Geral
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24 de agosto de 2023
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21:17

Ato em Porto Alegre clama pelo fim da violência policial e do genocídio do povo negro

Por
Duda Romagna
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Manifestação ocorreu na Esquina Democrática. Foto: Joana Berwanger/Sul21
Manifestação ocorreu na Esquina Democrática. Foto: Joana Berwanger/Sul21

O movimento negro realizou, nesta quinta-feira (24), um ato contra a violência policial que atinge pessoas negras e pedindo justiça para casos recentes, como o assassinato do adolescente Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, morto a tiros em uma operação na Cidade de Deus, Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, a mobilização iniciou às 17h30, na Esquina Democrática, no dia que marca o aniversário de morte do advogado soteropolitano Luiz Gama, ícone da resistência negra.

O ato fez parte de uma série de manifestações em todo Brasil, chamada de Jornada Nacional de Luta Pelas Vidas Negras. Entre as reivindicações do movimento estão a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais nos uniformes de policiais para prevenir casos de abuso de poder e violência e a proibição de operações reativas, com caráter de vingança em casos de mortes de policiais e invasões em comunidades.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) sobre o índice de mortes violentas intencionais em todo o país mostram que, em 2022, foram registrados 47.508 casos e 76,5% das vítimas eram negras. Os dados constam da última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Já uma pesquisa realizada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) sobre a abordagem policial em seis territórios da Região Metropolitana de Porto Alegre aponta que ser negro, jovem e ter tatuagem são as três principais características que levam uma pessoa a ser considerada suspeita.

Manifestaram-se durante o ato lideranças de religiões de matriz africana, que lembraram a morte de Maria Bernadete Pacífico, assassinada a tiros no último dia 17, que lutava por justiça ao assassinato de seu filho Binho, morto de forma semelhante em 2017. Entre elas, a ialorixá Iyá Vera Soares, do Centro Memorial de Matriz Africana 13 de Agosto, de Capão da Canoa, que chamou atenção para a frequência dos casos de mortes e violência.

“Não queremos ver o nosso sangue derramado, seja no quilombo, na cidade, na [vila] Cruzeiro, na esquina. Basta dessa violência que todos nós vemos todos os dias, no jornal da manhã, no jornal da noite, um dia sim, outro também. Peço agô, que nos dará diretrizes para que nós possamos mudar essa inércia política”, exclamou a líder.

 

Ialorixá Iyá Vera Soares. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Marcaram presença no ato, o Baba Diba De Iyemonja, coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), o bispo Humberto Maiztegui, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, e outros representantes do Fórum Ecumênico ACT – Brasil. Parlamentares como a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), as deputadas estaduais Laura Sito (PT) e Bruna Rodrigues (PCdoB) e o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) também acompanharam a manifestação.

Na Câmara de Deputados, a parlamentar gaúcha Reginete Bispo (PT) registrou o Projeto de Lei 4.084/2023, que propõe a instituição do dia 24 de agosto como Dia Nacional de Combate à Violência Policial. O projeto tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância de combater o racismo e a violência policial.

O ato foi organizado por representantes da Coalizão Negra por Direitos, do Movimento Negro Unificado (MNU), Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), da União de Negros pela Igualdade (Unegro) e do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma).

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

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