse voto em Lula como contrapartida para votar no tucano no segundo turno. Leite, como era esperado, frustrou todas as expectativas. “A partir do Rio Grande do Sul, seremos a resistência da paz e do equilíbrio que o Brasil tanto precisa”, declarou. Segundo ele, sua missão será “carregar a bandeira do Rio Grande” para unir o estado e fazer “uma vida melhor para todos”.

Leite disse que teve candidato no primeiro turno – a senadora Simone Tebet (MDB) – e admitiu que sua renúncia ao governo do Estado, em março, “pode ter sido um movimento equivocado”. Mas ressalvou que ainda considera necessária uma alternativa de centro contra a polarização. “Pago até hoje o preço por estimular a terceira via”, afirmou. Segundo o ex-governador, nem Lula e nem Bolsonaro resolverão os problemas do estado.

A reação foi imediata. Pelo Twitter, o deputado Edegar Pretto (PT), que disputou voto a voto com Leite a passagem para o segundo turno da eleição ao governo gaúcho, disse que recebeu na quinta-feira (6) um telefonema do ex-governador falando sobre a importância do apoio petista à sua candidatura. “Mas eu também reafirmei a importância do apoio dele ao presidente Lula. Fizemos uma campanha respeitosa e será dessa forma também no segundo turno”, escreveu.

Na quarta-feira, o diretório estadual do PT decidiu ignorar a disputa de segundo turno do estado para priorizar a eleição de Lula à presidência. Em nota, a direção recomendou filiados e militantes “a canalizar toda nossa energia para ampliar a vantagem [do ex-presidente Lula] sobre a candidatura que representa o retrocesso sociopolítico, econômico e cultural”. A direção do partido se absteve de indicar apoio a Eduardo Leite (PSDB) na disputa de segundo turno contra o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL).

Pretto também afirmou que o partido não fará “intervenção” no plano de governo de Eduardo Leite. “Eu e o Olívio Dutra vamos percorrer o Rio Grande do Sul virando voto, buscando no estado os votos que Lula merece e irá receber”, avançou o candidato, que ficou em terceiro lugar na disputa com uma diferença de apenas 2.441 votos em relação ao ex-governador. A sinalização é de que os petistas não irão pedir votos para Leite, liberando os filiados e militantes a votarem da maneira que acharem mais conveniente.


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