Cultura
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21 de outubro de 2023
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09:18

Redeiras: Grupo de artesãs de Pelotas cria peças autorais a partir de redes de pesca

Por
Duda Romagna
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Redeiras: marca produz bolsas, pulseiras, colares e outros produtos tendo a rede de pesca de camarão como matéria prima. Foto: Joana Berwanger/Sul21
Redeiras: marca produz bolsas, pulseiras, colares e outros produtos tendo a rede de pesca de camarão como matéria prima. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Até o fim de outubro, o espaço da Vitrine CCMQ RS Criativo, no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana, recebe uma loja de peças de artesanato confeccionadas a partir de redes de pesca e escamas de peixe pelo grupo Redeiras. A iniciativa tem base nas margens da Laguna dos Patos, na Colônia São Pedro, mais conhecida como Colônia de Pescadores Z3, em Pelotas. Na localidade com 5 mil moradores, o sustento das aproximadamente 1,5 mil famílias vem justamente da pesca.  

 

Projeto tem base em comunidade de pescadores. Foto: Redeiras/Divulgação

A principal matéria prima das artesãs é a rede de pescar camarão, utilizada pelos pescadores durante cerca de seis safras. Exposto à água e ao sol, o material sofre desgastes e acaba inutilizável, jogado em galpões ou na beira da praia. Após uma lavagem extensa, o trabalho das redeiras o recupera e transforma em fios usados na confecção das peças. As escamas dos peixes capturados pelos pescadores da região, antes descartadas na natureza, também são lavadas, lixadas e transformadas em biojoias. 

 

Marca também usa escamas de peixe lavadas e lixadas para produzir jóias. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Nove artesãs compõem o coletivo iniciado em 2009, mas Karine Portela, uma delas, explica que o projeto criou uma verdadeira rede de cooperação na comunidade. “Depois que a gente começou a trabalhar, o pessoal já nos procura: ‘eu tenho redes, se vocês quiserem vão lá buscar no galpão’. Meu marido mesmo, quando ele não está pescando, ele corta as alças das bolsas”, relata. Pelo menos outras 20 pessoas da região ajudam no dia-a-dia da produção, seja lavando, tingindo, cortando ou tecendo. 

Segundo ela, essa cooperação contribui, inclusive, com a renda das famílias e a economia da região. “Nós lavávamos a rede e cortávamos o fio. Só que com a demanda de trabalho, não deu para a gente continuar. Leva dias para lavar uma rede dessa. Então a gente hoje tem o pessoal da comunidade”, explica. 

 

Karine é uma das artesãs que iniciou o projeto, em 2009. Foto: Joana Berwanger/Sul21

“Várias pessoas recolhem redes, lavam e nos vendem o fio a partir de um cálculo que fizemos. A gente fez oficinas ensinando os processos e foi bastante gente. Não imaginei que fosse ter tanta procura. Tem uma senhora que corta fios para a gente e ela já tá aposentada, entrega o fio a cada 15 dias e dobra o salário”, completa. 

 

Rede é cortada e transformada em fios, que podem ser utilizados assim ou passam pelo tear. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Neste sábado (21), um desfile será realizado no térreo da Casa de Cultura, expondo peças da coleção Redeiras. As modelos são mulheres da própria comunidade. O evento tem início às 15h e contará com a distribuição de doces oferecidos pela Associação Doce Pelotas. 

A loja na Casa de Cultura tem funcionamento de quinta a sábado, das 13h às 18h, e nos domingos, das 12h às 17h. As peças são vendidas em uma loja física em Pelotas e em feiras. Além disso, as redeiras possuem revendedores em diversas cidades do país e uma loja online

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

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Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

Foto: Joana Berwanger/Sul21

 

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