Opinião
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23 de maio de 2023
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11:57

Já falei mal do PSOL (por Marcelo Sgarbossa)

Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21

Marcelo Sgarbossa (*)

O título escolhido é o reconhecimento de um comportamento que deve ficar no passado. Sim, já critiquei o Psol, partido que inclusive ajudei a fundar, recolhendo assinaturas para sua fundação antes de me filiar ao PT em 2005. Respeito muito o Psol, inclusive seu crescimento em Porto Alegre mostra a força da sua aguerrida militância. Mas este artigo não é sobre minha relação com o Psol e o fato de que já criticamos uns aos outros; é sobre união, sobre a necessidade histórica da união do campo democrático, popular, progressista e de esquerda.

Vale lembrar: a partir de 2016 tudo mudou. Veio o golpe contra Dilma e contra todos nós. E com o golpe veio a  necessidade de união. A onda golpista não se resumiu à presidência da república. Na Câmara Municipal de Porto Alegre  2017 iniciou com a exclusão dos partidos de oposição de todos os espaços institucionais (presidência de comissões e mesa diretora).

Como forma de resistir a este ataque da maioria, formalizamos (PT e Psol) um Bloco de Oposição, tornando-nos numericamente maior para fins da composição proporcional dos espaços, conforme previsto no Regimento interno.

A partir da formação formal do Bloco de Oposição, passamos a fazer reuniões juntos, ações juntos, defesa recíproca no plenário, votações juntos. Enfim, o que era meramente formal, foi ganhando corpo e materialidade. Casamos antes de namorar. Mas no namoro nos demos bem. Muito bem.

A ótima relação na Câmara entre PT e Psol fez com que em 2020 eu defendesse publicamente a criação de um Conselho Político com maioria petista para governar Porto Alegre. E, na chapa formal, onde só cabem 2, Manuela como candidata a prefeita e Pedro Ruas do Psol na vice. Alguns dirigentes petistas infelizmente entenderam isso como uma exclusão do PT quando, na verdade, a proposta fazia do PT o principal protagonista da campanha eleitoral (coordenação e visibilidade no palanque e na TV) e depois da futura gestão (secretarias). O eleitorado chegaria a pensar que Manuela e Ruas tinham mudado de partido e entrado no PT… mas estas ideias se quer tiverem escuta dentro dos partidos. O PT decidiu firmar posição que a vaga de vice da Manuela deveria ser necessariamente do PT, literalmente ignorando um diálogo com o Psol.  Os demais partidos também não estavam prontos para pensar na possibilidade de um Colegiado, ficando “presos” à ideia de “chapa”, que limita a apenas dois espaços.

Entendo perfeitamente esta posição do PT em não abrir mão de estar na chapa, mas lamento que tenha sido tomada sem antes ter havido um diálogo exaustivo ao menos entre PT e Psol. Inconformado, fiz inclusive um pedido público de diálogo via Sul21.

A segunda tentativa de abrir o diálogo entre os dois partidos foi através do pedido de prorrogação do prazo interno do PT para a inscrição de nomes na disputa da vaga de vice. O pedido de prorrogação também não foi aceito. Era uma tentativa de não fechar a chapa sem antes conversar sobre outras possibilidades, em especial com o Psol, que já preparava a candidatura da Fernanda para prefeita

Por fim, uma vez que meu nome dialogava bem com o Psol e havia na base do partido um anseio de apresentação de novos quadros (que se materializou somente 2 anos depois com Edegar em 2022), aceitei a sugestão de me inscrever no processo interno de disputa da vaga de vice. Acabamos retirando nossa candidatura depois que a direção do PT decidiu remeter a decisão para o Diretório Municipal, retirando a possibilidade dos 550 delegados e delegadas já escolhidas votarem.

O tempo passou e, na eleição seguinte (2022) a união PT – Psol finalmente aconteceu com Edegar e Pedro Ruas para o governo do RS. Também no senado com Olivio, Robaina e Fátima.

Estamos em 2023. A necessidade de união do nosso campo é imperiosa e urgente. E não se limita, obviamente, ao PT e Psol. Melo jogou-se nos braços da extrema-direita. Fortunati esta conosco, e foi recebido de braços abertos pelo nosso Mandato Pró Frente Ampla. Estamos ouvindo as necessidades do povo de Porto Alegre.

Fascistas/golpistas, não passarão! Frente Ampla já!

(*) Vereador de Porto Alegre, integrante do Mandato Pró Frente Ampla

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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