Geral
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26 de setembro de 2023
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19:44

Impacto de prédio de 41 andares preocupa Associação de Amigos do Museu Julio de Castilhos

Por
Luís Gomes
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Prédio projetado fica entre a Fernando Machado e a Duque de Caxias | Foto: Reprodução
Prédio projetado fica entre a Fernando Machado e a Duque de Caxias | Foto: Reprodução

A Associação dos Amigos do Museu Julio de Castilhos entregou nesta terça-feira (26) um abaixo-assinado à presidenta da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputada estadual Sofia Cavedon (PT), contra o projeto de um novo empreendimento de 41 andares, da construtora Melnick em parceria com o grupo Zaffari, previsto para ser construído entre as ruas Fernando Machado e Duque de Caxias, ao lado Museu Júlio de Castilhos.

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Como revelado pelo Sul21 no início do mês, o projeto apresentado pelos empreendedores à Prefeitura — ainda em fase de licenciamento — prevê que o prédio terá 104,12 m de altura a contar da Duque de Caxias. Levando em conta o rooftop, seriam 133,91 m de altura do ponto máximo ao solo na Fernando Machado — que tem uma elevação de 12,28, de acordo com o projeto.

“A Associação dos Amigos do museu Júlio de Castilhos tem muita preocupação com esse projeto que está tramitando na Prefeitura de Porto Alegre, posto que pode trazer consequências importantes ao museu. Seria uma obra de grande porte, com impacto não só ao conjunto arquitetônico do museu Júlio de Castilhos, como ao seu acervo”, diz Claudio Pires Ferreira, presidente da Associação dos Amigos do Museu Julio de Castilhos.

Ele destaca que a proposta conflita com o regras da portaria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), órgão vinculado à Secretaria da Cultura (Sedac), a respeito do tombamento do museu, que determinam que construções no entorno podem ter, no máximo, 15 pavimentos ou 45 m de altura.

“Tem mais de 300 peças do seu acervo tombadas pelo Iphan desde 1938. Os principais objetos históricos da cultura riograndense estão no museu Julio de Castilhos. É o principal acervo da cultura gaúcha e, por causa disso, a gente está muito preocupado. A gente nota que tem alguns pontos específicos, como por exemplo uma portaria da Sedac, que limita em 15 pavimentos ou 45 metros de altura exatamente naquele polígono ao lado. Ou seja, tem uma norma que limita a construção”, pontua.

Claudio destaca ainda que, em razão da preocupação com o impacto da obra prevista, a associação procurou a deputada Sofia e a comissão de Cultura da Assembleia para externar a preocupação com o projeto. A entidade está promovendo um abaixo-assinado que, em 10 dias, já coletou 1,2 mil assinaturas contra o projeto.

“A nossa questão é colocar isso para a população, porque há um bem público de relevo histórico cultural que pertence a todo o povo gaúcho. Então, é importante que todo mundo saiba o que está ocorrendo e que cada um tome o seu posicionamento. Mas é importante colocar luzes nessa questão para que a população possa opinar, através de audiências públicas, a associação também pretende nas próximas semanas realizar um abraço simbólico ao museu. O ano de 2023 é extremamente importante para a memória de Júlio de Castilhos, porque o monumento na Praça da Matriz completa 110 anos da sua colocação ali naquele ponto e o mausoléu do Júlio de Castilhos, que fica no cemitério da Santa Casa, também completa 110 anos”, afirma.

 

Deputada Sofia Cavedon foi recebida pela associação em visita técnica ao Museu Julio de Castilhos | Foto: Clarissa Pont/Divulgação

Nesta terça, a deputada Sofia realizou uma visita técnica ao Museu e questionou a legalidade do projeto em tramitação na Prefeitura. “Somos contrários à construção de um prédio que gerará sombreamento até o Palácio Piratini, comprometendo um importante aparelho cultural e seu inestimável acervo. Estamos encaminhando audiência pública para tratar do tema e queremos uma reunião com o prefeito para sensibilizá-lo sobre esta obra. O trabalho que está sendo feito no Museu Julio é importantíssimo”, disse Sofia.

A deputada destacou ainda que vários segmentos da sociedade, como o departamento gaúcho do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS) e o Curso de Museologia e Pós graduação em Patrimônio da UFRGS, também já manifestaram contrariedade ao empreendimento.


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