Geral
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13 de setembro de 2023
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19:34

PPG em Museologia e Patrimônio da UFRGS critica projeto de 41 andares no Centro

Por
Duda Romagna
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Prédio projetado fica entre a Fernando Machado e a Duque de Caxias | Foto: Reprodução
Prédio projetado fica entre a Fernando Machado e a Duque de Caxias | Foto: Reprodução

Nesta quarta-feira (13), o curso de Museologia e o Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) divulgaram uma nota técnica conjunta expressando preocupação com o projeto de um empreendimento de 41 andares no Centro Histórico de Porto Alegre. O documento destaca, especialmente, ao impacto que pode ser causado ao Museu Júlio de Castilhos, que fica ao lado do terreno onde a obra deve acontecer, na Rua Duque de Caxias.

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A estrutura construída em 1887 sedia o museu mais antigo em funcionamento no Estado, tombada em 1982 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). O museu possui 10.900 peças registradas em livro tombo, das quais 397 são tombadas em nível nacional pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), incluindo estatuárias produzidas pelos guaranis das Missões, local considerado Patrimônio Mundial pela Unesco. “Trata-se de um acervo com 23 coleções, cujas peças mais antigas possuem 2.000 anos e testemunham a história nacional e regional”, explica a nota.

Já para o novo empreendimento, ainda em fase de Análise do Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) de 1º Grau, segundo a Prefeitura, são previstos 41 andares, uma galeria com 38 espaços comerciais e integração com a Rua Fernando Machado, englobando o supermercado localizado na via paralela.

A nota técnica pontua que, ainda no início da construção, podem haver impactos na estrutura do museu e também do acervo, já que o tremor do estaqueamento e da movimentação de veículos pesados pode causar danos nas peças frágeis, como cerâmicas, porcelanas, cristais e vidros. Os gases automotivos, advindos das 900 vagas de estacionamento previstas, podem incidir nas coleções da instituição.

Os impactos podem ser biológicos por conta de que “eventuais rachaduras profundas nas paredes são porta de entrada para pragas que atacam e destroem o acervo, em especial insetos e roedores cujo dano se volta especialmente aos suportes em papel, têxteis, couro e lã”, como explica o texto.

De acordo com o estudo apresentado pela construtora, o edifício deve fazer sombra na Catedral Metropolitana e no Palácio Piratini durante a manhã, especialmente no final do verão. O grupo teme que, com a sombra, a umidade pode atingir o espaço e favorecer a proliferação de fungos.

“Não se trata tão somente de uma edificação construída em qualquer local de Porto Alegre. Trata-se de um edifício, cuja construção colocará em risco irreversível relevantes patrimônios da sociedade gaúcha, brasileira e mundial”, finaliza a nota.


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