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28 de abril de 2024
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19:10

Quatro vítimas do incêndio na pousada Garoa são sepultadas em velório coletivo 

Por
Sul 21
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Incêndio na Pousada Garoa. Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Incêndio na Pousada Garoa. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

Quatro das 10 vítimas da tragédia da Pousada Garoa foram veladas e sepultadas em um velório coletivo no Cemitério São João, na Zona Norte de Porto Alegre, na tarde do sábado (27). As vítimas faleceram após um incêndio atingir uma das unidades da rede de pousadas conveniada com a Prefeitura de Porto Alegre para receber pessoas em situação de vulnerabilidade social. Outras 15 pessoas ficaram feridas. 

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Foram enterradas quatro das cinco vítimas já identificadas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP): Julcemar Carvalho Amado, Silvério Roni Martin, Dionatan Cardoso da Rosa e Maribel Terezinha Padilha. A outra vítima identificada já havia tido o corpo retirado pela família no Instituto Médico Legal (IML).  

Os outros cinco mortos não foram identificados ainda porque não estão em condições de serem examinadas pela papiloscopia, ou seja, por impressão digital. Por isso, serão identificadas por meio de DNA de parentes ou pela arcada dentária. 

A cerimônia ocorreu sem a presença de familiares das vítimas. Estiveram presentes representantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), do Movimento Nacional de População de Rua (MNPR) e o do Jornal Boca de Rua, que cobraram responsabilização e investigação do caso, além de ressaltar que a situação precária das pousadas destinadas para pessoas em situação de vulnerabilidade social já havia sido alertada muitas vezes pelos movimentos

“Há dois anos atrás, a gente já fez uma denúncia falando que pegou fogo em uma dessas pousadas. São dois anos de luta tentando avisar que poderia acontecer uma situação dessa. Agora, a gente se depara com uma situação dessas, vendo um amigo nosso sendo enterrado aqui, que poderia estar dentro da sua casa, em segurança”, disse em entrevista a um veículo no local Carlos Henrique Rosa da Silva, do MNPR e representante do Boca de Rua, que esteve presente no velório e resumiu o sentimento a respeito da tragédia como revolta e uma dor imensa. “Muita dor e muita indignação, porque isso não poderia ter acontecido”. 

Ceniriani Vargas da Silva, coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), aponta o sentimento de tristeza pelas vidas perdidas e reforça que é necessário não esquecer que as pessoas vitimadas pelo incêndio estavam sob o serviço de proteção social especial da Prefeitura. “Foram jogadas dentro destas pousadas em condições precárias e sem nenhuma fiscalização. Mesmo após a morte de uma pessoa no incêndio da pousada Garoa da Jerônimo Coelho, eles renovaram e ampliaram o contrato com eles”, disse ao Sul21. 

Ela também ressalta que a não presença de familiares e amigos das vítimas pode ter ocorrido por falta de informações prévias sobre o velório. “Os nomes das vítimas identificadas não foi divulgado e o velório foi rápido. Imagino que em algum lugar há familiares, amigos, mães angustiadas sem saber se uma das vítimas foi um filho seu. Essas pessoas que morreram nessa tragédia anunciada não são apenas números, são vidas perdidas”, afirmou.

Além dos integrantes de movimentos sociais, estavam presentes no velório o secretário municipal de Desenvolvimento Social da Capital, Léo Voigt, e o presidente da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), Cristiano Roratto, e o secretário de Modernização e Gestão da prefeitura, Rogério Beidacki. Servidores da Prefeitura prestaram as homenagens durante o velório.

Segundo informações do G1, a cerimônia foi custeada por uma funerária de Porto Alegre. Já os túmulos foram providenciados pela Prefeitura. A cerimônia religiosa foi realizada pelo padre Lucas Matheus Mendes, da Basílica das Dores. 


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