Geral
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5 de agosto de 2021
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14:11

Deputado entrega ao TCE documento com 14 indícios de irregularidades na privatização da Corsan

Foto: Divulgação/Corsan
Foto: Divulgação/Corsan

O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Água Pública, deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) encaminhou, na manhã desta quinta-feira (5), ao Presidente do Tribunal de Contas do Estado do RS,  Cezar Miola, um documento solicitando a investigação de 14 indícios de irregularidades nos processos de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e de regionalização do setor no RS, implementados pelo governo Eduardo Leite. “É preocupante o que está em curso no Rio Grande do Sul, porque muda completamente a forma de gestão do saneamento no estado e o faz de forma açodada. Nenhum ente federado tem um processo tão atrapalhado quanto aqui”, afirmou o parlamentar.

O deputado apontou como principais indícios de irregularidades, a contratação pela Corsan, sem licitação, de escritórios de advocacia, que teriam a função de produzir pareceres favoráveis a colocação de aditivos nos projetos de saneamento já celebrados entre municípios e Companhia, sem a aprovação nas respectivas Câmaras de Vereadores. “São escritórios privados que tentam incidir no debate público, criando uma falsa segurança jurídica”, assinalou. Jeferson Fernandes também citou a criação de cargos de confiança na Corsan, sem lei prévia autorizativa, para atuarem na preparação para a venda da Companhia. “Ampliaram de 3 para 21 os cargos de diretoria, com pessoas escolhidas politicamente para entregar a Companhia à iniciativa privada antes mesmo de haver autorização Legislativa para esta operação”, disse.

O parlamentar também denunciou o fato de um funcionário que ocupou cargo comissionado na Corsan ter gravado para si informações estratégicas antes de deixar a Companhia e ser admitido na Equatorial Energia, empresa que quer comprar a Corsan. “Isso é um escândalo que me foi revelado com detalhes, mas somente com a garantia de sigilo do nome do denunciante por conta da censura adotada pela diretoria da Corsan”, contou Jeferson, referindo-se a outra irregularidade apontada ao TCE: a criação, pelo diretor da Companhia, de um código de censura e ameaça de demissão, para evitar que os servidores denunciem irregularidades no processo de privatização. Jeferson citou ainda o relato de servidores de que estão recebendo propositalmente material insuficiente para fazer a manutenção das redes de água nos municípios, de modo a causar animosidade entre a Companhia e a população local.

Cezar Miola observou que já há representações no TCE em relação à contratação de escritórios de advocacia sem licitação; que já receberam denúncias quanto à contratação de CCs e que há representação no Ministério Público de Contas. “Nossa política é dar celeridade às matérias. Estes expedientes já estão com diferentes encaminhamentos. Alguns, estão com a unidade técnica para mais subsídios, por tratar-se de matéria complexa, com legislação permeada de elementos que não fazem parte da nossa rotina. Suporte técnico é fundamental”, afirmou. Miola disse aind que o TCE “não vai imiscuir nas decisões de natureza política”, mas que isso não afasta a dimensão de que o serviço público deve cumprir finalidades. Vamos trabalhar sempre no sentido da preservação do interesse público e da ordem pública”, assegurou.


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