Noticias|Últimas Notícias>Política
|
12 de julho de 2011
|
19:24

Pagot nega denúncias no Senado e preserva governo

Por
Sul 21
[email protected]
Pagot nega denúncias no Senado e preserva governo
Pagot nega denúncias no Senado e preserva governo
Pagot no Senado: a minha capacidade de trabalho ninguém irá tirar (Foto: Agência Brasil)

Rachel Duarte

De Brasília


“Claro que ele volta”, disse o senador Blairo Maggi (PR-MT) sobre a situação do diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luís Antônio Pagot. Em férias, o diretor ainda está a frente do cargo, mas atendeu à  convocação da oposição nesta terça-feira (12), a fim de prestar explicações referentes às denúncias levantadas contra o Ministério dos Transportes no Senado Federal. O gesto foi interpretado pelos senadores do DEM e do PSDB como uma tentativa de salvar a própria pele, diante da possibilidade de demissão.

Depois de entrar em detalhes e responder a mais de 20 senadores, Luiz Antonio Pagot não surpreendeu a oposição, que já aguardava por uma mudança no discurso do diretor. “O senhor está sendo utilizado como bode espiatório. O senhor pode usar este espaço para se defender. As suas respostas podem vir a favor do senhor mesmo. Nós só queremos saber quem são os autores destes casos de promiscuidade neste ministério. Quem comandava?”, perguntou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Quando das primeiras manifestações na semana passada, assim que a revista Veja publicou informações vazadas de uma reunião entre o Dnit, o Ministério dos Transportes, empresas de engenharia e a presidenta Dilma, Pagot fez referência à participação do PT na suposta fraude e disse que estava obedecendo ordens.  Ele chegou a citar o nome do ex-ministro do Planejamento e atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, como um dos negociadores do esquema.  “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”, disse. Na audiência, ele reconheceu a frase dita, mas evitou falar quem seria o (a) mandante das determinações. “Eu tenho um enorme respeito pelo  ministro Paulo Bernardo. O nome dele não aparece em nenhuma apuração feita até agora. Eu respeito este governo para o qual trabalho”, disse. E complementou: “O ministro Paulo Bernardo nunca me exigiu e nunca pediu nada. Nem obra em Maringá, sua cidade. Quem vinha falar comigo sobre obras em Maringá era o prefeito Silvio Barros”.

O diretor manteve-se calmo durante todo o tempo e disse que a reunião com Dilma foi devida à preocupação da presidenta com as obras de infraestrutura ligadas ao seu principal programa de governo, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Por esta razão e por seu perfil de gestora exigente, teria solicitado a reunião para cobrar efetividade e melhorias em algumas obras.

Às acusações sobre o superfaturamento de algumas licitações e a concessão de aditivos em benefício de empresas responsáveis por campanhas eleitorais, Pagot respondeu que “o Dnit nunca utilizou aditivos em beneficio do PR. Mas que sobre doações de campanha “deveriam falar com os presidentes dos partidos”.

Segundo Pagot, o Dnit é extremamente fiscalizado. Ele citou que a Controladoria da União abre mais de 300 processos por ano para acompanhar as obras. “Neste momento são 1.156 mil contratos de obras. Boa parte auditada pelo Tribunal de Contas da União. Eventualmente, existe algum desequilíbrio nos preços e corrigimos”, assegurou.

O diretor aproveitou para criticar a imprensa que, segundo ele, inventou várias declarações suas e assim como lugares onde jamais esteve. Segundo Pagot, na maré de divulgação da nova crise do governo Dilma, entram fatos que já estão vencidos juridicamente e em que os acusados já estão sendo punidos. “Nós não tomamos sermão da presidenta. Ela falou conosco como fala sempre em outras reuniões”, disse.

Pagot disse que aguarda pelas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal na esperança de se manter na sua função. “O futuro eu não sei. A presidenta Dilma tem o poder de dizer se eu fico ou não na direção do Dnit, mas a minha capacidade de trabalho ninguém irá tirar”, falou na única vez que elevou o tom da voz. E complementou dizendo não ver problema se for demitido na volta das férias: “estou doido para voltar para a iniciativa privada”.

Para o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), as investigações, bem como as novas indicações de Dilma para o Ministério dos Transportes, demonstram que “tudo ficará como dantes, no quartel de Abrantes”.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora