Opinião
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7 de agosto de 2023
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14:18

Fuga de responsabilidade (por Antonio Augusto Medeiros)

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. (Foto: Joana Berwanger/Sul21)
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. (Foto: Joana Berwanger/Sul21)

Antonio Augusto Medeiros (*)

Em seu segundo mandato, Eduardo Leite consolida uma política calcada na fuga de responsabilidade. Até o momento, o governador não apresentou nenhum projeto concreto, nem para áreas prioritárias como saúde pública e educação. A sensação é de um déjà-vu de quatro anos atrás. O debate econômico sobre o equilíbrio fiscal é uma tática política do governador. Como parte de uma ideologia, apresenta a mesma ladainha sem fim que estrangula os investimentos e projeta cenários catastróficos para justificar a diminuição do Estado e a destruição dos serviços públicos, com o consequente aumento das desigualdades sociais.

Conforme os sindicatos já haviam alertado, as reformas do primeiro mandato e a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal para renegociação da dívida não equacionaram as contas. Leite segue fazendo caixa às custas dos trabalhadores e massacrando os servidores do Executivo.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada na Assembleia Legislativa para 2024 apresenta superávit de R$ 1,48 bilhão. Mesmo assim, o governo não incluiu a reposição das perdas dos servidores públicos. O funcionalismo amarga 60% de defasagem salarial, cenário que leva à fuga de talentos e à dificuldade de completar as vagas de concurso. A falta de servidores impacta o atendimento à população, que cada vez mais recebe serviços precarizados.

Lembrando que em 2022, o governo estimou déficit orçamentário, que não se confirmou. Para 2023, também fez uma previsão negativa, considerando as perdas com a redução das alíquotas de ICMS de combustíveis e energia. Mas não leva em conta a compensação pelo governo federal e nem a retomada dos valores cobrados de ICMS sobre a energia, o que pode gerar novo superávit.

Imprecisão, covardia ou estratégia política? Diante do pessimismo exacerbado, cabe perguntar: o governo acredita na viabilidade de suas medidas? A verdade é que Eduardo Leite não tem um projeto de desenvolvimento para o Estado. A estratégia é construir narrativas negativas para arrochar servidores, precarizar serviços públicos e continuar a ampliar isenções fiscais para empresários.

Estamos fartos dessa política estagnadora, sem rumo e que não considera o papel do Estado como indutor da economia. É necessário um novo espírito caudilho. Precisamos voltar a ter políticas claras e altivas, que combatam a dependência econômica e recoloquem o Rio Grande do Sul na perspectiva de crescimento focado na diminuição das desigualdades sociais.

(*) Presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do RS (Sintergs)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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