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24 de agosto de 2012
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17:37

Sul21 recomenda Marighella, Baron Cohen, concertos e saúda a virada do tempo

Por
Sul 21
[email protected]

Milton Ribeiro

A entrada em cartaz de O Ditador e Marighella são mas os principais acontecimentos do fim de semana para o cinéfilo de Porto Alegre. A área musical é que vem surpreendendo por várias semanas consecutivas — ou seja, está deixando de ser uma surpresa — , trazendo espetáculos de alto nível como os três que destacamos em nesta matéria. A previsão é de chuva e de temperaturas cravadas mais ou menos na metade do que se faz sentir nesta tarde senegalesca de sexta-feira, então é bom se programar porque os parques não serão boa opção. Finalmente, o verão acabou, dizem.

E atenção, leitores do Sul21 — principalmente aqueles que moram na grande Porto Alegre. Na próxima segunda-feira sortearemos dois ingressos para o show Música de brinquedo, do Pato Fu.

Todas as sextas-feiras, o Sul21 traz indicações de filmes, peças de teatro e música para seus leitores. Não se trata de uma programação completa, mas apenas de recomendações dos melhores espetáculos que assistimos. O critério é a qualidade. Se você tiver sugestões sobre o formato e conteúdo de nosso guia, por favor, comente.

Cinema – Estreias

O Ditador
(The Ditactor), de Larry Charles, 2012, EUA, 83 minutos


Sacha Baron Cohen surgiu para o mundo no famoso, incorreto e hilariante Borat (2006), filme que era um falso documentário a respeito do jornalista Borat Sagdiyev, que viajava pelos EUA entrevistando sulistas americanos, feministas e figuras da elite. O humor escrachado de Cohen retorna agora em mais uma comédia corrosiva, ofensiva e engraçada. Em O Ditador, Cohen é o almirante-general Aladeen (sim, como nas Mil e uma Noites), um psicótico e narcisista ditador da República Wadiya, no Oriente Médio, odiado tanto por seu povo como por seus assessores mais diretos, entre eles Tamir (Ben Kingsley). Ele, obviamente, é acusado de liderar um programa nuclear e está ameaçado de sanções pela ONU. Mesmo irritado com a pressão ocidental, Aladeen aceita ir aos Estados Unidos para discursar em uma assembleia da Organização a fim de defender a soberania de seu país.

No Cineflix Total 6, às 13h30, 15h25, 17h20, 19h20 e 21h20.
No Cinemark Barra Shopping 3, às 14h20, 17h10, 19h30, 21h50 e 24h.
No Cinemark Ipiranga 5, às 13h30, 15h40, 17h50, 20h, 22h10 e 0h20.
No GNC Iguatemi 2, às 14h30, 17h, 19h10 e 21h10.
No GNC Praia de Belas 4, às 14h30, 16h50, 19h30 e 22h.

Marighella
de Isa Grinspum Ferraz, 2011, Brasil, 100 Minutos


Marighella é um registro documental que percorre não apenas a existência de Carlos Marighella, mas a vida e a militância no Brasil em meados do século XX. Na verdade, a história começa um pouco antes, com os pais do líder comunista soteropolitano, filho de pai imigrante italiano (Augusto Marighella) e mãe negra (Maria Rita do Nascimento), filha de escravos trazidos do Sudão. Marighella chegou a ser deputado, foi preso durante o governo Getúlio Vargas e atuou clandestinamente durante a ditadura de 1964. A diretora é sobrinha do retratado. Ele, durante sua infância, nada soube da vida do tio. Poderia ser um registro enfadonho, mas o relato é por vezes impregnado de humor, porque Marighella — quando clandestino — costumava retornar travestido durante o Carnaval…

No Instituto NT, às 13h45 e 21h25.

