Jaqueline Silveira
Servidores da Fundação Zoobotânica (FZB), representantes da ONG Instituto Curicaca e pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) bateram à porta da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente da Capital, na tarde desta quarta-feira (30), com o fim de pedir apoio contra a extinção da FZB. A instituição está entre as fundações previstas para serem extintas no pacote do governo José Ivo Sartori (PMDB) enviado à Assembleia Legislativa. O projeto deverá ser votada pelos deputados antes do recesso.
Diretor técnico da Curicaca, Alexandre Krob enfatizou que a FZB, inclusive, subsidia o Ministério Público em questões ambientais, como no caso no zoneamento da silvicultura. “Se a função for extinta, esse suporte não estará disponível”, observou ele. Apesar de o MP ter técnicos para fazer o trabalho, segundo Krob, eles não conseguem atender toda a demanda, e a FZB, enquanto fundação pública, tem condições de auxiliá-lo. A ONG, informou o diretor técnico, irá encaminhar um conjunto de questionamentos à Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre sobre a contribuição da FZB com o trabalho do Ministério Público. O documento, depois, será usado como reforço para convencer os deputados a votarem contra a extinção da fundação.
“Nós temos uma posição bem clara: contrária à extinção da fundação”, afirmou a promotora Ana Marchesan, após a reunião com o grupo, enfatizando que representava a posição da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre e não a instituição MP. Ela destacou que a FZB tem um quadro técnico de alto nível e faz “trabalhos indelegáveis”, já que seus servidores têm “expertise” para desempenhar tais atividades. A FZB é de fundamental importância, segundo Ana, pelo trabalho, entre outros, na elaboração das listas da fauna e da flora em extinção no Rio Grande do Sul, pelo estudo e planos de manejos de baixo custo e por ser responsável pela preservação da biodiversidade do Estado. També é de responsabilidade da fundação a elaboração de laudos paleontológicos que subsidiam o MP. As atividades hoje desempenhadas pela FZB, conforme o governo do Estado, passariam para a Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Na opinião da promotora, a secretaria não tem condições de desempenhar todo esse trabalho, uma vez que a pasta não tem número de técnicos suficientes para as atividades. A representante do MP também demonstrou preocupação com o futuro do Parque Zoológico de Sapucaia do Sul, o Museu de Ciências Naturais e o Jardim Botânico, vinculados à FZB. “Não temos clareza em relação a tudo isso (patrimônio)”, concluiu Ana.
No domingo à tarde, servidores da FZB e de outras fundações, além de ambientalistas, irão fazer um ato na rua, em frente ao Jardim Botânico, contra os projetos do governo Sartori.
