Eleições 2022
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25 de agosto de 2022
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23:36

JN: Lula diz que Bolsonaro não cuida nem do orçamento, defende Alckmin e produção do MST

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Sul 21
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Foto: TV Globo/Reprodução
Foto: TV Globo/Reprodução

Nesta quinta-feira (25), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o terceiro de uma série de quatro presidenciáveis a serem entrevistados pelo Jornal Nacional. Os 40 minutos de entrevista foram marcados por momentos em que o petista relembrou seus dois mandatos (entre 2003 e 2011) e apontou temas sensíveis para o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

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Ao iniciar a conversa, William Bonner perguntou sobre a operação Lava Jato, na qual Lula havia sido considerado culpado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas cujas condenações acabaram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Durante cinco anos eu fui massacrado e estou tendo hoje a primeira oportunidade de falar disso ao vivo com o povo brasileiro. A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada. No meu governo criamos o portal da transparência e a lei anticorrupção”, respondeu o  candidato.

Em outro momento, ao voltar a ser questionado sobre corrupção, Lula usou seu tempo de resposta para mencionar, por exemplo, os decretos de sigilo de 100 anos impostos pelo governo Bolsonaro para “temas sensíveis”, como por exemplo para o cartão de vacinação do presidente e para situações envolvendo seus filhos. “Eu poderia ter escolhido um procurador engavetador, mas escolhi da lista tríplice. Poderia ter escolhido um delegado da polícia federal que eu pudesse controlar, não fiz. Poderia ter feito decreto de 100 anos, que está na moda hoje.”

Ao ser perguntado sobre o mensalão, o ex-presidente retrucou “o que é pior, mensalão ou orçamento secreto?”, se referindo às emendas de relator adotadas pelo atual governo nas negociações com as bancadas do Congresso Nacional, dando prioridade a quem se alinha a ele.

Lula ainda chamou Bolsonaro de “bobo da corte” e refém do Congresso Nacional. “O Bolsonaro sequer cuida do orçamento do Brasil. Quem cuida é o Arthur Lira. Os ministros ligam para o Lira, não pra ele. Temos que acabar com essa história de semipresidencialismo no regime presidencial.”

Ao ser perguntado sobre as dificuldades econômicas enfrentadas por sua sucessora, Dilma Rousseff, na presidência entre 2012 e 2016, o candidato respondeu “Ela me disse: ‘Se perguntarem do meu governo, não responda. Diga para eles me convidarem que eu falo pra eles’”. Apesar disso, observou que Dilma fez o que pôde para manter as políticas sociais sem que as camadas mais pobres da população sofressem com a crise econômica, o que ocasionou o distanciamento com a Câmara de Deputados e, após, o golpe.

Sobre sua aliança com o antigo adversário Geraldo Alckmin (PSB), em sua chapa como vice, Lula falou em uma união “para dar uma demonstração para a sociedade brasileira que política não tem a ver com ódio” e discordou de Bonner quando o entrevistador disse que a militância do PT não estaria satisfeita com a candidatura. “Eu estou até com ciúmes do Alckmin, ele foi aplaudido de pé esses dias em um congresso do PT. É uma pessoa que vai me ajudar, de confiança. A experiência dele como governador de São Paulo vai me ajudar a consertar o Brasil”, relatou.

Já no fim da entrevista, a jornalista Renata Vasconcellos perguntou ao ex-presidente qual seria o papel do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra em um futuro governo do petista. Lula lembrou que o movimento tem várias cooperativas e é hoje o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. “Você tem que visitar uma cooperativa do MST, Renata”, emendou.

Ainda sobre a produção de alimentos, a apresentadora afirmou que “o agronegócio e o meio ambiente caminham juntos” quando Lula disse que governaria com “os empresários sérios, que trabalham no agronegócio e não querem desmatar”. O ex-presidente observou que muitos estão sim desmatando, alinhados ao atual presidente e seu ex-ministro do Meio Ambiente, que dizia para “passar a boiada”.

Em suas considerações finais, o candidato chamou atenção para o desemprego e a crise econômica. “Eu não gosto de usar a palavra governar, gosto de usar a palavra cuidar. Esse país é um do futuro que precisamos construir. Vamos voltar a investir na geração de empregos. Temos quase 70% de famílias endividadas, a maioria de mulheres. Vamos negociar essas dívidas.”


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