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30 de dezembro de 2016
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17:15

Fortunati dá calote em grupos da Usina e deixa dívida para o próximo prefeito

Por
Sul 21
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Inaugurado em 1999, espaço na Usina do Gasômetro poderá fechar temporatiamente por falta de funcionários| Foto: Guilherme Santos/Sul21
Inaugurado em 1999, espaço na Usina do Gasômetro sofreu ameaça de fechamento por falta de funcionários| Foto: Guilherme Santos/Sul21

Do Dossiê Palcos Públicos de Porto Alegre

Três dias antes de encerrar sua gestão, o prefeito José Fortunati mantém aberta uma dívida de R$ 52 mil com os grupos residentes da Usina do Gasômetro. Os pagamentos são parte das atribuições do poder Executivo com os vencedores do edital Usina das Artes, cujos contratos de 2016 iniciaram em junho.

Um levantamento feito pelo Dossiê Palcos Públicos de Porto Alegre, baseado em informações do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos de Diversões do Rio Grande do Sul (Sated-RS) e confirmados pela direção da Usina do Gasômetro, mostra que a prefeitura quitou apenas 17 das 46 notas fiscais emitidas pelos grupos – portanto, 29 parcelas, de R$ 1,8 mil cada, ficarão para a próxima gestão, uma vez que os bancos não operam nesta sexta-feira, 30 de dezembro. É quase 70% do total prometido pelo edital.

A maior dívida é com a companhia de Flamenco Silvia Canarim, que recebeu apenas um pagamento ao longo da vigência do edital. O valor devido é de R$ 9 mil. Já a Cambada de Teatro Levanta Favela tem a receber ainda uma parcela, entre as notas emitidas, no valor de R$ 1,8 mil.

O Secretário Municipal de Cultura, Roque Jacoby, informou que todos os encaminhamentos possíveis já foram feitos pela Secretaria Municipal de Cultura, e que o assunto agora está nas mãos das secretarias do Planejamento e da Fazenda.

Um dos grupos do projeto, a Eduardo Severino Cia de Dança relata que está há seis meses sem receber a ajuda de custo prevista. “No entanto, continuamos cumprindo com todas atividades artísticas que propusemos para o edital”, destaca o bailarino e coreógrafo Eduardo Severino.

Para suprir essa carência, a companhia conta com doações de papel higiênico, lâmpadas, material de limpeza, água potável e fita para linóleo. “Isso de certa maneira nos sobrecarrega, sobretudo quando não recebemos a ajuda de custo para administrar e desenvolver nosso trabalho artístico”, lamenta o bailarino.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Chamada para Usina das Artes, no Gasômetro, ficou para 2017 | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Limpeza e segurança também foram reduzidas

Além de problemas já relatados anteriormente – como a falta de ar-condicionado, cuja manutenção não é feita há três anos – os grupos se preocupam com a redução nas equipes de limpeza e segurança do edifício.

Segundo Severino, “o quadro de limpeza foi enxugado”, e hoje há apenas quatro pessoas para limpar todas as salas e demais dependências do Gasômetro.

Na segurança, são apenas dois guardas municipais para cuidar de tudo. “Aquele lugar virou terra de ninguém. Temos sorte de não ter acontecido algo pior lá dentro”, completa.

Novo edital ficou para 2017

Outro temor da classe artística de Porto Alegre se confirmou neste final de ano: a próxima chamada para o Usina das Artes ficou mesmo para 2017, rompendo com uma regra adotada desde o início do projeto de lançar sempre o edital seguinte no final do ano anterior ao de sua vigência.

Embora a Secretaria Municipal da Cultura já tenha garantido a continuidade de todas as ações culturais atualmente abrigadas na Usina do Gasômetro – inclusive com a entrega de estudos para realocação dos grupos durante a já anunciada reforma do espaço – os artistas tem motivos para desconfiar.

Conforme o edital atualmente em vigor, os dez grupos contemplados tem garantia de permanência na Usina do Gasômetro até o dia 31 de maio de 2017. E segundo a previsão do atual diretor do espaço, Renato Wieniewski, as obras devem começar “no meio do ano”, com previsão de entrega de 12 a 18 meses depois. Ou seja, a vigência do atual edital vai coincidir com a data em que a Usina do Gasômetro será fechada para reformas.

Levantamento feito em dezembro de 2016 mostra situação das contas do projeto | Fonte: Dossiê Palcos Públicos
Levantamento feito em dezembro de 2016 mostra situação das contas do projeto | Fonte: Dossiê Palcos Públicos

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