“Michel Temer é parceiro íntimo de Eduardo Cunha”, diz Ciro Gomes

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Ex-governador participou neste sábado da convenção estadual do PDT e mais uma vez afirmou que não argumentos jurídico e técnico que justifiquem o impeachment de Dilma|Foto: Guilherme Santos/Sul21
Ex-governador participou neste sábado da convenção estadual do PDT e mais uma vez afirmou que não há argumentos jurídico e técnico que justifiquem o impeachment de Dilma|Foto: Guilherme Santos/Sul21

Jaqueline Silveira

A proteção da democracia e a exigência de reconciliação da presidente Dilma Rousseff (PT) com os grupos sociais que a elegeram são as tarefas prioritárias neste momento de instabilidade política e econômica do país. A afirmação foi feita pelo ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) na manhã de sábado (12), na Capital, durante a convenção estadual do PDT, que reconduziu o deputado federal Pompeo de Mattos ao comando gaúcho da sigla.

Defensor da manutenção do mandato de Dilma em relação ao pedido de impeachment aberto pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), Ciro reconheceu que o governo passa por dificuldades e que a presidente precisa corrigir os rumos de sua sugestão para voltar a ter o apoio popular. “Temos a sensação que o povo está muito queixoso como o governo e não lhe faltam razões penso eu, não é a opinião do partido, é minha opinião pessoal, as coisas não estão bem na economia”, observou o pedetista, que foi ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, referindo-se a retrocessos em relação às conquistas dos últimos 12 anos, como geração de empregos e valorização do salário mínimo.

FHC e Lula deram pedaladas

Mais uma vez, o ex-governador reafirmou que Dilma não cometeu “crime de responsabilidade” como seus

Ex-ministro da Fazenda, Ciro disse que Lula e FHC cometeram pedaladas fiscais e não foram apontadas pelo TCU|Foto: Guilherme Santos/Sul21
Ex-ministro da Fazenda, Ciro disse que Lula e FHC cometeram pedaladas fiscais, mas não foram apontadas pelo TCU|Foto: Guilherme Santos/Sul21

opositores insistem em dizer sobre as “pedaladas fiscais”. Ciro argumentou que as “pedaladas não é uma boa prática”, entretanto não é crime. Os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, segundo ele,  adotaram o mesmo procedimento, porém o Tribunal de Contas da União (TCU) não apontou nem como possível irregularidade.

“O pretexto da petição são as tais pedaladas fiscais, ajudem pelo amor de Deus e pelo amor da democracia a explicar para o povo o que é essa coisa. Não é que seja uma boa prática, não é. Pedala fiscal o que é? O governo é proprietário dos bancos, Banco do Brasil, Caixa Econômica, e você pega e diz lá para o Banco do Brasil: faz o crédito rural que daqui a pouco eu pago a diferença entre o juro subsidiado e o juro de mercado, ou paga aí o Bolsa Família que daqui a pouco eu te pago, porque agora não recolhi”, esclareceu o ex-ministro da Fazenda.

Pedaço do PMDB “quadrilha”

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), acrescentou Ciro, também é responsável pelas pedaladas, uma vez que assinou R$ 10 bilhões e, em caso de o peemedebista assumir o comando do país, ele, imediatamente, pediria seu impeachment. Aliás, o pedetista fez duras críticas a Temer e seu grupo, afirmando que fez vários alertas na época sobre o perigo de colocar na linha de sucessão do país “este pedaço do PMDB”. Contudo, frisou Ciro, o PMDB tem grandes quadros com idoneidade moral, como o ex-senador Pedro Simon, e que não generaliza. “Eu estou falando desse lado do PMDB, esse lado quadrilha, que a propósito era como se chamava o Eliseu aqui no Rio Grande e lá em Brasília, que é um dos citados por Temer”, alfinetou o pedetista, sobre o ex-ministro da Secretaria de Viação Civil Eliseu Padilha e um dos homens de confiança do vice-presidente da República.

Ciro disse que o PMDB de Michel Temer e Eduardo Cunha é do lado "quadrilha" |Foto: Guilherme Santos/Sul21
Ciro disse que o PMDB de Michel Temer e Eduardo Cunha é do lado “quadrilha” |Foto: Guilherme Santos/Sul21

O ex-governador alertou, ainda, que é preciso vigiar a relação de Temer com o presidente da Câmara dos Deputados. “O Michel é parceiro íntimo do Eduardo Cunha”, garantiu Ciro, relembrando episódios que presenciou na época em que era deputado federal, assim como os dois políticos. Em relação às denúncias de desvio de recursos públicos e contas clandestinas que pesam sobre o presidente da Câmara, ele afirmou que Cunha será punido, mas que é preciso ter “paciência” e de um processo de maturação. “Esse cidadão será cassado e vai para a cadeia”, comentou o pedetista.

Por mais de uma vez, o ex-governador garantiu que não há argumentos “técnico e jurídico” que justificam o impeachment da presidente Dilma e que também não é solução para resolver os problemas do país nem para os que discordam da gestão petista. “O impeachment não é remédio para governo que a gente não gosta”, frisou ele. “Dilma é uma pessoa limpa, decente”, reforçou ele, que jantou com a presidente na última quarta-feira (9).

Supremo corrigirá os passos

Na próxima semana, dia 16, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará a ação ingressada pelo PCdoB questionando a votação secreta da chapa da Comissão Especial responsável pela análise do pedido de impeachment. Ciro afirmou que está confiante que o STF decidirá por “votações abertas” em relação ao processo. “O Supremo Tribunal Federal vai corrigir esses passos todos, porque o processo é político, mas ele tem de ter uma ancestralidade jurídica. Tenho certeza que o Supremo determinará todos os passos abertos e não secretos”, destacou ele, sobre os procedimentos adotados pelo presidente da Câmara no caso.

Ciro ouviu do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi (à dir.), que ele "o homem mais preparado" para a Presidência em 2018 |Foto: Guilherme Santos/Sul21
Ciro ouviu do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi (à dir.), que ele “o homem mais preparado” para a Presidência em 2018 |Foto: Guilherme Santos/Sul21

Presidenciável em 2018

Apresentado como pré-candidato a presidente da República pelo PDT, Ciro disse que, depois de 36 anos de vida pública sem “um inquérito ou processo”, apenas condenação por danos morais por chamar algumas pessoas de “ladrão, “não sou candidato rigorosamente a nada”. “Mas, ao mesmo tempo, aceitarei qualquer tarefa”, despistou ele, interrompido pelo presidente nacional do partido, Carlos Lupi, para afirmar que o PDT terá candidato próprio em 2018 e que será Ciro Gomes. “É o mais preparado”, elogiou Lupi.


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