O governador Eduardo Leite (PSDB) voltou a falar nesta quinta-feira (24) sobre o convite que recebeu do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para concorrer à presidência da República. Pela manhã, o governador disse em coletiva de imprensa que ainda não tomou nenhuma decisão sobre o convite.
“Não há data de filiação porque não há qualquer decisão nesse sentido. Eu respeito as prévias do meu partido, mas assim como democracia não é apenas a oportunidade da eleição de um governante, as prévias do PSDB não são apenas a oportunidade de dar a um candidato o partido. Elas dão ao partido um candidato e este escolhido está, numa democracia, diante da possibilidade de contestação. Isso é próprio da democracia”, disse Leite, que foi derrotado pelo governador de São Paulo, João Doria, nas prévias do PSDB realizadas em novembro passado.
Na quarta-feira (23), o secretário estadual Agostinho Meirelles, titular da Secretaria Extraordinária de Apoio à Gestão Administrativa e Política, filiou-se oficialmente ao PSD. Durante a coletiva desta quinta, Leite afirmou que se tratava de uma decisão pessoal do secretário, que deixou o PTB, segundo Leite, pelas agressões do presidente nacional Roberto Jefferson ao governador e a membros do PTB gaúcho.
No PSD gaúcho, a palavra de ordem é de que se trata de um convite nacional feito ao governador. Contudo, em conversa com o Sul21, o prefeito de Canoas e um dos principais nomes do partido no Rio Grande do Sul, Jairo Jorge afirmou que a possibilidade entusiasma o partido. “Nós estamos bastante entusiasmados com essa ideia. É uma escolha dele, individual, mas independente dele escolher estar no PSD ou não estaremos ao lado dele”, disse.
Segundo Jorge, não há qualquer prazo estabelecido para que Leite responda ao convite, mas destacou que o tempo da política indica que uma resposta deve ocorrer até o final de março e início de abril, quando se encerra o período para troca de partidos e para que Leite deixe o governo para concorrer à presidência.
“É uma eleição bastante polarizada, mas é a intenção do PSD ter candidato próprio e, no segundo turno, se avalia as opções que ficaram [se o PSD não estiver]. Há um desejo do PSD nacional de ter candidatura própria e o nome do Eduardo Leite, na minha opinião, é um nome que se coloca com muita potencialidade. Acho que ele pode ser um candidato que mexe com o tabuleiro, que está bastante polarizado e que tem duas candidaturas muito fortes”, disse.
A avaliação de Jairo Jorge é que as candidaturas da chamada “terceira via” naufragaram ou não conseguiram avançar como se esperava nos primeiros meses do ano, como as do ex-juiz Sergio Moro (Podemos), de João Doria e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). “Acho que o Eduardo tem capacidade de se colocar como alternativa nessa eleição como um nome que pode catalisar esse campo de centro, centro-esquerda, centro-direita, que é um eleitorado que hoje não tem uma opção que possa encantá-lo. Essas alternativas que mencionei são nomes que não conseguiram catalisar o eleitorado”, disse.
Em entrevista à Jovem Pan na semana passada, Kassab afirmou, contudo, que a ideia para o convite feito ao governador surgiu de lideranças gaúchas do partido. Ele lembrou, no entanto, que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, filiou-se ao partido recentemente e teve o nome escolhido em convenção, por aclamação, para ser o candidato à presidência. Pacheco ainda não decidiu se irá se candidatar.
“Fomos muito francos com Eduardo Leite e com os companheiros do PSD do Rio Grande do Sul, lembrando que Rodrigo Pacheco deve decidir proximamente se será ou não candidato. Vamos ficar muito felizes se ele se decidir pela candidatura. Caso contrário, é evidente que o Eduardo Leite será uma extraordinária alternativa. Então, feliz é o partido – e nós somos muito felizes – que pode ter Rodrigo Pacheco como candidato a presidente e feliz é o partido que possa ter uma pessoa tão qualificada, tão honrada como Eduardo Leite”, disse Kassab.
Eleito prefeito pela primeira vez pelo PT, Jairo Jorge migrou da legenda para o PDT ao final em 2016. Pelo PDT, concorreu ao governo do Estado em 2018, ficando em quarto lugar. Em 2020, voltou a concorrer à prefeitura de Canoas, já pelo PSD.
Ele destaca que o PSD é um partido ainda em construção no Rio Grande do Sul e que o projeto da executiva gaúcha é tornar a legenda a quarta principal do Estado em um prazo de 10 anos. “Nós queremos, de forma progressiva, estar entre essas quatro forças do RS. Claro que a vinda do Eduardo Leite e de outros nomes contribui muito para que essa meta possa ser alcançada até num período mais breve”, disse.
