O Nova Olaria, tradicional ponto cultural e comercial de Porto Alegre, está com os dias contados tal qual é conhecido. Localizado na Cidade Baixa, o espaço será reestruturado a partir de 2022. A intenção, segundo os administradores do centro comercial, é promover melhorias na estrutura e renovar o ambiente.
“A reforma vai manter o espírito do Olaria vivo e se atualizar. A ideia é evitar que se transforme num ambiente que depois não tenha mais volta, como acontece com outros locais”, argumenta Pedro Dias, do departamento comercial da Dallasanta, administradora do local.
O plano de reforma da Nova Olaria vem acompanhado da construção de dois prédios ao lado do centro comercial. Um será erguido no atual terreno do estacionamento e o outro onde antes ficava a Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs). Dias faz questão de ressaltar que os prédios serão erguidos nos terrenos vizinhos e que a Nova Olaria permanecerá onde está.
Segundo Milton Ribeiro, proprietário da livraria Bamboletras, e que teve uma reunião com os administradores do espaço, o projeto prevê manter o muro formado pela frente das lojas e a parte de trás de cada estabelecimento, de ambos os lados do centro comercial. O piso do meio será refeito e ficará na mesma altura das lojas, melhorando a acessibilidade, assim como o teto que também será reformado.
A previsão é de que as obras comecem em meados de 2022 e durem em torno de dois anos. Durante esse período, as lojas, bares e restaurantes hoje existentes no Nova Olaria deverão deixar o local.
Ribeiro teve acesso às imagens do projeto e conta que ele é bonito, mas com um “jeito de shopping”, mais homogeneizado, perdendo características atuais. O dono da Bamboletras diz que lhe foi informado que as novas lojas terão tamanhos iguais às atuais, e também lhe foi comunicado o interesse de que a tradicional livraria retorne ao espaço após a reforma.
“Mostraram um estudo que demonstra que somos a mais importante loja do Nova Olaria, mais importante até que o (Cine) Guion. Seríamos a principal âncora. Somos quem traz mais gente pra dentro do shopping. Eles disseram que o Nova Olaria tem afinidade com a cultura e que o cinema será derrubado e reconstruído logo depois, com ou sem o Guion. Que isso aqui só pode dar certo com a Bamboletras e o cinema. Fico feliz com as palavras, mas saibam que ainda estamos em crise, precisamos levantar a âncora e navegar melhor”, explicou Ribeiro, em suas redes sociais.
No caso da Bamboletras, o dono ainda não decidiu para onde a livraria irá durante a reforma do Nova Olaria, tampouco se irá mesmo retornar após a obra. “Pretendemos seguir, não obstante as obras e dificuldades. Somos teimosos e acreditamos no que fazemos. Boas livrarias são importantes. Passamos pela pandemia sem demitir nenhum funcionário, não adianta ser ideológico só no discurso, né? E queremos seguir vivos. Estamos na luta e vocês não imaginam como. Apareçam. Como diria Drummond, precisamos de todos.”
