Coronavírus
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17 de julho de 2021
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15:32

Psicóloga é impedida de receber a vacina em Porto Alegre segurando cartaz com palavras de protesto

Por
Sul 21
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Cartaz com o qual a psicóloga Claudia Zendron foi impedida de segurar ao tomar vacina. Foto: Arquivo Pessoal
Cartaz com o qual a psicóloga Claudia Zendron foi impedida de segurar ao tomar vacina. Foto: Arquivo Pessoal

Três meses após receber a primeira dose da vacina contra a covid-19, a psicóloga Claudia Cecilia Zendron voltou ao estacionamento da PUC-RS neste sábado (17) para tomar a segunda dose do imunizante. Tal qual na vez anterior, preparou um pequeno cartaz para abrir e posar para a foto no momento da aplicação. Dessa vez, porém, quando se preparou para ter o momento registrado por seu filho, a militar responsável por aplicar a vacina se negou a injetar a dose.

“Abri o cartaz e a militar que ia aplicar a vacina, disse que se fosse alguma coisa contra o governo, eu não poderia fazer a foto. Mostrei o cartaz e ela disse que eu não podia fazer a foto”, conta Claudia.

A militar argumentou que não poderia aparecer na imagem identificada com a farda do Exército. A psicóloga tentou contornar a situação e disse que as palavras escritas no cartaz eram genéricas e não citavam o governo, e que não apareceria o rosto. “Não tem nada contra militar também, estou falando ‘milicianos’”, ponderou a psicóloga. “Ela disse: ‘Somos todos militares’. Essa foi a resposta dela.”

Ao tomar a primeira dose em abril, no mesmo local, Claudia fez seu protesto sem problema. Foto: Arquivo pessoal

Claudia afirmou que a proibição era ilegal e configurava censura, e que se a ordem vinha de oficiais superiores, estava errada. A militar entretanto disse concordar com a proibição e sugeriu que, se a psicóloga quisesse mesmo fazer a foto, deveria se dirigir “a secretaria”, porque não iria aplicar a dose.  

“Eu tava acompanhada do meu filho, acabei não fazendo a foto e ela aplicou a vacina. Achei absolutamente ilegal, aquelas coisas em que, no momento, a gente não sabe bem como reagir”, explica.

Quando tomou a primeira dose da vacina em abril, Claudia levou um cartaz chamando o presidente Jair Bolsonaro de genocida. O imunizante foi aplicado também por um militar e não houve qualquer contestação.

“Naquela vez não teve qualquer problema, e inclusive aquele cartaz tinha um ‘Fora Bolsonaro’, e não tive nenhum constrangimento, nenhuma restrição ou censura”, recorda a psicóloga.

Relatos de situações semelhantes têm sido noticiados em outras cidades do Brasil, seja com pessoas portando um cartaz ou vestindo camiseta com dizeres contrários ao presidente da Repúblico.  


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