Eleições 2022
|
6 de outubro de 2022
|
13:49

PT no RS prioriza disputa nacional: ‘Não iremos atrás de ninguém que não apoie Lula’

Por
Flávio Ilha
[email protected]
PT gaúcho ainda não foi procurado por Leite. Foto: Luiza Castro/Sul21
PT gaúcho ainda não foi procurado por Leite. Foto: Luiza Castro/Sul21

O diretório estadual do PT, reunido na quarta-feira (5), decidiu ignorar a disputa de segundo turno do Estado para priorizar a eleição de Lula à presidência. Em nota, a direção recomenda a filiados e militantes “canalizar toda nossa energia para ampliar a vantagem [do ex-presidente Lula] sobre a candidatura que representa o retrocesso sociopolítico, econômico e cultural”. Na prática, a direção do partido se absteve de indicar apoio a Eduardo Leite (PSDB) na disputa de segundo turno contra o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL).

A reunião, que teve a presença da maioria dos deputados estaduais e federais eleitos pelo partido, destacou o desempenho eleitoral do PT nas eleições legislativas do Rio Grande do Sul e afirmou que a legenda acumulou capital político na disputa eleitoral. “O desempenho de nossa chapa revelou nossa capacidade de aglutinar e mobilizar o campo de esquerda”, reforça o documento. “Nossa estratégia de mobilização consiste em ampliar os apoios à chapa Lula e Alckmin, em diálogo com partidos e representações sociais, e numa ampla mobilização em todo o Estado”, reforça.

Na segunda-feira (3), Leite esteve na Assembleia Legislativa para buscar apoio à sua candidatura mas não se reuniu com nenhuma liderança estadual do PT. Dirigentes petistas afirmam que esperam uma sinalização do tucano em apoio a Lula para aderir ao ex-governador no segundo turno. As principais lideranças tucanas em nível nacional já declararam voto em Lula – casos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-senador José Serra.

Até agora, o ex-governador gaúcho obteve apoio formal no campo da esquerda apenas do PSB – o candidato socialista, Vicente Bogo, teve apenas 17.222 votos no primeiro turno. O PDT, cujo candidato Vieira da Cunha somou 101.611 no domingo (2), decide à tarde se apoia Leite ou se mantém neutralidade na disputa.

A vice-presidente estadual do PT, Juçara Dutra, confirmou que o partido não vai se posicionar sobre a eleição estadual neste momento. “Vamos aguardar os movimentos nacionais, os apoios em torno de candidatura estratégicas como de Haddad [em São Paulo] e Décio Lima [em Santa Catarina], para tomar uma decisão”, disse a dirigente. Dutra ressaltou, porém, o “neste momento”: ela sinalizou que a decisão pode ser alterada pelo diretório. “Se nos procurarem, certamente vamos conversar”, disse, em referência a Leite.

Presidente estadual do PT, Paulo Pimenta também reforçou a posição. “Nós vamos fazer a nossa campanha e aquelas pessoas que quiserem se somar conosco serão bem-vindas, mas nós não iremos ir atrás de ninguém que não tenha publicamente manifestado vontade ou disposição de apoiar o Lula”, disse ao Sul21.

O deputado estadual Edegar Pretto, que disputou voto a voto com o ex-governador pela passagem ao segundo turno, disse que vai votar no candidato que seu partido definir. “E certamente os gaúchos que votaram em nós também”, assegurou em uma de suas redes sociais. Mas salientou que o foco nesse momento é eleger Lula. “É hora de ampliarmos a unidade da esquerda e para isso é ponto comum que estejamos unidos, os partidos do campo progressista, não apenas para derrotar Bolsonaro mas também o bolsonarismo”, reforçou.

Pretto informou que foi procurado, ainda na noite de domingo (2), pelo candidato a vice na chapa de Leite, Gabriel Souza (MDB). Na conversa, Souza parabenizou Pretto pelo desempenho e disse que esperava contar com o apoio do partido no segundo turno. “Cada um faz suas escolhas. Nós não esperávamos a visita de Leite, que fez suas escolhas. Nós tínhamos um objetivo: saímos maiores do que entramos [da eleição], aumentamos nossas bancadas e também o número de cidades onde recebemos votos. Fizemos a nossa parte e por muito pouco não fomos ao segundo turno”, afirmou.

O ex-governador Tarso Genro foi, até agora, a única liderança expressiva do PT a defender abertamente voto em Leite – mesmo sem citar o nome do ex-governador. Em suas redes sociais, disse que o momento é de defender a República contra a radicalidade do fascismo. “Devemos apoiar um não bolsonarista democrata, mesmo que neoliberal, que concorra com o fascismo. Defender o Estado de Direito. A situação-limite exige ponderação: a escolha é entre o mal absoluto e a democracia”, sustentou.

A adesão de Leite à candidatura de Lula, entretanto, tem ficado cada vez mais difícil. O ex-governador já declarou que não pretende “nacionalizar” a disputa local – o que indica uma provável neutralidade. “Não preciso ser medido nesta eleição pela régua estreita da polarização nacional. Tenho serviços prestados, sabem como ajo e como faço política”, voltou a dizer em suas redes sociais na manhã desta quinta-feira (6).

Além disso, os principais aliados do PSDB no Estado já declararam voto em Bolsonaro no segundo turno. “A maior preocupação é o não retorno do método de governo que o PT apresentou enquanto esteve à frente presidência da República. Com isso, o melhor caminho para o Brasil é o presidente Bolsonaro”, escreveu o tucano Lucas Redecker. O deputado federal reeleito, porém, ressalvou que é uma posição pessoal e não reflete a opinião do partido no estado.

A candidata ao Senado Ana Amélia Lemos (PSD), que foi apoiada por Leite, também já declarou voto em Bolsonaro. “Assim como fiz no segundo turno em 2018 e no primeiro turno deste ano, meu voto será para Jair Bolsonaro”, declarou em suas redes sociais.

*Colaborou Luís Gomes


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora