Lasier Martins questiona existência de oligopólios e atribui grandes grupos midiáticos à “competência”

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Lasier foi o segundo candidato ao Senado a ser entrevistado | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Débora Fogliatto

O candidato ao Senado pelo PDT, Lasier Martins, participou nesta quarta-feira (27) de entrevista coletiva na Federasul, onde se apresentou como um candidato “novo na política” e que pode trazer contribuições ao Estado. Ele falou sobre suas opiniões para melhorar o país, sua trajetória como jornalista que foi para a política, a regulamentação da mídia, o pacto federativo e a disputa eleitoral para presidência. Após a coletiva, deu uma palestra a empresários durante o almoço e respondeu a perguntas do público.

Lasier também deu a entender que, caso não seja eleito, não pretende concorrer a outros cargos — embora seja sua primeira eleição. Questionado sobre o que faria caso perdesse, se voltaria ao jornalismo ou tentaria nos próximos anos, o candidato afirmou que “se eu não tiver a felicidade de ser eleito, não vou mais”, completando em tom de brincadeira que pediria “ajuda” aos jornalistas presentes para conseguir emprego.

O candidato fez ponderações sobre a entrada de Pedro Simon (PMDB) à disputa pelo Senado, colocando que sua participação “classifica muito a concorrência”, mas acredita que o senador “já fez o que tinha que fazer pelo Rio Grande do Sul”. Ele aproveitou o questionamento para se colocar como uma “novidade na política”. O candidato também destacou que a saúde de Simon, que já está com 85 anos e foi recomendado por seu cardiologista a não concorrer, pode prejudicá-lo. “É preciso ver de perto para poder ajudar. Acho que o amigo Simon não vai ter muito essa condição física de peregrinar pelo Estado. Eu já visitei 71 municípios nos últimos dois meses”, afirmou.

O candidato considerou a busca por recursos como prioridade para o governo do Estado, afirmando que o Rio Grande do Sul está “literalmente quebrado”. Em outra resposta, porém, disse que a economia é supervalorizada, mencionando que “não adianta o Brasil ser a sétima economia do mundo e ter estar em 79° posição na pesquisa da ONU que aponta o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)“.

Modelo norte-americano

Lasier criticou o pacto federativo, afirmando que o “autogerenciamento é impossível porque não há recursos”, lembrando que o governo federal fica com 65%, os estados, com 24% e os municípios, com 11%. Ele defendeu que se siga o modelo dos Estados Unidos, de onde, segundo ele, o Brasil “busca o modelo de federação”. “Lá, os estados têm autonomia. Nós para tudo dependemos do governo central, que tem se tornado imperial. Recebe recursos de todos os estados e distribui conforme suas preferências”, disse.

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Lasier  foi acompanhado por Cristopher Goulart, suplente em sua chapa e neto do falecido presidente Jango | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Regulamentação e oligopólios

Questionado sobre sua opinião em relação à regulamentação da mídia, Lasier confessou que “ainda não entendeu bem” como isso se daria. Ele afirmou que nas empresas em que trabalhou sempre teve “total liberdade de dizer o que bem entendesse”. Em seguida, questionado sobre a necessidade de se acabar com os oligopólios midiáticos, pediu que os jornalistas dessem exemplos de oligopólios existentes e, ao ouvir citada a Rede Globo, perguntou: “Será que é oligopólio?”

Para ele, os grandes grupos midiáticos têm a dimensão que possuem por empregarem “gente competente na empresa”. “A RBS cresceu por saber reunir diretores, buscar gente competente, mandar seus executivos fazer estágio em Harvard, como acontece atualmente. Bom seria se as outras empresas pudessem fazer o mesmo para estabelecer concorrência”, afirmou.

Políticos conhecidos

Lasier foi questionado sobre a fraca expressão do candidato do PDT, quarto colocado nas pesquisas ao governo do Estado, Vieira da Cunha. “Temos uma candidata que é senadora e se tornou muito conhecida pela televisão e além de ter sido conhecida na campanha para o Senado. E outro candidato que é político há muitos anos e já é governador. Fica uma concorrência desigual”, afirmou.

Para ele, é “muito difícil entrar” na política, porque os candidatos que já exercem cargos “têm tudo na mãos”, enquanto os novos precisam “furar esse bloqueio”. Lasier também defendeu que haja um limite para o financiamento público de campanha, para que não haja tanta desigualdade nas campanhas, lembrando que ele mesmo tem pouco tempo para propagandas na televisão.

Quanto ao concorrente Olívio Dutra (PT), Lasier disse que lhe “falta competência para a gestão pública”. Ele criticou a afirmação do candidato petista de que não respeita o trabalhismo. “Olívio diz que não respeito o trabalhismo por quê? Por que entendo que a economia do Brasil depende intensamente dos empresariados, das indústrias? Nós precisamos de empresas fortes para que haja o econômico, e depois temos recursos para construir o social”, falou.

Disputa presidencial

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Na palestra, Lasier disse estar em sintonia com o que pensam os empresários | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Lasier disse ainda não ter escolhido um candidato para a presidência e se mostrou feliz com a possibilidade de não apoiar a presidenta Dilma Rousseff (PT), como fará seu partido nacionalmente. Ele ainda afirmou que acredita que os três principais concorrentes estão preparados, mas que “Dilma não concretizou tudo que queria, embora seja digna, honesta e correta”, afirmando que não votará nela.

Palestra para empresários

Na palestra na Federasul, Lasier destacou que a educação é prioridade de seu partido e a sua, criticando o alto número de analfabetos no Brasil. “Discordo do governo atual, porque deveriam colocar a educação acima do Bolsa Família e do Minha Casa Minha Vida”, disse, embora tenha garantido que acredita na importância desses projetos sociais. Ele ainda afirmou que acredita estar “em sintonia com o que pensa o empresariado” e considerou os candidatos ao Palácio Piratini “heroicos” por quererem assumir o governo de um Estado que considera estar “quebrado”.

A Federasul recebeu quatro candidatos ao governo do Estado nas últimas semanas e agora organiza as palestras e coletivas com os candidatos ao Senado. Na próxima semana, será a vez de Simone Leite (PP).


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