Cultura
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18 de novembro de 2022
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16:27

Projeto ‘Memórias de onde nunca fui’ mapeia casas de personalidades históricas da Capital

Por
Luciano Velleda
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Casa onde morou Erico Verissimo, localizada na rua Felipe de Oliveira, no bairro Petrópolis. Foto: Amanda Gorziza
Casa onde morou Erico Verissimo, localizada na rua Felipe de Oliveira, no bairro Petrópolis. Foto: Amanda Gorziza

A grande repercussão da demolição da casa do escritor Caio Fernando Abreu, noticiada em primeira mão pelo Sul21 no último mês de julho, levou três estudantes de jornalismo da PUC/RS a criar um projeto que resgatasse o local de residência de personalidades que já moraram na capital gaúcha.

Nasceu assim o projeto “Memórias de onde nunca fui”, contando histórias e momentos de nove figuras emblemáticas da música, política e literatura do Rio Grande do Sul. Os escolhidos foram Elis Regina, Julio de Castilhos, Erico Verissimo, Lupicínio Rodrigues, Caio Fernando Abreu, Mario Quintana, Teixeirinha, José Lutzenberger, além da Pia Instituição Pedro Chaves Barcellos.

O trabalho começou a ser desenvolvido em agosto e será apresentado na próxima terça-feira (22), no âmbito da disciplina Projeto Experimental de Jornalismo Online. Disponível na plataforma StoryMaps, o projeto apresenta um mapa interativo e combina fotos antigas do imóveis com imagens recentes, acompanhadas de uma mini biografia dos seus moradores ilustres de outrora.

“A gente viu que estava se falando muito na demolição da casa do Caio Fernando Abreu e então veio a ideia de mostrar onde essas personalidades históricas viveram”, conta Amanda Gorziza, que realizou o trabalho junto com as colegas Lara Moeller e Luísa Gomes.

Casa onde Teixeirinha passou seus últimos anos de vida, na Zona Sul da Capital. Foto: Lara Moeller

Nos próximos dias, as três estudante planejam colar um cartaz diante de algumas das residências com um QR Code que remeta à plataforma do projeto. Além de divulgar o trabalho, a intenção é que as pessoas possam conhecer um pouco mais da história da própria cidade.

Algumas histórias que as estudantes mesmo acharam curiosas durante o processo de pesquisa, como o caso do cantor e compositor Lupicínio Rodrigues, que morou durante 35 anos na primeira grande favela de Porto Alegre, a Ilhota, um antigo bairro na época cercado por arroios. A Ilhota ocupava a área onde hoje passa a Avenida Érico Veríssimo, entre a Avenida Ipiranga e a Praça Garibaldi.

O local foi deixando de existir progressivamente depois da enchente de 1941. Não por acaso, existem diversas homenagens na região ao autor de sucessos como Se Acaso Você Chegasse, Vingança e Nervos de Aço. Ali fica o Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues, a Praça Lupicínio Rodrigues e a Instituição de Educação Infantil Lupicínio Rodrigues.

“Nossa ideia é que esses lugares fossem tombados para não acontecer o que aconteceu com a casa do Caio Fernando Abreu”, deseja Amanda.

Para ela e suas colegas, preservar essas casas é também preservar a memória e a história das pessoas.

A casa onde morou José Lutzenberger, no bairro Santana, abrigou três gerações da família do ambientalista. Foto: Lara Moeller
A casa onde Caio Fernando Abreu morou em seus últimos anos em Porto Alegre foi demolida em poucos dias, em julho. Foto: Joana Berwanger/Sul21
Local onde a cantora Elis Regina morou com a família, no IAPI, antes de se mudar para o Rio de Janeiro. Foto: Luísa Gomes

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