Coronavírus
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19 de dezembro de 2021
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10:25

Natal e Réveillon: 10 recomendações para ficar longe da covid nas festas de fim de ano

Por
Luís Gomes
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Uso de máscara está entre as medidas recomendadas. Foto: Luiza Castro/Sul21
Uso de máscara está entre as medidas recomendadas. Foto: Luiza Castro/Sul21

O Rio Grande do Sul vive atualmente o momento de menor número de casos e óbitos diários pela covid-19 desde junho do ano passado. Contudo, com as festas de final de ano se aproximando, as aglomerações tradicionais das celebrações de Natal e Réveillon trazem um risco de se tornarem eventos propagadores do vírus. Pensando nisso, especialistas ligados à Universidade Federal de Ciências da Saúde (UFCSPA) divulgaram nesta semana uma nota com dez recomendações para este período do ano. O Sul21 também conversou com dois profissionais da universidade que apontam as principais medidas que famílias e grupos de trabalho devem adotar na preparação para as celebrações.

No último dia 14, o Comitê Técnico de Informações Estratégicas e Respostas Rápidas à Emergência em Vigilância em Saúde Referente ao Coronavírus da UFCSPA divulgou uma nota com orientações sanitárias e recomendações para as festas de final. São elas:

1) Prefira ou realize, se possível, encontros ao ar livre ou em locais com boa ventilação. Lembre-se que o Sars-CoV-2 permanece algum tempo nos ambientes na forma de aerossol;

2) Não faça aglomeração; procure encontrar poucas pessoas e manter certo distanciamento, principalmente nos momentos em que for beber e se alimentar;

3) Controle o som ambiente, não colocando música em volume alto, por exemplo, pois isso faz com que as pessoas falem em tom mais alto, liberando mais gotículas;

4) Vacine-se, tanto para a covid-19 (todas as doses recomendadas), quanto para influenza e recomende a vacinação aos familiares e convidados;

5) Higienize suas mãos com frequência e utilize máscara na hora de preparar os alimentos a serem servidos;

6) Atenção aos idosos e pessoas pertencentes aos grupos de risco e crianças não-vacinadas;

7) Se possível, mesmo que todos estejam vacinados, combine com sua família um período de não-exposição (evitando, por exemplo, compras em véspera do evento), diminuindo as chances de contaminação e transmissão do vírus, para que todos tenham um encontro mais tranquilo;

8) Caso você for viajar durante o recesso, certifique-se da situação epidemiológica da covid-19 no local para onde você irá se deslocar. Essa informação também deve ser levada em conta no momento da decisão em participar de festas de final de ano;

9) Se estiver com sintomas, procure fazer isolamento e se cuidar; não encontre outras pessoas para não transmitir a doença;

10) Ainda não há informações suficientes sobre a variante Ômicron, mas todo o cuidado é pouco para impedir sua circulação em nosso meio. Lembre-se que, além da vacinação, a melhor barreira contra a transmissão é a máscara. Por isso, use máscara bem ajustada (preferencialmente PFF2 ou cirúrgica tripla camada) sempre que precisar sair de casa.

Professora de Biossegurança da UFCSPA e especialista em Imunologia, Melissa Markorski diz que, apesar dos números da covid-19 serem “bastante animadores” no Rio Grande do Sul, com a tendência de queda em novos casos e óbitos, o avanço da variante Ômicron na Europa deve servir de alerta de que a pandemia ainda não acabou. Neste sentido, avalia que as festas de final de ano são um momento em que as pessoas devem redobrar as medidas de prevenção à covid-19.

“Para que a gente não tenha mais uma onda no Brasil, que se repita ou até chegue perto do que aconteceu em março desse ano, é bom a gente continuar com algumas medidas de cuidado, principalmente essas que, além da vacina, auxiliam a gente a não transmitir o vírus para outras pessoas”, diz.

Melissa reconhece que é difícil cobrar que as pessoas usem máscara durante as festas, mas salienta que várias medidas podem ser adotadas para minimizar riscos. Uma delas é reduzir o número de participantes e concentrar os eventos a pessoas do círculo familiar mais próximo.

“Ainda não é o momento daquela festa mais aberta, com pessoas que a gente não sabe se se cuidam ou não”, diz.

Reitora da UFSCPA, a epidemiologista Lúcia Pellanda diz que a evolução da variante Ômicron no Brasil ainda está sendo observada e que, neste momento, não é possível prever o comportamento do vírus nas próximas semanas. Contudo, pondera que as medidas sanitárias são importantes justamente para evitar uma reversão de tendência.

“Com Ômicron ou sem, eu diria a mesma coisa, a gente deve manter os cuidados por mais tempo, até que as coisas estejam realmente melhores. Quando os números estão bons, é justamente o momento da gente cuidar para consolidar a melhora. Quando a gente relaxa é que a situação piora”, diz.

A reitora avalia que a principal medida para melhorar a segurança sanitária de uma festa seria realizá-la ao ar livre. “Essa é a coisa mais importante de todas”, diz.

Melissa complementa que, em locais internos, onde não é possível fazer distanciamento, a ideia é que as refeições sejam feitas em locais arejados. “Mesmo que esteja calor e as pessoas queiram ligar o ar-condicionado, manter as janelas abertas para ter a troca de ar”, recomenda.

Lúcia também aconselha as pessoas a escolherem quais festas participar, se a do trabalho ou da família, evitando aglomerações que envolvam grupos distintos. “Quando a gente vai a todas as festas, estamos multiplicando o número de contatos. Então, de repente vai na festa do trabalho e pode levar potencialmente uma infecção para a vovozinha que tem mais risco ou para o sobrinho que não está vacinado”, diz.

Outra dica de Melissa é não deixar as compras de Natal para a véspera, quando a exposição a aglomerações será maior. “Você acaba tendo contato ali com pessoas que potencialmente carregam o vírus. A gente sabe que a variante Ômicron já tem casos no Estado, então a gente precisa se cuidar para ninguém espalhar a variante no final do ano e esse espalhamento vai ocorrer se as pessoas não se cuidarem. Então, se você precisar sair, é bom que seja dois ou três dias antes e fazer um pequeno isolamento antes de encontrar com a sua família.”

A biomédica pontua ainda que é uma “obviedade” que as festividades devem reunir somente pessoas vacinadas, mas que, mesmo entre pessoas já imunizadas, é preciso ter mais atenção a idosos e pessoas de grupos de risco.

“O ideal é que elas fiquem um pouco mais protegidas, que passem a maior parte do tempo de máscara, retirando só na hora de se alimentar ou beber alguma coisa. A gente precisa ter um pouco de atenção com as pessoas do grupo de risco, principalmente se estarão em contato com crianças ainda não vacinadas e que estão com aulas”, diz, acrescentando a recomendação aos pais de que as crianças, por não estarem vacinadas, fiquem em casa nos dias que antecedem as festas para evitar a contaminação.

Por fim, Lúcia alerta que a atenção aos sintomas, mesmo entre pessoas vacinadas, é uma questão muito importante que parece estar perdendo força entre as pessoas. “Se as pessoas apresentarem problemas de síndromes respiratórias e febre, devem ser isolar e não participar das festas”, diz. “Se tiver sintomas, procure fazer o teste e não encontre outras pessoas. É importante ter esse senso de responsabilidade de que você pode estar passando o vírus para outras pessoas”, complementa Melissa.


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