Em junho deste ano, já durante o processo de privatização, a Carris assinou um contrato com a Metalúrgica Sinosfer Ltda. para a reforma da estrutura metálica de cobertura de um estacionamento na sede da empresa que, até 2021, era utilizado para abrigar os veículos da Linha Turismo, que encerrou as atividades naquele ano em razão da pandemia. O valor previsto em contrato é de R$ 95.461,58.
O processo ocorreu em dispensa de licitação, que é o modelo usado para contratações emergenciais. Chama a atenção, contudo, o fato de que o serviço foi contratado em pleno processo de privatização da Carris e em um cenário em que não há nenhuma relação da empresa com a Linha Turismo, uma vez que o serviço foi assumido em agosto deste ano por um operador privado, que não possui contrato para utilizar o espaço.
Além disso, segundo fontes ouvidas pela reportagem, o espaço que está sendo reformado tem características específicas para abrigar os ônibus turísticos, que são diferentes dos demais veículos em operação da companhia. Até ser privatizada, a Linha Turismo da Carris contava com ônibus de dois andares adaptados, sem cobertura na parte superior. As mesmas fontes observam que, após o encerramento da linha, a própria Carris havia desmanchado a cobertura em razão dela ter sido danificada por intempéries e ocasionar risco para quem acessa o espaço.
O contrato estipulava um prazo de 20 dias úteis, a contar do envio da ordem de serviço pela Carris, para a execução das obras. Passados mais de quatro meses da assinatura, o que ocorreu entre os dias 28 e 29 de junho, as obras ainda não foram concluídas.
Procurada pela reportagem, a Carris informou que o espaço vem sendo utilizado para estacionamento de veículos leves da companhia, apresentações e reuniões de colaboradores, feiras e exposições de produtos produzidos por funcionários em datas comemorativas — como Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal, etc. –, campanhas de vacinação contra gripe e covid, além de atividades do SEST/SENAT nas áreas educacionais e de saúde. Eventualmente, também seria utilizado por ônibus da frota que aguardam sua entrada em operação.
“Em relação ao atraso na entrega da obra, a empresa já foi notificada que, conforme contrato assinado, receberá multa diária de 0,3% por dia de atraso”, diz nota encaminhada pela companhia à reportagem.
Já a Metalúrgica Sinosfer reconheceu que a obra está atrasada, o que teria ocorrido devido a contratempos e eventos climáticos. Na resposta enviada ao Sul21 nesta sexta-feira (10), um representante da empresa disse acreditar que a reforma deve ser concluída em até quatro dias úteis.
