Opinião
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25 de julho de 2022
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16:01

Olívio altera configuração da disputa ao Senado (por Carlos Eduardo Bellini Borenstein)

Coletiva de imprensa anunciou candidatura de Olívio Dutra para senador. Foto: Luiza Castro/Sul21
Coletiva de imprensa anunciou candidatura de Olívio Dutra para senador. Foto: Luiza Castro/Sul21

Carlos Eduardo Bellini Borenstein (*)

O anúncio da candidatura do ex-governador Olívio Dutra (PT) a senador altera a configuração do tabuleiro da disputa ao Senado no Rio Grande do Sul (RS). Desde que a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) decidiu não disputar a eleição, o campo de esquerda estava sem representante. 

Como consequência, o quadrante da direita/centro-direita, que tem a ex-senadora Ana Amélia Lemos (PSD); o senador Lasier Martins (Podemos); e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) como candidatos, dividiam a preferência do voto dos gaúchos.

Na pesquisa divulgada pelo instituto Paraná ao Senado, em julho, Ana Amélia apareceria com 26,4% das intenções de voto. Mourão registrava 23,4%. O ex-ministro Miguel Rossetto (PT), que será candidato a deputado federal, mas foi incluído na sondagem, somou 10,6%. E Lasier atingiu 8,7%.

Com a entrada de Olívio Dutra no jogo, a eleição muda de configuração. Embora Ana Amélia e Mourão sejam nomes competitivos, a esquerda passa a contar com uma candidatura que tem o mesmo potencial eleitoral. 

Importante observar que, desde as eleições de 1994, o campo progressista é competitivo nas eleições ao Senado. Em 94, com duas vagas em disputa, embora José Fogaça – PMDB (22,08%) e Emília Fernandes – PTB (15,81%) tenham sido os dois senadores eleitos, Raul Pont (PT) obteve 12,48% dos votos válidos. Ficou em quarto lugar, mas esteve perto de se eleger.

Nas eleições de 1998, quando tinha somente uma vaga em jogo, Pedro Simon (PMDB) fez 54,33% dos votos válidos e se elegeu. Porém, José Paulo Bisol (PSB), apoiado pelo PT, conquistou uma votação expressiva: 34,16%.

Em 2002, novamente com duas vagas em disputa, os eleitos foram Sérgio Zambiasi (PTB) e Paulo Paim (PT). Zambiasi teve 26,32% dos votos válidos, e Paim fez 19,07%.

Nas eleições de 2006, novamente com uma vaga em jogo, Pedro Simon (PMDB), com 33,93% dos votos válidos, foi o eleito. Porém, Miguel Rossetto (PT) esteve próximo de se eleger ao conquistar 28,23%.

Em 2010, os eleitos foram Paulo Paim (PT) e Ana Amélia Lemos, filiada ao PP naquela oportunidade. Paim conquistou 33,38% e Ana Amélia fez 29,54%. 

Nas eleições de 2014, Lasier Martins, então filiado ao PDT, teve 37,42%, e foi o eleito. No entanto, Olívio Dutra (PT) esteve muito próximo da vitória, tendo conquistado 35,31%.

E nas eleições de 2018, os eleitos foram Luís Carlos Heinze (PP) e Paulo Paim (PT). Heinze teve 21,94% e Paim conquistou 17,76%. E o terceiro colocado foi Beto Albuquerque (PSB) com 16,23%. 

Conforme podemos observar, desde as eleições ao Senado de 1998, os candidatos do campo de esquerda obtêm cerca de 1/3 dos votos válidos. Como Olívio Dutra será o único candidato ao Senado competitivo da esquerda e as forças de centro-direita/direita estão fragmentadas em três alternativas – Ana Amélia, Mourão e Lasier – caso Olívio conquiste cerca de 1/3 dos votos tende a se eleger, pois temos somente uma vaga em disputa e a eleição ao Senado é de turno único. 

Além desses fatores, também jogam a favor de Olívio Dutra sua capacidade de mobilizar as bases do PT e o trânsito do ex-governador para além do eleitorado tradicional petista.

(*) Cientista político formado pela ULBRA-RS. Possui MBA em Marketing Político, Comunicação e Planejamento Estratégico de Campanhas Eleitorais pela Universidade Cândido Mendes. Mestrando em Comunicação Social na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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