Política
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19 de abril de 2022
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17:31

Municípios pressionam e AL busca diálogo para governo não homologar leilão de pedágios

Por
Sul 21
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Deputados de diversos partidos e representantes de municípios participaram da reunião | Foto: Divulgação/ALRS
Deputados de diversos partidos e representantes de municípios participaram da reunião | Foto: Divulgação/ALRS

O governo do Estado leiloou na última quarta-feira (13) a concessão de 217,5 quilômetros de rodovias na Serra e no Vale do Caí por 30 anos, com previsão de investimentos de R$ 3,4 bilhões. Contudo, devido ao alto valor dos pedágios previstos pelo consórcio vencedor Integrasul, que variam de R$ 6,85 a R$ 9,83, deputados estaduais, prefeitos e representantes empresariais estão se mobilizando para cobrar do governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) a não homologação do leilão.

Nesta terça-feira (19), a pedido de gestores municipais e lideranças das cidades que serão afetadas pelos pedágios, o presidente da Assembleia Legislativa, Valdeci Oliveira (PT), coordenou uma reunião em que o leilão foi duramente criticado. Além do alto valor previsto para os pedágios, foi destacado o fato de que apenas uma empresa participou do pregão e ofereceu um deságio de apenas 1,3% do valor previsto em edital, sendo que, em leilões anteriores, consórcios vencedores teriam oferecido até 50% de deságio. Além disso, os presentes apontaram que não houve diálogo por parte do governo sobre o processo.

Após ouvir os participantes, cuja opinião unânime foi a de que há necessidade de o governo reconsiderar o modelo apresentado e não homologar o resultado do certame, Valdeci propôs ponderar junto ao governador Ranolfo Vieira Júnior, com quem tem uma reunião agendada para a tarde de quarta-feira (20), para que este receba uma comitiva representativa – formada por deputados, prefeitos e lideranças empresariais – e ouça as demandas das regiões que serão afetadas.

Caso o resultado seja homologado, o consórcio assumirá a responsabilidade sobre as rodovias ERS-122 (km 0 ao 168), ERS-240 (km 0 ao 33), RSC-287 (km 0 ao 21), ERS-446 (km 0 ao 14), RSC-453 (km 101 ao 121) e BR-470 (km 220 ao 233).

O representante da Associação das Entidades Representativas da Classe Empresarial da Serra Gaúcha (CICS Serra), Elton Gialdo, que reúne 17 municípios, afirmou que o modelo do leilão não foi o mais adequado. “Foi um fracasso. Ficou 60% acima de outras regiões”, disse.

Prefeito de São Sebastião do Caí, Julio César Campani foi um dos que apontou falta de diálogo por parte do governo na questão e disse esperar que a Assembleia Legislativa possa mobilizar a discussão sobre o tema. “Antes as reuniões eram feitas por nós, lideranças locais, com o governador (Eduardo Leite), com a Casa Civil e, embora se ponderasse, o governo não nos ouvia. Agora é o Parlamento, que aprovou muitas reformas do governo Leite/Ranolfo, que está mostrando que está ao lado da sociedade. O que o governo precisa fazer é reconhecer que houve um ato nefasto para a economia do RS e não homologue o edital”, disse.

Valdeci se comprometeu a liderar a busca pelo diálogo para que o governador Ranolfo não homologue o resultado. “Vamos buscar para que o governo os receba o mais breve possível. O que vai acontecer daqui para lá é o diálogo que estamos tentando fazer, essa ponte entre a sociedade e o executivo. O governo, por mais divergência que tenha, precisa ouvir a população. Democracia pressupõe pensar diferente, mas também ouvir para poder dialogar”, disse.

Questionado se acreditava haver maioria na Assembleia com a opinião de que a homologação do leilão não deva ser efetivada, o presidente do Legislativo gaúcho afirmou ser prematuro assegurar isso. “Mas pelo menos dos líderes, dos deputados e deputadas que estavam aqui presentes, vimos que há uma vontade para que o governo, antes de assinar e referendar o leilão, ouça as comunidades. Acho que isso é mais importante. Enquanto presidente vou manter uma postura respeitosa e republicana, mas ponderarei, até o extremo, que o governo os receba”, disse.

Além de Valdeci, participaram da reunião os deputados Pepe Vargas (PT), Tiago Simon (MDB), Carlos Búrigo (MDB), Fabio Ostermann (Novo), Giuseppe Riesgo (Novo), Capitão Macedo (PL), Airton Lima (Podemos), Fran Somensi (Republicanos), Gaúcho da Geral (PSD), Paparico Bacchi (PL) e Issur Koch (PP).

“Em Lajeado, as lideranças emitiram uma carta, também com posição ao Bloco 2 e em solidariedade às localidades (do Bloco 3)”, disse Pepe Vargas. “As contrapartidas exigidas e a conjuntura (econômica) não atraíram outros (consórcios). Não é o momento de homologar”, afirmou Tiago Simon.

Também participaram da reunião representantes dos municípios de Portão, Bom Princípio, Feliz, Montenegro e Capela de Santana.


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