Areazero
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4 de dezembro de 2014
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20:27

Precariedade na manutenção dos ônibus acarreta em não cumprimento de horários pela Carris

Por
Sul 21
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Por Filipe Castilhos/Sul21
Média de ônibus parados nas garagens da Carris costuma ser superior ao percentual exigido para frota reserva | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Samir Oliveira

O Conselho Municipal de Transporte Urbano (Comtu) realizou uma vistoria nesta quinta-feira (4) na sede da companhia Carris, a empresa pública municipal que opera parte do transporte coletivo em Porto Alegre. A ação foi motivada por sucessivas reclamações de usuários quanto a atrasos em diversas linhas.A direção da Carris confirma que houve uma queda do Índice de Cumprimento de Viagem (ICV), que está atualmente em 87,20% – sendo que a meta mínima é de 92%. A empresa alega problemas operacionais, de gestão e de quadro funcional para o problema e assegura que já está tomando medidas para amenizar a situação.

Foto: Filipe Castilhos/Sul21
Integrantes do Comtu se reuniram na tarde desta quinta-feira com a gerencia operacional da Carris | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

“Detectamos, há uns seis meses, que houve um aumento de perda de tabelas e começamos a mapear os problemas que estavam causando isso”, afirma o presidente da Carris, Sérgio Zimmermann. Ele informa que existem mais de 400 funcionários “encostados” no INSS e mais de 50 ônibus no período final de vida útil – que serão substituídos em janeiro.

Os funcionários da empresa, contudo, denunciam que problemas simples, como a troca de um vidro em um ônibus, deixam carros fora de circulação durante semanas. “Ontem foram três ônibus retidos porque não tinha vidro para trocar. São peças simples, que não precisam de licitação, mas alguns carros chegam a ficar um mês inteiro parados”, lamenta um trabalhador do setor de manutenção da Carris.

Com uma frota total de 371 ônibus, a empresa deve manter pelo menos 15% desse total nas garagens para operar como reserva. O que o Comtu e funcionários reclamam é que constantemente esse índice é superado. “Ontem (3) e terça-feira (4) havia mais de 70 carros parados”, denuncia um trabalhador. O próprio presidente da companhia reconhece esse problema, mas frisa que são casos pontuais. “Isso não ocorre de maneira geral, mas eventualmente temos, em alguns dias, mais carros retidos do que a reserva”, comenta.

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Cobradora da Carris denuncia que bancos não possuem regulagem, o que acaba causando desconforto, dores e doenças aos trabalhadores | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Para o conselheiro do Comtu e motorista da Carris, Luiz Afonso Martins, a precariedade da manutenção dos ônibus acaba fazendo com que ocorram sucessivos atrasos na operação das linhas. “Um grande número de tabelas têm ficado paradas por conta dos carros quebrados. Nossos colegas trabalhadores vêm sendo agredidos pelos passageiros, que não entendem que não é responsabilidade dos motoristas e cobradores resolver esses problemas”, lamenta.

Um funcionário que opera na linha T6 denunciou que nesta semana, por conta da ausência de ônibus, seis tabelas consecutivas, de um total de 22, não foram cumpridas. Cada tabela possui, em média, quatro ou cinco voltas completas pelo itinerário, dependendo da linha operada.

Outra reclamação levada pelos funcionários aos integrantes do Comtu diz respeito às condições de trabalho. Cobradora da linha 510-Auxiliadora, Tamyres Filgueira disse que não existe nenhum planejamento ergonômico nos assentos, o que acaba causando dores, desconfortos e até doenças nos servidores. “Tem várias situações em que a regulagem do banco não funciona. Isso é muito importante, pois passamos até oito horas sentados dentro de um ônibus. Os trabalhadores estão saturados, muitos estão se afastando da empresa, porque infelizmente não existe política de ergonomia”, criticou.

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Atualmente, apenas 87% das viagens dos ônibus da Carris  são realizadas no horário previsto pelas tabelas | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

O presidente do Comtu, Jaires Maciel, informa que o órgão se reunirá na próxima terça-feira (09) para avaliar as denúncias dos trabalhadores da Carris e emitir recomendações ao prefeito José Fortunati (PDT), ao presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, e ao presidente da Carris, Sérgio Zimmermann.  “A população tem problemas quando o ônibus não passa, a pessoa pode perder um emprego por conta de um atraso de 15 minutos. Essas situações preocupam o conselho”, garante.

O presidente da Carris assegura que até o final do ano serão contratados emergencialmente entre 50 e 100 motoristas e cerca de 20 mecânicos. O concurso público que provia esses cargos ocorreu no início do ano, mas está emperrado por conta de contestações na Justiça. Atualmente, a empresa possui 2.160 funcionários, sendo que 1.900 estão na ativa.


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