Da Redação
Dilma Rousseff deveria cobrar Ricardo Teixeira sobre as denúncias de corrupção envolvendo seu nome – e caso não receba resposta, afastá-lo de forma definitiva da organização da Copa 2014. A afirmação é de Andrew Jennings, repórter investigativo da rede BBC que concedeu entrevista ao deputado federal Romário (PSB-RJ).
Andrew Jennings dedica-se há 20 anos a investigar ações criminosas envolvendo o futebol, com especial destaque às denúncias de corrupção envolvendo a FIFA. “Não tenho dúvidas de que a FIFA é uma família do crime organizado e que Joseph Blatter (atual presidente da FIFA) mantém a sua influência distribuindo fartamente ingressos da Copa do Mundo”, diz o repórter britânico durante a conversa com Romário.
A escolha das sedes da Copa do Mundo obedece, segundo Jennings, a um grande esquema de negociatas. Na visão do jornalista, a FIFA movimenta quantias de dinheiro e promove jogos de poder que fariam “corar a máfia italiana”. Andrew Jennings tem autoridade para falar, uma vez que investigou durante anos as ligações internacionais do crime organizado da Itália.
A pressão sobre as cidades-sede e o grande número de exigências feitos pela FIFA são indícios de que a Copa tem sido conduzida de forma duvidosa pela entidade máxima do futebol mundial. “O Brasil precisa resistir à pressão da FIFA”, acentua. ” Poucos fãs fora do Brasil não reconheceriam Teixeira na rua. Aqueles que o conhecem veem um homem que se tornou rico e poderoso explorando o futebol brasileiro e a FIFA”.
Segundo ele, nomes fortes da FIFA receberam propina da empresa suíça de marketing esportivo ISL em troca de contratos envolvendo a marca Copa do Mundo. Os valores pagos como suborno chegariam a US$ 100 milhões. Dois envolvidos no processo confessaram o recebimento de suborno à justiça suíça, restituindo parte do dinheiro em troca da manutenção do sigilo em torno de suas identidades.
Andrew Jennings acredita que é possível provar que essas duas pessoas eram Havelange e Teixeira. A BBC, ao lado de alguns meios de comunicação da Suíça, entrou com um processo pedindo a divulgação das provas colhidas durante a investigação do caso ISL. “Descobrimos que, pela lei suíça, é possível obter um relatório secreto da polícia (sobre o caso)”, diz o jornalista. “Agora temos de convencer um tribunal suíço que é de interesse público a divulgação desta evidência. Isso vai acontecer”, garante.
“É o momento para a presidente Dilma Rousseff tomar medidas para encerrar este escândalo”, acentua Andrew Jennings. “Meu conselho é que ela deve chamar Teixeira e dizer: Por favor, venha ao meu escritório – e traga todo o processo que corre na Suíça com você”. Caso Ricardo Teixeira não faça isso, deve ser “despejado rapidamente” da organização da Copa 2014, junto com seus familiares e aliados. “Há uma abundância de talento no Brasil para substituí-los e produzir um grande torneio com o orçamento disponível”, diz Jennings.
Segundo ele, o Congresso Nacional e o Ministério das Relações Exteriores também têm a obrigação de buscar esclarecimentos. O Ministério Público é outro órgão nacional que decepciona Andrew Jennings, na medida em que ignorou o relatório apresentado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) sobre o assunto. “É do interesse nacional do Brasil saber o que está acontecendo”, acentua o jornalista.