Cinema – Em cartaz

360 (***)
(360), de Fernando Meirelles, 2011, Reino Unido / Áustria / França / Brasil, 115 minutos


Após o excelente Cidade de Deus e os bons O Jardineiro Fiel e Ensaio sobre a Cegueira, Fernando Meirelles embarcou num roteiro de Peter Morgan que conta nove histórias de relacionamentos que envolvem infidelidades. As histórias são conectadas e se passam em cidades como Paris, Minneapolis, Viena, Phoenix, Brastislava, etc. Ocorre que 360 está sendo um fracasso de público. Tanto assim que até o diretor quer desembarcar: “Nem posso dizer que 360 seja um filme meu. É mais de Peter Morgan.”  Também disse ter desistido dos “filmes corais”, com muitos personagens em pequenos papéis interligados.  O filme não é de todo mau, a estrutura é interessante, mas fica-se com a impressão de que todas as histórias seriam mais envolventes e dramáticas se fossem desenvolvidas, o que não acontece. Falta profundidade a cada uma delas. O elenco é cheio de estrelas: Jude Law, Rachel Weisz, Anthony Hopkins, mais os brasileiros Maria Flor e Juliano Cazarré. Vale a tentativa.
http://youtu.be/T3YQPMg918w
No Cinemark BarraShopping 7, às 18h50 e 21h20.
No Cinemark Ipiranga 6, às 18h20, 20h50 e 23h30.
No GNC Iguatemi 1, às 15h e 20h.
No GNC Moinhos 3, às 13h45, 16h30 e 21h20.

A primeira coisa bela (***)
(La prima cosa bella), de Paolo Virzì, 2010, Itália, 122 minutos


Bom filme italiano. Bruno Michelucci, professor de literatura em uma escola de hotelaria de Milão, é filho de Anna (Micaela Ramazzotti). Ela fora uma mulher belíssima que provocava embaraços por sua beleza durante a infância emburrada de Bruno (Valério Mastandrea). Em 1971, por exemplo, ela venceu na praia de Livorno um concurso de a Mãe Mais Bela do Verão, provocando ciúmes e desconfiança no marido Mario. A admiração dos homens pela desinibida Anna, provoca a ira do marido, que a expulsa de casa com as crianças. Corte. Adulto, Bruno vive desinteressadamente uma vida sem paixões ou objetivos. Um dia, sua irmã Valeria, que mal o conhece, entra em contato para avisar que a mãe (aqui com Stefania Sandrelli) está sofrendo de uma doença terminal e convencê-lo a ir ver a mãe uma última vez. O roteiro intercala cenas de vários períodos da vida familiar e os personagens não são nada esquemáticos.

No Instituto NT, às 15h35.

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (****)
(The Dark Knight Rises), de Christopher Nolan, 2012, EUA / Grã-Bretanha, 164 minutos


Com O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Christopher Nolan encerra a trilogia iniciada em 2005 com Batman Begins, seguido de O Cavaleiro das Trevas em 2008. Tudo aqui é grandioso, impactante e meio bobo — se pensarmos um pouco a respeito –, porém a tríade de Nolan tem seus méritos, como as boas histórias contadas, a redução dos efeitos especiais e uma direção tão boa que supera a beleza e a falta de carisma de Bale, muito melhor como Batman (com a máscara) do que como Wayne. “Espero que você vá e não retorne”, deseja o mordomo Alfred (Michael Caine) a Bruce Wayne antes que ele volte para salvar novamente Gothan City da, oh!,  “destruição absoluta”. Não imaginamos de onde venha tanto ódio, mas Bane (Tom Hardy) quer incondicionalmente acabar com a cidade e com o herói. Grande novidade… O filme vale pela direção de Nolan e pela humanização de Batman que é, afinal de contas, um ser humano. Pode -se afirmar que é o melhor filme de um gênero menor e também vale lembrar que, para fazê-lo, Nolan voltou às composições de Stanley Kubrick, este sim um autor de Grande Cinema. Escolhemos uma foto de Bale (Wayne) com Anne Hathaway (Mulher-Gato) a fim de servir como tratamento profilático contra qualquer perda auditiva que tenhamos adquirido durante o trovejar constante de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Com elenco extraordinário, todos atuando meio que de brincadeira: Christian Bale, Tom Hardy, Michael Caine, Morgan Freeman, Gary Oldman, Anne Hathaway, Joseph Gordon-Levitt , Juno Temple, Nestor Carbonell, Daniel Sunjata, Matthew Modine.

