Eleições 2022
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5 de outubro de 2022
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11:01

Aliados ignoram dilema de Leite e declaram apoio a Bolsonaro

Por
Luís Gomes
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Eduardo Leite durante a coletiva de segunda-feira (3) | Foto: Maurício Tonetto
Eduardo Leite durante a coletiva de segunda-feira (3) | Foto: Maurício Tonetto

O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) saiu das urnas com um dilema a resolver no segundo turno. Favorito nas pesquisas, terminou o primeiro turno com quase 700 mil votos a menos do que Onyx Lorenzoni (PL) e com apenas cerca de 2,5 mil votos mais do que Edegar Pretto (PT) — ambos somaram 1,7 milhão de votos. Em tese, os votos dos eleitores de Pretto seriam suficientes para lhe garantir a vitória no segundo turno, o que abriu espaço para questionamentos se Leite iria procurar o PT e declarar apoio a Lula no segundo turno da disputa presidencial. O dilema de Leite, contudo, passa pelo fato de que ele também recebeu, em teoria, votos de eleitores de Jair Bolsonaro (PL), que fez 48,89% dos votos no primeiro turno no Rio Grande do Sul e, um eventual apoio a Lula, poderia custar a ele parte desses votos.

Na entrevista coletiva que concedeu na manhã de segunda-feira (3), Leite garantiu que não haverá “omissão” da parte dele em relação às eleições presidenciais, mas ressalvou que pretende basear sua estratégia no segundo turno em questões locais. “Não tomarei posição individual antes de conversar com o grupo político que me apoia”, afirmou.

Contudo, mesmo antes da campanha definir qual rumo irá tomar no segundo turno, aliados do ex-governador já iniciaram nos últimos dias o processo de declaração de votos, mas em direção ao atual presidente. O movimento de apoios a Jair Bolsonaro começou na segunda-feira, quando o deputado federal Lucas Redecker, mais votado no PSDB no domingo (2), declarou voto para o atual presidente no segundo turno.

“Já para a presidência, a maior preocupação é o não retorno do método de governo que o PT apresentou enquanto esteve à frente da presidência da República. Com isso, o melhor caminho para o Brasil é o presidente Bolsonaro”, escreveu.

Em entrevista à GZH, Any Ortiz (Cidadania), uma das três deputadas federais eleitas pela federação PSDB-Cidadania, afirmou que Lula não era opção de voto e que lamentava a posição de seu partido a nível nacional de apoiar o ex-presidente no segundo turno.

Já a candidata da coligação de Leite ao Senado, Ana Amélia Lemos (PSD), que terminou a disputa em 3º lugar, declarou que votou em Bolsonaro no primeiro turno. “Assim como fiz no segundo turno em 2018 e no primeiro turno deste ano, meu voto será para Jair Bolsonaro”, disse.

Apesar de o MDB fazer parte da chapa de Leite, com o candidato a vice-governador Gabriel Souza, Pablo Melo, filho do prefeito Sebastião Melo (MDB), foi além de declarar voto em Bolsonaro no segundo e já anunciou que fará campanha para Onyx. “Não é hora de titubear: é Onyx e Bolsonaro no segundo turno”, escreveu.

Na segunda-feira (3), o repórter Flávio Ilha conversou com lideranças políticas no Estado e revelou que, para declarar apoio a Leite, as forças de esquerda vão exigir uma postura mais determinada do candidato em relação a pautas populares, como a manutenção da Corsan e do Banrisul como estatais e valorização do serviço público, especialmente com a carreira dos professores.

Na terça-feira (4), o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), detalhou uma série de condições que seriam exigidas de Leite em troca do apoio formal. “Apoio ao Lula; suspensão de iniciativas de privatização, incluindo Corsan e Banrisul; 12% na saúde; fim do Assistir; reposição de verba no Centenário; combate à fome e um plano de recuperação econômica do Estado. Nossas condições para apoio”, escreveu, em postagem no Twitter.

Posteriormente, em entrevista concedida à GZH quando visitava parlamentares na Assembleia Legislativa, Leite foi questionado sobre o posicionamento de Vanazzi e disse que não está procurando apoio formal do PT e que não negociará nos termos colocados pelo prefeito de São Leopoldo.


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