Eleições 2022
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30 de outubro de 2022
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19:47

Lula é eleito presidente do Brasil pela terceira vez

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Sul 21
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Ex-presidente retorna a Brasília para mais um mandato. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Ex-presidente retorna a Brasília para mais um mandato. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do Brasil pela terceira vez. Com cerca de 67% das urnas apuradas, Lula superou Jair Bolsonaro (PL), que liderava até então. Com mais de 99% dos votos totalizados, Lula tem 50,84% dos votos contra 49,16%, de Bolsonaro.

No primeiro turno, Lula também ficou à frente de Bolsonaro nas urnas. Desde o início da campanha eleitoral, o petista se manteve à frente nas pesquisas, sempre seguido por Bolsonaro. Nenhum dos nomes apresentados como alternativa demonstrou capacidade de se aproximar dos dois candidatos. A diferença foi o crescimento de Bolsonaro em relação ao que indicavam os institutos de pesquisa, tanto no primeiro quanto no segundo turno.

Assim que o resultado saiu, Lula tuitou apenas a palavra “democracia”.

No segundo turno, a campanha do ex-presidente Lula organizou caminhadas nas principais cidades brasileiras. Quando esteve em Porto Alegre, o ato reuniu mais de 50 mil pessoas e suas falas foram direcionadas ao combate às abstenções, consideradas determinantes pelas duas campanhas. O petista foi acompanhado de apoiadores históricos e colegas de partido, além de personalidades que declararam apoio a ele após o primeiro turno, como a ex-presidenciável e senadora Simone Tebet (MDB-MS). Ciro Gomes (PDT) também apoiou Lula, mas sem envolvimento na campanha.

Já Bolsonaro, que entre os principais apoios para o segundo turno passou a contar (outra vez) com o ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) enfrentou momentos delicados, como quando em entrevista ao podcast e canal de YouTube “Paparazzo Rubro-Negro” contou que, durante um passeio de moto por uma comunidade de Brasília, “pintou um clima” ao ver meninas de 14 e 15 anos e que teria pedido para ir à casa delas logo depois. Além da repercussão negativa nas redes sociais, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma petição para que o presidente fosse investigado por apologia à pedofilia.

Outra polêmica envolvendo o atual presidente foi a resistência à prisão de seu aliado Roberto Jefferson (PTB), que atirou contra agentes da Polícia Federal no Rio de Janeiro, ferindo duas pessoas. Jefferson teve sua prisão domiciliar revogada após descumprir condicionantes, depois de ter sido preso em agosto de 2021, acusado de integrar milícias digitais que ferem a democracia. O ex-deputado foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao STF, por incitação ao crime, ameaça às instituições e homofobia.

O segundo turno também foi marcado por casos de assédio eleitoral em diversas cidades do país. No Rio Grande do Sul, a empresa de implementos agrícolas Stara enviou aos seus fornecedores, no dia seguinte ao primeiro turno, uma correspondência em que falava sobre uma possível redução no orçamento, em caso de derrota de Bolsonaro. A Justiça do Trabalho concedeu uma liminar que obrigou a empresa, com sede em Não-Me-Toque, a garantir o direito do voto sem direcionamento dos seus trabalhadores.

Houve tensão também em discussões legais sobre as campanhas até o segundo turno. Uma decisão da ministra do TSE Maria Bucchianeri inicialmente concedia 164 direitos de resposta de 30 segundos para Lula no programa eleitoral de Bolsonaro, que veiculou conteúdos “sabidamente inverídicos por descontextualização” sobre o ex-presidente. A decisão foi levada ao STF, que formou maioria para conceder 116 dos direitos de resposta.

Além disso, o plenário do STF manteve uma resolução para combater a disseminação de fake news aprovada pelo TSE a 10 dias do segundo turno. A Procuradoria-Geral da República (PGR) havia solicitado que fosse derrubada a decisão que agiliza a retirada de notícia. A decisão retifica decisão tomada pelo ministro Edson Fachin. O tribunal pode, portanto, determinar às plataformas que incluíssem em até duas horas posts “sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados” sobre a integridade desta reta final das eleições.

Outra decisão do TSE que mobilizou as campanhas e parte da população foi a que puniu a Jovem Pan por falta de isonomia. O tribunal determinou multa de R$ 25 mil caso a emissora descumprissem a decisão de não fazer comentários sobre a situação penal de Lula e concedeu direitos de resposta à campanha do petista na rádio. Em resposta, a Jovem Pan alegou que estava sob censura e afastou comentaristas e apresentadores que descumpriram as regras do TSE.

Na última semana antes do segundo turno, a equipe de Jair Bolsonaro entregou ao TSE um relatório alegando que rádios deixaram de exibir inserções da sua campanha. A denúncia inicial foi feita no dia 24 e o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou que fossem apresentadas provas e “documentos sérios”. O ministro das comunicações do atual presidente, Fábio Faria, afirmou que uma empresa contratada pela campanha identificou pelo menos 154 mil inserções a menos do que a campanha do oponente.

Lula tem uma longa trajetória na política brasileira, que começou ainda no início da década de 1970. Na época, o país vivia ainda sob ditadura militar e Lula era diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, um dos principais centros industriais do país.

Em 1975, Lula é eleito presidente do sindicato, que representava 100 mil trabalhadores. Três anos depois, em 1978, após ser reeleito presidente da entidade, Lula lidera as primeiras greves operárias em mais de uma década. Naquele momento, o país vivia um processo de abertura política lenta e gradual. Em março de 1979, mais de 170 mil metalúrgicos pararam as fábricas no ABC Paulista. No ano seguinte, cerca de 200 mil metalúrgicos cruzaram os braços. A repressão policial ao movimento grevista, que chegou a levar Lula à prisão, fez emergir a liderança popular de Lula, que criaria o Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980. Alguns anos depois, ele fundaria também a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Em 1984, Lula foi uma das principais lideranças da campanha das Diretas Já para a Presidência da República. Em 1986, foi eleito o deputado federal mais votado do país, para a Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição Federal de 1988.

Liderança nacional consolidada, Lula foi lançado pelo PT para disputar a Presidência da República em 1989, após 29 anos sem eleição direta para o cargo. Perdeu a disputa, no segundo turno, para Fernando Collor de Mello, por pequena diferença de votos. Dois anos depois, no entanto, Lula liderou uma mobilização nacional contra a corrupção que culminou no impeachment de Collor. Em 1994 e 1998, Lula voltou a ser candidato a presidente, sendo derrotado por Fernando Henrique Cardoso nas duas ocasiões.

Em 2002, por meio de uma inédita aliança política até então, o PT aprovou uma coligação política que incluía PL, PCdoB, PCB e PMN, lançando Lula novamente a presidente, tendo como vice-presidente na chapa o senador José Alencar (PL), de Minas Gerais, um dos maiores empresários do país.

Em 27 de outubro de 2002, em segundo turno, aos 57 anos de idade, Lula obtém quase 53 milhões de votos e se elege pela primeira vez presidente da República. Seu mandato foi marcado pela ampliação de programas sociais e expansão nas áreas de educação e saúde, além de uma política de valorização do salário mínimo. Uma das principais marcas do seu governo foi a redução da miséria no país. Em 2006, Lula e José Alencar são reeleitos e terminam o mandato, em 2010, com a maior aprovação de um governo da história do país, superior a 80%.

Essa popularidade impulsionou a eleição de Dilma Rousseff (PT), que era a principal ministra de Lula, e foi eleita a primeira mulher presidente da história do país.

*Com informações da Agência Brasil


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