CÓPIAS DUBLADAS:
Arcoíris Boulevard 2 – (16h20 e 19h30)
Arcoíris Bourbon 2 – (17h30 e 20h40)
Arcoíris Rua da Praia 1 – (13h30, 16h40 e 19h50)
Arcoíris Victória 2 – (13h40. 16h50 e 20h)
GNC Iguatemi 6 – (15h10)
GNC Lindóia 2 – (17h45 e 21h)

CÓPIAS LEGENDADAS:
Cineflix João Pessoa 4 (16h15)
Cineflix Total 4 – (21h55)
Cinemark Barra Shopping 8 – (17h25 e 20h50)
Cinemark Ipiranga 8 – (16h50 e 20h20)
GNC Iguatemi 6 – (18h20 e 21h30)
GNC Praia de Belas 1 – (17h50 e 21h)

Violeta foi para o céu (****)
(Violeta se fue e los cielos), de Andrés Wood, 2011, Argentina / Brasil / Chile, 110 minutos


Violeta Parra, cantora, instrumentista, artista plástica, poetisa, patriota, comunista, mãe, é retratada com sensibilidade e poesia neste filme de Andrés Wood. Ganhador de diversos prêmios, entre eles o de melhor filme do cinema mundial no Festival de Sundance 2012, Violeta Foi para o Céu recupera a figura de uma grande personalidade da América Latina. A atriz Francisca Gavilán tem esplêndida atuação na pele de Parra. Ela se transforma não somente física, mas emocionalmente, no difícil papel da mulher apaixonada e sofrida que foi Parra. Sua vida é mostrada em fragmentos fora da ordem cronológica; no entanto, a narrativa nunca se torna confusa, pelo contrário, o passado ilumina o presente. Um filme difícil de esquecer, baseado no livro de memórias homônimo do filho da artista, Ángel Parra.

No Guion Center 3, às 20h30.
Na Sala Eduardo Hirtz, às 17h10.

Na Estrada (***)
(On the Road), de Walter Salles, 2012, EUA / França / Grã-Bretanha, 137 minutos


Jack Kerouac escreveu a Bíblia beat-hippie On the Road em apenas três semanas de 1951. O fôlego narrativo do romance foi “amenizado” pelos editores da Viking Press. O original estava redigido de forma ininterrupta, sem muitas preocupações com pontuações ou abertura de novos parágrafos. Sucesso instantâneo desde o lançamento em 1957, On the Road foi o principal romance da geração beat e influência para as seguintes. Grande parte de seu frescor e rebeldia estão inevitavelmente perdidos neste Na Estrada, de Walter Salles. Apesar de excelente atuação do grupo de atores e da deslumbrante concepção visual, o filme de Salles parece trazer mais uma camada de amenização a uma história trepidante. A moldura prejudicou o quadro, mas talvez seja adequado também dizer que o filme dividiu os críticos. Simplificando, o filme foi elogiado na França, detestado na Inglaterra e visto como uma boa tentativa nos EUA. Nós decidimos atucanar, ficaremos em cima do muro. Com Kristen Stewart, Amy Adams, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Garrett Hedlund, Alice Braga e Sam Riley.

No GNC Iguatemi 1, às 17h20.
No Guion Center 3, às 18h.
Na Sala Eduardo Hirtz, às 14h40 e 19h20.

Para Roma, com amor (***)
(To Rome with love), de Woody Allen, 2012, EUA / Espanha / Itália, 102 minutos


Estamos mal. Um filme menor de Allen é melhor do que a média dos outros cineastas. Por isso, me dói dizer que Para Roma Com Amor é um longa menor do diretor, mas ainda assim é superior a boa parte das comédias que chegaram aos cinemas nos últimos tempos. É um filme ruim? Não, é engraçado e inteligente, mas aquém de outros trabalhos do cineasta. O mais curioso é a italianidade do filme. Allen abraçou-a como poucas vezes fez em seus filmes rodados em outros países, ou cidades. Talvez só o tenha feito em Match Point (Londres) e Vicky Cristina Barcelona. São quatro narrativas distintas. Na melhor delas, um arquiteto de sucesso, John (Alec Baldwin), de férias na Europa, tem um encontro por acaso com Jack (Jesse Eisenberg), um estudante de arquitetura. Não demora para que o primeiro comece a dar conselhos amorosos ao rapaz, que se vê envolvido em um triângulo amoroso com a namorada (Greta Gerwig) e a melhor amiga dela (Ellen Page). Outro segmento traz o próprio diretor como seu personagem favorito: o paranoico e fracassado especialista em um segmento cultural. No caso, um produtor de óperas incapaz de realizar um sucesso sequer devido às suas ideias transgressoras. Num outro, Roberto Benigni vive um romano trabalhador de classe média, Leopoldo Pisanello. Um dia ele sai na rua e é abordado pela imprensa, que decide investigar cada aspecto de sua vida. Há outra história em que Penélope Cruz é uma prostituta. O resultado seja agradável e divertido — dá vontade de passar algum tempo em Roma! — , mas fica a sensação de que foi realizado para cumprir tabela. Mas é um Allen autêntico, sem dúvida. O elenco é sensacional: Ellen Page, Woody Allen, Jesse Eisenberg, Penélope Cruz, Alec Baldwin, Alison Pill, Greta Gerwig, Roberto Benigni, Ornella Muti e Judy Davis.
http://youtu.be/3JeuI8PKF0M
No GNC Moinhos 3, às 19h.
Na Sala Paulo Amorim, às 16h10 e 18h.

As Idades do Amor (***)
(Manuale d’am3re), de Giovanni Veronesi, 2011, Itália, 125 minutos


Da série de filmes italianos Manuale d’Amore, só o primeiro, Manual do Amor (2005) chegou ao Brasil. Este terceiro filme chega a nós por uma simples razão: há Robert De Niro no elenco. Porém, segundo a concepção envergonhadamente egoísta e machista deste que vos escreve, De Niro não interessa. Ora, um filme com Monica Bellucci é algo que não se discute — a gente vai, gosta, sonha e pronto. Mas devemos ser sérios e deixar claro que As Idades do Amor não é um grande filme. É uma comédia italiana apenas simpática que trata sobre as diversas fases do amor. É um tríptico. Em Juventude, Roberto é um jovem e ambicioso advogado que está prestes a se casar com Sara. Extremamente organizado em sua vida, ele começa a perder o controle da situação quando conhece Micol, bela e provocante mulher de uma pequena vila na Toscana. Em Maturidade, Fabio é um apresentador de televisão. Marido perfeito há 25 anos, ele encontra Eliana, uma mulher cheia de surpresas. Em Além, Adrian é um professor americano de História da Arte que se muda para Roma após o divórcio. Ele é amigo de Augusto, porteiro do prédio onde mora e cuja bela filha (la Bellucci) está prestes a quebrar sua existência pacífica. O professor americano é Robert De Niro que demonstra dificuldades não apenas com a língua italiana, mas em adaptar-se ao gênero de filme proposto por Veronesi.

Na Sala Norberto Lubisco, às 19h30.

A Guerra dos Botões (***)
(La Guerre des Boutons), de Yann Samuell, 2011, França, 109 minutos


Na literatura e no cinema, A Guerra dos Botões é um grande clássico infanto-juvenil. O livro de Louis Pergaud foi lançado na França em 1913, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. A primeira adaptação para o cinema é de 1936, dirigido por Jacques Daroy. Há uma versão inglesa: War of the Buttons, de John Roberts, de 1994. Mas a mais famosa, que se tornou tão clássica quanto o próprio livro, é a dirigida por Yves Robert, de 1962, em preto e branco. Esta nova versão de Yann Samuell traz a ação para o ano de 1960, em que os botões já não eram a única forma de fechar as roupas. Sem revelar muito o enredo, vamos à trama: dois grupos de meninos entre 7 e 14 anos, de duas aldeias vizinhas, cultivam uma rivalidade histórica, que seus avós, pais e irmãos mais velhos também cultivaram.  E promovem verdadeiras batalhas. Vale usar estilingues, paus e tudo o que emporcalhe o moral e as roupas. Um dia alguém inventa uma tática mortalmente efetiva — os adversários capturados recebem a punição de ver cortados todos os botões de suas roupas, deixando-os com as roupas caindo e, pior, com a perspectiva de um castigo em casa. Uma grande história juvenil — do mesmo nível dos romances de Twain e de Os Meninos da Rua Paulo — que vale a pena conhecer.

Na Sala Norberto Lubisco, às 14h30.

Habemus Papam (****)
(Habemus Papam), de Nanni Moretti, 2011, Itália / França, 102 minutos

O novo papa eleito (Michel Piccoli) sofre um ataque de pânico no momento em que deveria aparecer na varanda da Praça de São Pedro para saudar os fiéis, que esperaram pacientemente o veredito do conclave. Seus conselheiros, incapazes de convencê-lo de que é o homem certo para o cargo, procuram a ajuda de um conhecido psicanalista ateísta (Nanni Moretti). Trata-se de uma situação extremamente tensa! Algo que apenas o cardeal poderá enfrentar! O que fazer? O papa assume ou não o cargo? A imprensa de todo o mundo pressiona para saber o nome do eleito! Sempre inteligente e engraçado, Moretti faz uma comédia que ironiza religião e psicanálise. O novo papa é interpretado pelo notável Michel Piccoli, que dá vida à psicologia muito especial do cardeal Melville. Moretti: “As pessoas esperavam um filme denúncia sobre as atrocidades do Vaticano. Todos conhecemos os escândalos financeiros, a pedofilia que grassa e a crise de autoridade da igreja. Estes são bons motivos para falar de outro ponto de vista, de fazer uma comédia de uma perspectiva mais filosófica e humana do que religiosa”.

No Instituto NT, às 17h35.

Exposições e Artes Plásticas

Em trânsito, exposição de Maristela Salvatori
De 30 de agosto a 6 de outubro
Espaço de Artes da UFCSPA – Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Rua Sarmento Leite, 245

Em trânsito apresenta um recorte em uma série recente de imagens que mesclam procedimentos técnicos tradicionais e tecnologias digitais, sobrepondo e/ou justapondo recursos da gravura em metal, da monotipia sobre metal, da fotografia, bem como da manipulação digital de imagens, da impressão artesanal e da impressão com jato de tinta. Esses trabalhos, que realizei no Canadá enquanto bolsista CAPES de Estágio Sênior, têm como referência instantâneos fotográficos de momentos e locais bastante diversos. Grande parte dessas imagens foi captada em Québéc, onde residi no período, mas também aproveitei apontamentos anteriormente coletados (no México, Guatemala, Veneza, Paris, Porto Alegre, Portugal, Missões Jesuíticas do Rio Grande do Sul…). São registros de universos urbanos que foram empregados como pontos de partida e que ainda foram explorados tecnicamente através de processos fotomecânicos e aproximados por suas afinidades ou mesmo diferenças. Silêncio e melancolia traduzidos em vazios, grandes planos, repetições e fragmentos seguem povoando meu imaginário. Nesta seleção composta de paisagens, gravuras em metal, concretizadas nas tradicionais técnicas de água-forte e água-tinta, são apresentadas ao lado de fotogravuras em polímeros, estas últimas transcrevendo os registros fotográficos após tratamento digital, e incorporando, assim, a própria fotografia ao trabalho. Tais registros, até então, serviam apenas como referência. Nesses cruzamentos, que deixam vestígios de seus processos, desdobram-se novos significados. Como bem aponta Edmond Couchot, se por um lado o criador “controla e manipula as técnicas”, por outro é “modelado por elas”, vivendo assim “uma experiência que transforma sua percepção de mundo”. (Maristela Salvatori)

Idades Contemporâneas
No MAC da Casa de Cultura Mario Quintana, na Andradas, 736
Segundas, das 14h às 21h; terças, das 9h às 21h e sábados e domingos, das 12h às 21h.
Até 7 de outubro

Idades Contemporâneas é a coletiva promovida pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC/RS), que inaugura no dia 23 de agosto (quinta-feira), às 19h, nas galerias Sotero Cosme e Xico Stockinger, ambas na Casa de Cultura Mario Quintana, trazendo a produção contemporânea de mais de 60 artistas, de diferentes gerações, mostrando suas visões de mundo, cujas obras serão incorporadas ao novíssimo acervo da instituição. Serão intervenções urbanas, vídeos nas redes sociais e o filme feito por Átila Ferrarez e Gabriel Gambá, da agência GAD’Red, que adotou o museu e criou o lema “Difícil é entender o mundo contemporâneo/ A arte contemporânea nem tanto”. Ana Zavadil, Paula Ramos, Paulo Gomes e Marcelo Gobatto assinam a curadoria deste projeto, para o qual tiveram a liberdade de convidar artistas de diferentes gerações e linguagens.

Katia Costa -- Séries Retratos | Divulgação

Entrelínguas
Espaço de Cultura Mario Quintana da Casa de Cultura, na Andradas, 736
Segundas, das 14h às 21h; terças, das 9h às 21h e sábados e domingos, das 12h às 21h.
Até 9 de setembro

Organizada pela artista Francis Silva, de Pelotas, que assina a curadoria com José Luiz de Pellegrin, esta exposição apresenta parte do acervo do projeto, com obras realizadas entre 2009 e 2011. Caracterizam-se pelas experiências não habituais entre os artistas participantes: um artista propõe a obra por meio de um projeto descritivo e outro artista o executa. A configuração traz uma forma dinâmica e contemporânea de intercâmbio cultural, envolvendo artistas de diferentes nacionalidades:
– Proposta de Fernando Mauro Pietrapertosa (Argentina) realizada por Mário Schuster (Pelotas).
– Proposta de Daniel Naranjo (Caldas/Colômbia) realizada por Marcelo Calheiros (Rio Grande/Cassino).
– Proposta de Edegar Mendes da Silva (Maputo/Moçambique) realizada por Vivian Herzog (Pelotas).
– Proposta de Violetha Vite Alvarez (México) realizada por Zeca Nogueira (Pelotas).
– Proposta de Fernán David Mejía Ceballos (Colômbia), realizada por Francis Silva (Pelotas).
– Proposta de Sol Benavente Molina (Santiago do Chile) realizada por Zenilda Cardozo (Porto Alegre).
– Proposta de Sebastián Rivera Ruiz (Colômbia) realizada por Zeca Nogueira, José Luiz de Pellegrin e Francis Silva (Pelotas).
– Proposta de Mario Reyes (México) realizada por Helene Sacco (Pelotas).
– Proposta de Aurora Zanabria (Equador) realizado por Ângela Farina.

Arte + Arte – Liberdade Contemporânea
Na Galeria Augusto Meyer da CCMQ, na Andradas, 736
Segundas, das 14h às 21h; terças, das 9h às 21h e sábados e domingos, das 12h às 21h.
Até 9 de setembro

A Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, em parceria com o IEAVi, promove coletiva, que em sua 9ª edição, propõe o conceito de “liberdade contemporânea” para instigar 22 artistas em suas criações poéticas. “Os trabalhos não precisam estar inseridos em modalidades específicas. Os limites entre as linguagens da arte contemporânea são tênues ou inexistentes e podem indicar múltiplas relações”, ressalta Ana Zavadil, do Departamento Cultural da entidade. “A arte e liberdade andam juntas e devem construir discursos diferentes na imaginação dos artistas,” conclui. Participam da mostra: Adriani Araujo, Amo, Angela Zaffari, Antônio Augusto Bueno e Luis Filipe Bueno, Carla Meurer Magalhães, Cinthia Sfoggia, Débora Piva, Fabiano Mendes, Graça Marques, Ío, Leonardo Loureiro, Magna Sperb, Márcia Haesbaert, Marisa Grahl, Maristela Winck, Neca Sparta, Rogerio Livi, Selir Straliotto, Tatiana Steter, Tigo Weiler e Walter Karwatzki. Integraram a comissão de seleção, a artista visual e fotógrafa Kátia Costa, a artista visual Alexandra Eckert, representando a Associação de Ceramistas do RS e a mestre em artes Isabel de Castro, representando a Bienal B.

Tempo de Almanaque
No Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
Andradas, 1223. De terça à sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 11h às 18h.
Até 12 de setembro

A exposição Tempo de Almanaque tem como base o acervo da pesquisadora e escritora cuiabana Yasmin Nadaf. Além de fazer uma viagem pelos almanaques que durante décadas divulgaram a existência de produtos como o Dinamagenol, o Elixir Nogueira, o Petrolovo e o Sabonete Orgel, o público vai poder conhecer as revistinhas de farmácia que compõem a coleção e foram publicadas entre o período de 1902 até 2009. Editados no Brasil no século XIX, os almanaques de farmácia eram os veículos de publicidade de medicamentos produzidos por laboratórios farmacêuticos, que prometiam saúde e beleza. As “revistinhas” cumpriram durante décadas a função de informar e entreter até mesmo nos espaços de maior carência cultural do Brasil.

Daniela Lompa Nunes
Gravura Galeria de Arte
Cel. Corte Real, 647. De segunda a sexta, das 9h30 às 18h30. Sábados, das 9h30 às 13h30.
Até 1º de setembro

Porto-alegrense, arquiteta de formação, Daniela especializou-se em design gráfico e identidade visual. Depois fez cursos de Artes Visuais e de Desenho, Pintura e História da Arte. Atualmente, mantém ateliê e trabalha regularmente com pintura, desenho e fotografia. Daniela foi uma das artistas selecionadas pela Gravura no edital para novos artistas e participou da mostra coletiva “Criações Inusitadas”, ambos realizados em 2011. Agora, recebeu o convite para essa exposição individual, batizada de “Era uma vez”, em que apresentará em torno de 20 obras, de pequenos a grandes formatos, nas quais mistura técnicas diversas, como pintura acrílica sobre tela, monotipias, colagens e transferências. O trabalho de Daniela é influenciado pelo grafite e pela arte contemporânea. Desde muito cedo, ela se encantou pelas ilustrações dos livros infantis, que tentava reproduzir no papel, assim como a beleza das flores dos pessegueiros do fundo do quintal de sua casa.

O “outro” na pintura de Iberê Camargo
Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2000)
Até 10 de março de 2013

O outro na obra de Iberê Camargo apresenta ao público visitante a alteridade na produção do artista gaúcho. Propõe-se uma desconstrução do estereótipo do excesso e da tonalidade sombria que cerca a produção de Iberê, ao mostrar que sob o “caos” pictórico está a ordem construtiva deste processo. Entre os momentos em que  configura-se este outro, a curadora Maria Alice Milliet destaca as vielas de Santa Tereza, os objetos alinhados sobre a mesa, o raio de sol sobre a parede do ateliê. Logo, estes elementos dão lugar à ebulição do pigmento característica. A ideia da duplicidade já habitava os pensamentos de Iberê Camargo. No mês em que faleceu, março de 1994, o artista escreveu o conto “O duplo”, em que narra em primeira pessoa uma perseguição protagonizada pelo  outro.  Assim, ele constatou seu próprio medo em encarar-se: “Falta-me coragem para ver o outro que vive fora de mim”, termina a pequena história. Procurar o não visível na obra de Iberê se torna um desafio proposto pela exposição, que tem como fio condutor as afinidades que o artista desenvolveu durante a vida e que se apresentam em sua produção.  O conjunto contempla 69 obras e é guiado por estas diferentes formas de proximidade. A pintura metafísica de Giorgio de Chirico e a construção geométrica de André Lhote exemplificam estas similaridades, mas foi com a obra de Giorgio Morandi que Iberê estabeleceu um íntimo diálogo. Esta relação afinada se construiu a partir de gravuras e pinturas nas quais Iberê apresentou objetos comuns de maneira solene, valorizando processos pessoais e sensoriais na produção artística.  Apropriar-se de um olhar diferente para a pintura de Iberê é a provocação lançada na exposição. Até 10 de março de 2013, o público terá a chance de exercitar a percepção crítica sobre o trabalho do artista, e desenquadrá-lo dos parâmetros aos quais comumente pode ser associado.

Música

Obras de Dimitri Cervo para piano e quarteto de cordas
No StudioClio – Instituto de Arte & Humanismo, Rua José do Patrocínio, 698
Dia 24 de agosto, sexta-feira, às 20h30

P R O G R A M A

— Improviso (sob temas da Abertura Brasil 2012) – piano solo
— Série Brasil 2000 nº 6 – piano e quarteto de cordas
— Série Brasil 2000 nº 8 – piano e quarteto de cordas
— Quarteto de Cordas nº 1, op. 41, (1ª. audição)
— Série Brasil 2010 nº 4, piano e quarteto de cordas

Formação:
Dimitri Cervo, piano
Elena Romanov, violino I
Ariel Polycarpo, violino II
Cosmas Grieneisen, viola
Philip Mayer, violoncelo

Foto: Débora Zandonai (Blog do Mimo)

Duo Calveyra / De Olaso
Dia 26 de agosto, domingo, às 18h
No Santander Cultural – Rua Sete de Setembro, 1028

O Santander Cultural, em Porto Alegre, recebe no dia 26 de agosto o flautista e cornetista Rodrigo Calveyra e o cravista espanhol Manuel de Olaso. O duo apresenta o recital Poema Harmônico, com obras do período barroco de J. S. Bach, Palestrina e Frescobaldi, dentre outros.

