Geral
|
18 de fevereiro de 2024
|
18:29

Porto Alegre: Ato antirracista reúne centenas de pessoas em apoio a motoboy detido pela BM

Por
Bettina Gehm
[email protected]
Ato em apoio a Everton realizado neste domingo). Foto: Luiza Castro/Sul21
Ato em apoio a Everton realizado neste domingo). Foto: Luiza Castro/Sul21

Um ato antirracista e contra a violência reuniu centenas de pessoas na tarde deste domingo (18), na esquina da avenida Osvaldo Aranha com a rua José Bonifácio (bairro Bom Fim). Organizado pelo Sindicato dos Motociclistas Profissionais do RS (Sindimoto), o ato foi motivado pela detenção do entregador Everton Goandete da Silva, homem negro que sofreu uma tentativa de homicídio enquanto trabalhava neste sábado (17) e foi algemado e detido pela Brigada Militar ao fazer a denúncia.

Leia mais:
Homem negro sofre tentativa de homicídio e ao denunciar é detido pela Brigada Militar

O ato contou com a presença de lideranças sindicais, representantes de movimentos estudantis e deputados e vereadores de Porto Alegre ligados ao movimento negro. Ao longo da mobilização, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o prefeito Sebastião Melo (MDB) e o governador Eduardo Leite (PSDB), que manifestou confiança nos homens e mulheres da BM em publicação nas redes sociais.

Tamyres Filgueira, coordenadora adjunta do Núcleo de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Indígenas da UFRGS (Neabi), classificou como “cruel” o que aconteceu com o entregador. “Porque o racismo é isso. É perverso com a população negra”, afirmou. “É estruturante, porque decide qual emprego tu vai ter, quanto tu vai ganhar, onde tu vai morar. Se tu vai viver hoje ou vai morrer amanhã. O Everton foi mais uma vítima dessa sociedade racista. A polícia é racista na sua ideologia”, concluiu.

 

Foto: Luiza Castro/Sul21

Diretor do Sindimoto e entregador por aplicativo, Jean Clezar frisou que a luta contra a violência é de todos os pobres e trabalhadores. “É muito difícil a gente ir a Brasília, protestar contra os aplicativos [de delivery], quando o nosso agressor também está aqui do lado de casa”, disse. “Nosso agressor talvez seja o Estado – não só as plataformas digitais, mas também o Estado, que precariza nosso trabalho. Que faz um negro ser morto”.

O entregador Everton Goandete da Silva estava próximo à esquina da rua Miguel Tostes com a avenida Protásio Alves, onde se concentram trabalhadores que entregam refeições para bares e restaurantes da região, quando foi atacado por um homem com uma faca, que o feriu próximo ao pescoço. Chamada ao local, a BM deteve a vítima com truculência e conduziu cordialmente o agressor, como mostram inúmeras imagens que circulam pelas redes sociais desde o episódio.

 

Foto: Luiza Castro/Sul21

O entregador foi liberado ainda na tarde de sábado. Segundo o advogado Ramiro Goulart, foi registrado um Boletim de Ocorrência por lesões corporais contra o agressor, que ainda pode ser modificado, já que a delegacia responsável pelo caso deveria ser a 3ª DPE, na avenida Cristóvão Colombo.

A BM intimou Everton a depor nesta segunda-feira (19) como vítima da agressão ocorrida no sábado. Os conselhos Nacional e Estadual dos Direitos Humanos, os deputados Fernanda Melchionna (PSOL), Daiana Santos (PCdoB), Matheus Gomes (PSOL) e Laura Sito (PT) acompanharão a sindicância. Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, anunciou na manhã deste domingo (18) que o governo federal vai acompanhar o caso.

Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21

Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora