Notícias
|
26 de setembro de 2012
|
17:30

Cultura em Porto Alegre: fomentar a produção em todas as vertentes

Por
Sul 21
[email protected]
Foto: Arquivo Pessoal

Marcelo Delacroix *

Perguntado sobre como deveria ser a ação de uma Secretaria de Cultura, lembrei-me de uma das muitas vezes em que fui convidado a participar de um desses encontros entre governo e classe artística, para debater a cultura, ouvir propostas etc, o que acontece quase invariavelmente em época de eleições.

Lembro que, desta feita, estávamos numa reunião específica da área da musica, e fiquei chocado com os apartes feitos por alguns colegas músicos, cada um buscando assegurar a brasa unicamente para o seu assado, cada qual cuidando do seu umbigo. E era uma que pedia espaço pro Hip-hop, outro lembrando que o Choro não podia parar… E eu saltei e disse: – Péra lá! Não viemos aqui pra tratar de assuntos pessoais, mas para pensar em ações que digam respeito ao coletivo, que melhorem a situação não deste ou daquele, mas de todos! E dei como exemplo a necessidade de se investir em equipamentos de qualidade para aparelhar nossos teatros municipais, qualificando e viabilizando as produções locais, que necessitam contratar empresas de sonorização e iluminação para suprir a falta ou o sucateamento de equipamentos, que são sempre comprados através de licitações, em que vence o menor preço em detrimento da qualidade; além de promover festivais, circuitos, projetos e cursos de capacitação que ajudem a fomentar a produção cultural de um modo geral.

Imagino o quão difícil deva ser receber diariamente uma quantidade de visitas e pedidos de apoio e patrocínio para os mais diversos eventos privados, mas penso que uma Secretaria de Cultura não pode ser um balcão de atendimento a interesses individuais (e muito menos utilizar essas ações como poder de barganha eleitoral, no conhecido jogo “do toma lá, dá cá”), mas sim criar condições para que as iniciativas individuais possam se desenvolver.

A pessoa indicada a assumir a pasta da Cultura precisa, necessariamente, estar familiarizada com o meio cultural, conhecer a classe artística, saber quem é a ‘trupe’ do teatro, da musica, da literatura, do cinema, das artes visuais, do tradicionalismo, do carnaval, etc. Logicamente, não se pode conhecer todo mundo, mas um mínimo é indispensável pra não acontecer aberrações como as que vimos, com pessoas absolutamente estranhas ao meio, promovendo bailes de debutantes… Alguém que conheça as necessidades da área e que saiba dialogar com cada setor.

* Marcelo Delacroix é músico e compositor

.oOo.

O Sul21 está publicando desde o dia 5 de setembro uma série de artigos sob o tema “A Porto Alegre do Século 21”. Neles, personalidades de notório conhecimento aprofundam a discussão sobre temas centrais como habitação, mobilidade urbana, saneamento, educação, cultura, cidades digitais, saúde, acessibilidade e meio ambiente, oferecendo subsídios para uma reflexão não-alienada sobre as necessidades da capital gaúcha.

Artigos anteriores:
– Política Habitacional em Porto Alegre: cinco eixos estratégicos
– Urbanismo e meio ambiente: dez pontos para um projeto de cidade
– Saúde pública: Compromisso com a Vida
– Cidade Digital e Cidadania digital
– Mobilidade urbana: há caminhos para o trânsito de Porto Alegre
– A cultura dá sentido à vida: uma reflexão sobre Porto Alegre
– Acessibilidade: Porto Alegre é mesmo uma cidade para todos?
– Políticas de saúde: melhorar a vida em Porto Alegre
– Educação municipal em Porto Alegre: indicativos e desafios


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora