Cultura
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17 de maio de 2023
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15:20

Fechado desde 2005, prédio que abrigará Centro Cultural da Caixa pode entrar em obras neste ano

Por
Duda Romagna
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Estão previstas obras de restauração que criarão um centro cultural, com um teatro, salas de dança, salas de exposição e o hall do cinema. Foto: Luiza Castro/Sul21
Estão previstas obras de restauração que criarão um centro cultural, com um teatro, salas de dança, salas de exposição e o hall do cinema. Foto: Luiza Castro/Sul21
Fotos: Acervo/PMPA

Quem passa pela Rua dos Andradas, a Rua da Praia, no centro de Porto Alegre, está acostumado com tapumes cobrindo parte da fachada de um imponente edifício histórico. O Edifício Imperial, fechado desde 2005, abrigou um dos mais importantes cinemas de rua da Capital gaúcha, o Cine Teatro Imperial. O espaço, que deve se tornar um centro cultural da Caixa Econômica Federal em parceria com o município, tem suas obras adiadas há quase duas décadas. Atualmente, um novo processo licitatório iniciado em fevereiro está em andamento e pode mudar este cenário.

O Cine Teatro Imperial foi inaugurado em 1931, no calçadão da Praça da Alfândega. Com uma luxuosa sala de cinema com 1.632 lugares, o edifício seguia o estilo arquitetônico em maior evidência na época, o art déco, e passou por duas reformas, em 1960 e 1987. Além do cinema, nos anos 1980 os andares superiores do prédio abrigavam apartamentos duplex, sendo considerado um marco da verticalização dos edifícios residenciais na Capital.

Em 2004, o Edifício Imperial foi tombado como patrimônio histórico municipal, com aprovação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico. A partir de um contrato de cooperação firmado com a Caixa Econômica Federal, com duração de 30 anos, foi definido que o espaço seria reformado para alocar um centro cultural. Em 2017, algumas obras foram realizadas, mas logo cessaram. Mais recentemente, em 2021, uma reunião do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, com a direção nacional da Caixa definiu a prorrogação de contratos para as obras, mas estas não se concretizaram.

Em janeiro de 2022, em visita a Brasília, Melo teria recebido a confirmação do reinício das obras, que deveriam começar no mês de setembro, o que também não aconteceu. Já no fim do mesmo ano, o Senado votou pela liberação de um crédito especial de R$ 20 milhões em favor da Caixa.

 

Foto: Mateus Raugust/PMPA

De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos (SMPAE), as negociações com a Caixa iniciaram ainda em 2004, para que o espaço fosse ocupado pela administração municipal, além do espaço cultural da Caixa, os três primeiros andares seriam da Caixa e o restante do município. A obra, ainda segundo a SMPAE, é dividida em duas frentes: a torre com andares de escritórios, prevista para ser entregue até o final de 2023; e a obra do espaço do Cine Teatro Imperial, prevista para levar 18 meses.

A licitação para a obra, entretanto, é de responsabilidade da Caixa, enquanto a Prefeitura acompanhará a execução e o cumprimento dos termos do contrato. A administração municipal afirmou que, a partir da confirmação da retomada das obras, iniciará a definição dos setores que devem ocupar o espaço.

Luiz Merino, arquiteto da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (EPAHC) da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) e mestre em Planejamento Urbano e Regional, afirma que a expectativa é que as partes administrativas da SMC assumam os andares superiores. Ele será o responsável pela fiscalização da obra por parte da Prefeitura quando for feita a licitação.

Estão previstas obras de restauração que criarão um centro cultural, com um teatro, salas de dança, salas de exposição e o hall do cinema. Esse seria mais um espaço da Caixa Cultural, com sedes já localizadas em Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, com acervo artístico e programações culturais. Segundo Merino, duas licitações já foram executadas pela Caixa mas foram interrompidas por problemas com as empresas.

 

Tapumes cobrem parte da fachada do edifício, desocupado desde 2004. Foto: Luiza Castro/Sul21.

“Nas obras anteriores, que a gente acompanhou, foi feito um trabalho de remoções internas dentro da área do cinema porque tinha que haver uma escavação no piso para poder fazer o sistema de ar condicionado, que passa por baixo do piso depois sobe pelo forro, e também para construção de um anexo que vai ter nos fundos do terreno. Isso foi uma parte pesada da obra, a questão da cobertura dessa estrutura. Já foi feita uma restauração do revestimento da fachada e das esquadrias e pisos, isso estava bem adiantado. Estávamos bem esperançosos que avançasse na segunda licitação, infelizmente isso não não prosperou e teve que ser interrompido”, conta o arquiteto.

Procurada pela reportagem, a Caixa Econômica Federal informou, em nota, que a licitação está em curso, na fase de homologação de resultados. Afirmou ainda que as obras de infraestrutura serão realizadas “tão logo seja concluído o processo licitatório”, com duração de aproximadamente 15 meses. A licitação, publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 1º de fevereiro, tem valor estimado de R$ 18.548.222,00 e o término dos lances aconteceu no fim do mês de publicação.

 

Uma parte do prédio está prevista para estar reformada já neste ano. Foto: Luiza Castro/Sul21

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