Opinião
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28 de março de 2024
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10:49

Sessenta anos do golpe civil-militar, tão longe, tão perto (por Nilo Piana de Castro)

Divulgação
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Nilo Piana de Castro (*)

O golpe se torna um idoso. São sessenta anos de uma marca profunda gravada a ferro e fogo no povo brasileiro e no desenvolvimento do país. O Brasil, que através de reformas deveria caminhar para ser uma sociedade mais justa já naquele distante 1964, foi subtraído da soberania popular e a nação submergiu em tenebrosas transações, que resultaram em um dos países de maior desigualdade no mundo.

No início dos anos sessenta, os brasileiros se voltavam para os seus problemas e suas contradições internas, para uma maior participação da população nos processos políticos e mudanças sociais. Uma parcela das elites criou a ilusão de que a disputa era entre o Ocidente e o Oriente, entre o capitalismo e o comunismo, entre os cristãos e os ateus. Foi pelos interesses imediatos do grande irmão do Norte e seus sócios locais que o braço armado do funcionalismo público nacional, as Forças Armadas, massacrou a democracia perseguindo, prendendo, torturando, matando e desaparecendo com pessoas sob o falso pretexto de proteger as liberdades democráticas, mas, na verdade, sustentando o privilégio de poucos.

Já em sua terceira idade e justamente, por não ter sido educado, assumido ou mesmo punido com o devido rigor, esse decrépito personagem continua a gerar perigosos descendentes provando que nem toda velhice é lúcida. Os antidemocráticos, autoritários, inurbanos e golpistas continuam ameaçando a República e comprometendo o futuro do país como na intentona de janeiro de 2023. Provavelmente, esperando herdar também a impunidade que se arrasta por seis décadas nesse passado vivo.

A Sala Redenção convida o público para descomemorar esse triste aniversário assistindo e debatendo uma mostra de filmes nos quais as diretoras e os diretores estabelecem uma profunda relação com a memória, com a necessidade de esclarecimento, com o posicionamento perante o passado e a busca por justiça, para vislumbrar um futuro de plena liberdade cidadã democrática.

Mostra de Cinema Sessenta Anos do Golpe Civil-Militar (1964-2024), tão longe, tão perto.

01/04 – 19 Horas – O dia que durou 21 anos (Camilo Tavares, 2013, 77 min). Pós exibição debate com os professores Nilo Piana de Castro e Alexandre Andrades.

02/04– 19 Horas – A Batalha da Maria Antônia (Renato Tapajós, Brasil, 2014, 76min.).

03/04 – 19 Horas – Mario Wallace Simonsen, entre a memória e a história (Ricardo Pinto e Silva, 2013, 110 min). Pós exibição debate com o Diretor Ricardo Pinto e Silva.

05/04 – 19 Horas – Ibiúna, Primavera Brasileira (Silvio Tendler, 2019, 81 min.).

08/04 – 19 Horas – Pastor Cláudio (Beth Formaggini, 2017, 76 min.).

09/04 – 19 Horas – Utopia e Barbárie (Silvio Tendler,2009, 120mi.). Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre com debate pós exibição.

10/04 – 19 Horas – Codinome Clemente (Isa Albuquerque, 2019, 98 min.). Pós exibição debate com a Diretora Isa Albuquerque.

11/04 – 19 Horas – Deslembro (Flávia Castro, 2019, 96 min.). Pós exibição debate com a Diretora Flávia Castro.

12/04 – 19 Horas – Verdes Anos (Giba Assis Brasil e Carlos Gerbase, 1984, 90Min.)  Pós exibição debate com os Diretores Giba Assis Brasil e Carlos Gerbase.

(*) Doutor em Ciência Política pela UFRGS e professor de História no Colégio de Aplicação da UFRGS (CAp UFRGS).

 

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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