Eleições 2022
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16 de setembro de 2022
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20:16

Comando do PT quer ‘arrancada final’ para garantir vitória no primeiro turno

Por
Flávio Ilha
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,Foto: Luiza Castro/Sul21
,Foto: Luiza Castro/Sul21

A coordenação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à presidência, se mostrou apreensiva com um eventual recrudescimento dos ataques pessoais a 15 dias do primeiro turno das eleições, marcado para 2 de outubro, e conclamou os eleitores a resolver a disputa no primeiro turno. A avaliação é de que a munição do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, está acabando, sem que a vantagem de Lula tenha sido revertida.

Reunidos durante a presença do candidato petista em Porto Alegre, para ato de campanha nesta sexta-feira (16), a presidente do PT, Gleisi Hofmann, e o coordenador da campanha de Lula, Aloízio Mercadante, recomendaram atenção redobrada na reta final da campanha. Hoffmann disse que é preciso fazer com que a eleição presidencial se resolva já no primeiro turno.

“Falta só um pouquinho para vencer no primeiro turno. Não podemos ir para casa e ficar só na alegria. Precisamos, repito, precisamos fazer com que a eleição se resolva no primeiro turno. Não temos como suportar mais um mês de ódio, ignorância e atraso. Em nome de nossos partidos”, conclamou.

O próprio Lula se mostrou incomodado com os ataques pessoais na reta final da campanha, que motivaram uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo multa e suspensão de um site com notícias falsas sobre o candidato. A página está registrada em nome da campanha de Bolsonaro, que o impulsionou com anúncios pagos.

“Só faltam 16 dias. Daqui para a frente, temos que ficar alertas com as mentiras do zap [WhatsApp]. Ficar alertas com as fake news, ficar alertas com as mensagens e não deixar passar nenhuma mentira. Aí a gente vai poder, no dia 2 de outubro, resolver o nosso problema com a história deste país”, disse Lula.

 

Lula respondeu perguntas da imprensa antes de comício na Capital. Foto: Luiza Castro/Sul21

Nesta sexta-feira, um grupo de artistas e intelectuais, liderados pelo jurista francês William Bourdon, enviou um manifesto em defesa da democracia ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. No documento, expressam preocupação com o processo eleitoral brasileiro. Os signatários destacam que é inaceitável que acusações falsas sejam utilizadas para atacá-lo.

Em contato com jornalistas antes do comício em Porto Alegre, Lula se mostrou incomodado com a proliferação de acusações falsas. “Eu sou o único culpado por ser inocente. Pela primeira vez na história do Brasil alguém é culpado por ser inocente. Eu fui absolvido em 26 processos, fui absolvido pela Suprema Corte [STF] e em dois processos na ONU. Agora, eu não posso permitir que gente como o atual presidente fale essas coisas”, afirmou.

Na entrevista, Lula subiu o tom contra Bolsonaro. Sem mencionar o nome do presidente, afirmou que o país precisa voltar à normalidade. “As pessoas têm que aprender a se respeitar, têm que aprender a conversar, têm que saber que a gente pode divergir de forma civilizada. Os milicianos que se apoderaram deste país criaram um clima insuportável. A ponto de agredirem jornalistas, ofenderem a Suprema Corte, e mais do que isso, pela primeira vez na história do Brasil, nós estamos vendo um presidente não cuidar do orçamento, que é a função dele. Virou refém do orçamento secreto. O país está como uma biruta de aeroporto: o presidente não governa porque não sabe e vive de contar mentiras”.

Mais tarde, no comício, Lula voltou a se referir ao que chamou de ofensas de Bolsonaro. “Ele agora está me ofendendo na televisão e me chamando de ladrão. Mas não fui eu que comprei 51 imóveis e paguei 26 milhões em dinheiro vivo. Não fui eu que fiz decreto de sigilo de cem anos pra proteger ministro e também os filhos. Mas ele pode saber que o Lulinha paz e amor aqui vai quebrar todo o sigilo dele porque nós queremos saber o que esse sujeito fez. No nosso tempo não tinha tapete pra jogar o lixo, qualquer coisa era apurada. Doesse a quem doesse. E é assim que vai ser. Porque a gente não quer esconder a safadeza de ninguém, muito menos a nossa própria safadeza”, discursou.

No discurso, de pouco mais de meia hora, Lula usou termos duros e definiu os eleitores de Bolsonaro como fanáticos, que às vezes “têm comportamento agressivo”. Por duas vezes se referiu ao presidente como “genocida”.

 

Milhares esperavam o ex-presidente no centro da Capital. Foto: Luiza Castro/Sul21

Lula chegou ao local do ato com mais de uma hora de atraso. Já eram 18h45 quando uma multidão ovacionou o ex-presidente ao som do jingle da campanha de 1989. Segundo os organizadores, 50 mil se concentraram no Centro Histórico da capital gaúcha para o comício.

A ex-presidente Dilma Rousseff foi uma das mais saudadas pelo público. Ela criticou a situação da educação no país e classificou os resultados do Ideb, divulgados nesta sexta-feira, como “horríveis”. E afagou os eleitores do PDT. “Nossa missão é ganhar essa eleição no primeiro turno. Tenho certeza que o Leonel Brizola [ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro] estaria sentado ali do lado do Lula neste comício. Ele não vacilou e apoiou Lula, estiveram juntos na campanha de 1989”, disse.

Confira mais fotos:

Foto: Luiza Castro/Sul21
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