Política
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19 de julho de 2022
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16:18

‘É a 1ª vez que um presidente convoca o mundo para anunciar que vai dar um golpe’

Por
Sul 21
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Jair Bolsonaro: foco na família, atenção primária e exercícios físicos. (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR)
Jair Bolsonaro: foco na família, atenção primária e exercícios físicos. (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR)

“Bolsonaro cometeu ontem um ato de traição ao Brasil. É a 1ª vez que um presidente convoca o mundo para anunciar que vai dar um golpe. Com este ato, Bolsonaro confessa que vai perder a eleição para Lula. Até quando as instituições serão complacentes com essa vergonha autoritária?”. A postagem da ex-presidenta Dilma Rousseff no Twitter, feita na manhã desta terça-feira (19), resume, em parte, as reações provocadas pela reunião de Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores, na tarde de segunda-feira.

No encontro, no Palácio da Alvorada, o presidente fez uma série de ataques às urnas eletrônicas, à Justiça Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No início da tarde desta terça, os ministros Edson Fachin, presidente do TSE, e Luiz Fux, presidente do STF, se reuniram por videoconferência para falar sobre os ataques de Bolsonaro. Em nota, o STF informou que “o ministro Fux repudiou que, a cerca de 70 dias das eleições, haja tentativa de se colocar em xeque mediante a comunidade internacional o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, que têm garantido a democracia brasileira nas últimas décadas”.

A Fachin, Fux também reiterou confiança total na higidez do processo eleitoral e na integridade dos juízes que compõem o TSE.

O presidente do TSE, por sua vez, em evento da OAB ainda na segunda-feira, precisou se dedicar a desmentir as histórias contadas por Bolsonaro aos embaixadores. Fachin citou três alegações de Bolsonaro que considerou “conteúdos manipulados para desinformar”. Disse ainda que o debate eleitoral deste ano vem sendo “achatado por narrativas nocivas que tensionam o espaço social, projetando uma teia de rumores descabidos, que buscam, sem muito disfarce, diluir a própria República e a constitucionalidade”.

Ao jornal O Globo, embaixadores que estavam no evento afirmaram que Bolsonaro não os convenceu por falta de provas. Alguns foram além, indicando temor pela democracia brasileira. Um deles disse “torcer” para que as instituições brasileiras funcionem.

Logo após a reunião do presidente com os diplomatas, inúmeras entidades manifestaram apoio ao TSE e confiança no processo eleitoral. A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, por exemplo, assegurou que seus membros “estão prontos para atuar em defesa da Constituição e do Estado de Direito, sobretudo para assegurar a realização do pleito deste ano”.

Parlamentares da oposição acionaram STF e TSE após a enxurrada de ataques e mentiras de Bolsonaro. Deputados de PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB, Rede e PV registraram uma notícia crime contra o presidente no STF por ameaça ao estado democrático de direito. Já a oposição no Senado, liderada por Randolfe Rodrigues (Rede-AP) entrou com representação no TSE para que Bolsonaro seja condenado por propaganda eleitoral irregular.


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