Política
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14 de julho de 2022
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07:57

Museu da Lava Jato será lançado dia 1º de agosto

Por
Sul 21
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Sergio Moro e Deltan Dallagnol | Foto: Divulgação/ALEP
Sergio Moro e Deltan Dallagnol | Foto: Divulgação/ALEP

No próximo dia 1º de agosto será lançado, em todo o Brasil, o Museu da Lava Jato. O projeto é uma iniciativa de um grupo de juristas, jornalistas e historiadores que pretende legitimar a memória popular sobre a operação que passou de uma iniciativa de grande apelo popular para um escândalo internacional envolvendo o conluio entre procuradores e magistrado. O anúncio do MLJ ocorreu dia 12 de julho, mesmo dia em que o ex-juiz Sergio Moro anunciou sua candidatura ao legislativo federal.

O espaço virtual estará sustentando em três pilares. O primeiro deles é o Centro de Documentação da Lava Jato que reunirá um imenso acervo sobre a operação e seus desdobramentos. São duas estruturas que completam-se: o acervo jurídico e jornalístico. “Lembrar para não repetir. Este é o foco principal do Museu da Lava Jato, a exemplo de tantos outros museus que buscam institucionalizar a memória de períodos de trevas pelos quais passaram determinadas sociedades em determinados períodos históricos”, explica o jurista Wilson Ramos Filho, conhecido como Xixo e que é presidente do conselho curador do museu.

Neste centro de documentação, com acesso gratuito, será possível encontrar toda a repercussão dada pela imprensa as fases da Operação Lava Jato e também os processos e peças jurídicas. Todo esse acervo, com fácil acesso para pesquisa, ficará à disposição para a produção científica de pesquisadores de todo o País que desejem utilizar a base de dados reunida ao longo dos últimos meses.

“Este será um processo em constante atualização. Seguiremos atualizando e inserindo novas informações, processos e reportagens sobre a operação ao longo dos próximos meses”, explica um dos coordenadores do centro de documentação do MLJ, Diogo Silva. Para o lançamento, no dia 1º de agosto, a base de dados contará com 45 processos, sendo destes 31 completos, desde a denúncia apresentada até a sentença dos casos. Os processos envolvendo o ex-presidente Lula terão uma seção própria, com ações penais, habeas corpus e outros procedimentos jurídicos.

Já o acervo de mídia é composto por notícias publicadas entre 17 de março de 2014 e 03 de fevereiro de 2021. “Só para se ter uma ideia, apenas no jornal O Estado de São Paulo foram encontradas 43 mil menções sobre a Lava Jato. Um sistema foi desenvolvido especificamente para cada veículo com o objetivo de auxiliar na indexação dos itens em nosso acervo. A expectativa é que em pouco tempo tenhamos disponíveis os acervos completos de Estadão, Folha de São Paulo, G1, El País e The Intercept Brasil. O trabalho continuará após o lançamento, com o anúncio dos novos conteúdos em nossas redes sociais”, relata Silva.

Núcleo de Pesquisa da Lawfare do Brasil

Outro braço de sustentação do museu será o Núcleo de Pesquisa da LawFare do Brasil. O termo é utilizado descrever quando o direito e a justiça tornam-se armas para serem empregadas contra determinados grupos ou pessoas com objetivos específicos.

No caso do MLJ o grupo terá como função reunir trabalhos científicos, historiográficos e jornalísticos sobre a utilização das leis e do aparato jurídico e judicial com objetivos políticos e ideológicos no Brasil. O grupo também ficará responsável pela orientação da produção de pesquisas acadêmicas e de projetos de pesquisa por grupos em diferentes instâncias e áreas do conhecimento com a temática da Lawfare e sobre as formas de Violência Jurídica, Social, Política, Econômica, Psicológica e Institucional no Brasil

“Este espaço, assim como outros do museu, será orgânico e dinâmico, ou seja, estará em constante movimentação e produção de novos conteúdos. Mas, neste caso em específico, a partir de uma constante produção acadêmica para evidenciar a LawFare no Brasil e estabelecer mecanismos, teses e conhecimento científico para evidenciar a existência deste tipo de prática, como ela funciona e quais são suas repercussões práticas”, completa o professor doutor e coordenador do núcleo, José Henrique de Faria.

O Memorial da Vigília Lula Livre: O terceiro pilar do Museu da Lava Jato será inteiramente dedicado à Vigília Lula Livre. Foi lá, em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, que durante os 580 dias nos quais o ex-presidente Lula esteve em Curitiba, que apoiadores prestaram sua solidariedade e o acompanharam durante todo este período.

Caravanas de todo o Brasil, intelectuais, lideranças políticas, religiosas, sindicais e até mesmo atores de Hollywood passaram pela Vigília Lula Livre. “Durante todo esse período, apesar todas as pessoas, famosas e anônimas, que passaram pela Vigília ela foi pela chamada mídia comercial e há uma grande parte da população que desconhece todo esse movimento gerado acerca da figura do ex-presidente. Tornar essa memória viva, organizar, catalogar e tornar pública é uma das missões do memorial”, destaca a coordenadora do Memorial Vigília Lula Livre, a historiadora Maitê Ritz.

Neste setor estarão disponíveis mais de oito mil imagens registradas por fotógrafos e jornalistas que acompanharam o dia-a-dia da Vigília Lula Livre, uma linha do tempo com as principais informações e acontecimentos e um mapa ilustrado que mostra todos os setores que formaram a estrutura da vigília. “O intuito é preservar e institucionalizar a memória de todos aqueles que participaram deste movimento histórico, ressaltando sua importância e relevância no cenário brasileiro. Algo que certamente nunca foi visto e talvez nunca mais seja vivenciado no Brasil”, completa Maitê Ritz.

Além dos três pilares principais, o Museu da Lava Jato integrará o meio acadêmico promovendo constantemente palestras, jornadas, encontros, mesas redondas e debates sobre temas correlacionadas à Lawfare, política, história, direito, sociologia e filosofia.

O lançamento do museu está previsto para primeiro de agosto de 2022 em www.museudalavajato.com.br. Lembrar para não repetir.


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