Meio Ambiente
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2 de agosto de 2023
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19:46

Parque Harmonia: ‘A gente quer que parem as obras, não os festejos do 20 de Setembro’

Por
Luciano Velleda
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Porto Alegre, 02/08/2023: Ato em defesa do Parque Harmonia em frente ao Ministério Público Estadual. Foto: Luiza Castro/Sul21
Porto Alegre, 02/08/2023: Ato em defesa do Parque Harmonia em frente ao Ministério Público Estadual. Foto: Luiza Castro/Sul21

Um grupo de manifestantes estive nesta quarta-feira (2) diante do prédio da Promotoria de Justiça e Meio Ambiente, do Ministério Público Estadual, para manter o movimento que ganhou força no último mês contra as obras no Parque Harmonia, em Porto Alegre. O ato ocorreu enquanto a promotora Annelise Steigleder se reunia com o secretário do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), Germano Bremm, a diretora administrativa da GAM3 Parks, Carla Deboni, e representantes da organização do Acampamento Farroupilha.

Um dos manifestantes, o técnico ambiental Emerson Vieira Prates, disse que objetivo do ato foi marcar presença, já que a sociedade civil não foi chamada para a audiência. “A gente gostaria de ser ouvido pela procuradora Anelise, já que estamos nessa manifestação faz algum tempo e conseguimos judicialmente barrar as obras no Harmonia”, disse

No domingo (30), a juíza Gabriela Dantas Bobsin, da 10ª Vara, determinou a suspensão das obras no Parque Harmonia, realizadas pela empresa GAM3 Parks, que ganhou a concessão do parque por 35 anos. A liminar foi mantida em nova decisão publicada na noite de terça-feira (1º), quando a juíza Leticia Michelon, igualmente da 10ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central da Comarca de Porto Alegre, indeferiu o pedido de reconsideração apresentado pela empresa GAM3. Na decisão, a juíza Michelon também não aceitou incluir na ação, como parte interessada, a entidade representativa dos piqueteiros. 

Desde que a decisão de suspensão das obras foi tomada, o governo do prefeito Sebastião Melo e a concessionária do parque se uniram no discurso de que a medida pode inviabilizar a realização do tradicional evento. 

O técnico ambiental discorda deste discurso. Prates pondera que os manifestantes não são contra as obras no Parque Harmonia, mas querem que o primeiro projeto aprovado, menos nocivo para o meio ambiente, volte a ser executado. Um série de denúncias foram feitas nas últimas semanas, inclusive pelos arquitetos responsáveis pela elaboração do projeto aprovado no Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU), de que as obras realizadas não correspondem ao projeto original.   

Ele também enfatizou que os ambientalistas não são contra o Acampamento Farroupilha e querem que o evento aconteça. 

“Essa narrativa de que os ambientalistas não querem o 20 de setembro, não é verdade. A gente só quer que o parque volte a cumprir o seu papel, com as características com as quais foi criado, como um bioma do Pampa Gaúcho, com grama, onde os gaudérios faziam a cancha reta, com churrasqueiras, sem cancela de estacionamento, para curtir a natureza, curtir aquilo que é de graça e, infelizmente, a gente está vendo que isso não está acontecendo no Harmonia. A gente quer que parem as obras, não os festejos de 20 de Setembro”, afirma. 

Para Prates, a liminar da Justiça determina a paralisação das obras, mas não impede a montagem do acampamento. Outra opção, acredita, seria a busca por outro local mais apropriado este ano. “Estão usando o movimento dos piqueteiros como massa de manobra contra a gente.”


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