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19 de fevereiro de 2024
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19:55

BM afasta temporariamente policiais que detiveram motoboy atacado com faca em Porto Alegre

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Sul 21
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Embora fosse a vítima da agressão, entregador foi detido por policiais. Foto: Reprodução/Twitter
Embora fosse a vítima da agressão, entregador foi detido por policiais. Foto: Reprodução/Twitter

A Brigada Militar afastou temporariamente dois dos policiais que detiveram o motoboy Everton Goandete da Silva, homem negro que sofreu uma tentativa de homicídio enquanto trabalhava no bairro Rio Branco, no último sábado (17), e foi algemado e levado para o Palácio da Polícia ao fazer a denúncia. Segundo o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, “foi uma medida de precaução” e “a situação de estresse dos profissionais” será avaliada ao fim da semana.

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O secretário destaca que a decisão não foi tomada pela corregedoria, mas pelos comandos da BM e que, durante o afastamento das ruas, os policiais irão realizar atividades operacionais. “Não foi um afastamento via corregedoria, e sim através dos comandos da Brigada Militar, dois dos policiais envolvidos na ocorrência se avaliou que seria importante ficarem durante essa semana fora de atividades operacionais, em razão do estresse provocado. Então, como uma medida de precaução, eles vão ficar essa semana em atividades administrativas e aí vão seguir avaliando exatamente a situação de estresse dos profissionais para que a gente tenha aí uma boa gestão na segurança pública”, disse Caron.

Na manhã desta segunda, o governador Eduardo Leite (PSDB) prometeu que a sindicância aberta sobre o caso no âmbito da Brigada Militar terá “absoluta celeridade” e disse ter a expectativa de que os trabalhos sejam concluídos em até 10 dias. “Estão fazendo oitivas dos policiais, das testemunhas, para identificar o que aconteceu ali, e, se tiver claro um procedimento fora do padrão, haverá consequências para os policiais. Mas precisamos fazer uma análise com toda cautela, com todo o cuidado que esse caso merece”, afirmou.

Já nesta tarde, Everton e testemunhas foram ouvidos pela Polícia Civil sobre os diferentes aspectos do inquérito, incluindo o Boletim de Ocorrência por abuso de autoridade, registrado no sábado, quando o advogado Ramiro Goulart assumiu a defesa de Everton, chamado por pessoas que assistiram ao episódio e tentaram evitar que o entregador fosse detido, já que era a vítima de agressão.

Entenda

Na tarde do último sábado (17), o entregador estava com colegas próximo à esquina da rua Miguel Tostes com a avenida Protásio Alves, onde se concentram motoboys que entregam refeições para bares e restaurantes da região, quando foi atacado por um homem com uma faca, que o feriu próximo ao pescoço. Ao ser chamada por pessoas que testemunharam a situação, a Brigada Militar chegou ao local e deteve Everton e o colocou no porta-malas da viatura, alegando resistência à abordagem. Já o agressor, um morador do bairro, pode subir sozinho ao apartamento onde mora e na sequência foi levado cordialmente pelos policias, como mostram inúmeras imagens que circulam pelas redes sociais desde o sábado.


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