Ingressos no local: R$ 10,00
Venda remota: Call Center 4003-1212

Duo Calveyra / De Olaso | Foto: SECOM / Prefeitura Municipal de Canoas

Ospa — 16º Concerto Oficial
No Auditório Dante Barone (Assembléia Legislativa), Praça Marechal Deodoro, 101
No dia 28 de agosto, às 20h30
Entrada franca

PROGRAMA
Paul Dukas: Fanfarra para preceder La Péri
Richard Strauss: Serenata para Sopros
Igor Stravinsky: Sinfonias para Sopros
David Gillingham: Waking Angels
Edson Beltrami: Suíte cp200

REGENTE: Dario Sotelo

O regente Dario Sotelo | Foto: Flickr

Concerto solo de cravo de Fernando Cordella
Dia 29 de agosto, quarta-feira, às 19h
Na UFCSPA – Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Rua Sarmento Leite, 245

— Frescobaldi (1583 – 1643): Toccate e partite d’intavolatura di cimbalo. Libro Primo,
— D. Zipoli (1688 – 1726): Sonate d’intavolatura in Re minore, Roma 1716 **
— F. Couperin (1668 – 1733): Second Livre de Pièces de clavecin. Sixième Ordre, Paris 1716-17 – Les Baricades Mistérieuses
— Duphly (1715 – 1789): Premier livre de pièces de clavecin. Paris, vers 1744 – Rondeau
— J. S. Bach (1685 – 1750): Coral da Cantata BWV 147 “Jesus bleibet meine freunde” e Prelúdio em Dó Maior BWV 846
— D. Scarlatti (1685 – 1757): Sonata em Ré Menor K. 64 (L.58) e Sonata em Dó Maior K. 159 (L.104).
— Händel (1685 – 1759): Suite No.7 in G minor, HWV 432 /Suite de pièce in G minor, Vol 1 No 7 (1720) – Passacaille em Sol menor

Foto: Débora Zandonai | Divulgação
Teatro

O Bom, o Mau e sua Esposa
No Bar Teatro Opinião, José do Patrocínio, 834
Sextas e sábados, até 20h. Até 28 de setembro

O Bom, o Mau e a sua Esposa conta a história de um casal em crise. A esposa, desconfiada da traição do marido, pede a Deus que a ilumine e aponte uma solução para o seu desgastado casamento. Inesperadamente, o Todo Poderoso decide atendê-la e lhe passa uma missão que irá resultar numa grande descoberta. A comédia musical O Bom, o Mau e a sua Esposa apresenta uma reflexão alegre e diferencialmente profunda, característica do autor Antônio Costa Neto. Toninho, como é conhecido, também é o autor de A Verdadeira História de Édipo Rei, Cem Modos (O diabo, Conflito dos Bonecos, Ballet das Pedras) e de dois livros de humor (um romance e uma coletânea de crônicas), além de roteiros para televisão e teatro.

Procura-se Um Par Ideal
Teatro Hebraica (João Telles, 508)
Sextas, às 21h. Até 31 de agosto

“Angélica é uma pacata mulher que vive com seu sogro cadeirante, Sr. Antônio, e com Carlos, seu marido”. Ela julga ter uma vida feliz até que Carlos a abandona e deixa seu próprio pai aos cuidados da ex-esposa. Desolada, com um sogro nem tanto amigável, Angélica começa uma busca pelo seu par ideal. O público acompanha essa busca, sendo convidado a pensar nas frágeis relações do cotidiano. “No palco, os fatos parecem distantes da vida real, mas o espectador que não se engane, o que acontece diante dos seus olhos é inspirado em muitas histórias reais”, diz a diretora Daniela Lima. Com Abramo Petry, Daniela Lima, Fabrício Miranda, Roberto Wilodre, e Suka Su.


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