Educação
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7 de dezembro de 2023
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17:23

Em Gravataí, professores fazem caminhada contra assédio moral e pela saúde mental

Por
Duda Romagna
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Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21

Neste sábado (9), um grupo de professores e professoras de Gravataí realizará uma caminhada para protestar contra o assédio moral a docentes da rede estadual de educação. O ato, que também alerta para o adoecimento psicológico de profissionais e para a importância da promoção da saúde mental, é promovido pelo grupo Saúde Mental na Educação, um coletivo em construção na cidade. A caminhada tem concentração em frente à Igreja Matriz, às 9h30, com destino à 28ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE).

Segundo o Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), as doenças mentais estão entre as principais causas de afastamento de docentes, junto a distúrbios osteomusculares. Para a professora Hilda Jaqueline de Fraga, pesquisadora da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), organizadora do evento, o assédio moral e pedagógico por parte de coordenações e secretarias é um fator crescente que contribui para vulnerabilizar professores.

“O assédio pedagógico é a desautorização da Secretaria de Educação daquilo que é um preceito legítimo dos educadores que é a liberdade de cátedra. Todo professor tem autonomia e liberdade para desenvolver as suas metodologias, os seus modelos e propostas didáticas. Isso também está sendo violentado por conta de um entendimento tecnicista de educação do nosso Estado. Além disso, os professores têm sofrido ameaças, assédio moral e isso tem sido cada vez mais evidente”, relata.

Hilda cita exigências pedagógicas e burocráticas que criam uma sobrecarga de trabalho. “A Secretaria de Educação do Estado vem instituindo um aumento das exigências burocráticas nunca antes vistas no magistério, isso somado à precarização das condições de trabalho dos trabalhadores da educação tem comprometido a saúde não só física como psicológica dos professores, levando a um esgotamento dos educadores”, afirma.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), distúrbios como síndrome de burnout, síndrome de pânico e depressão estão sendo identificados como doenças psicossociais, ou seja, ligadas aos contextos sociais dos indivíduos, entre eles os ambientes de trabalho.

“É preciso que a gente chame atenção para professores que estão em situação de vulnerabilidade, que estão sujeitos a esse tipo de violência, de violação dos seus direitos”, destaca Hilda. “O Estado, por falta de uma política preocupada com a qualidade da educação e também com a formalização do trabalho desses professores, não abre concurso. E quando existe concurso, eles são aprovados e não são chamados”, diz ela sobre a situação dos contratados, que acabam ainda mais vulneráveis.


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