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7 de setembro de 2018
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20:44

Grito dos Excluídos pede redução da desigualdade pelo Brasil

Por
Luís Gomes
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Grito dos Excluídos pede redução da desigualdade pelo Brasil
Grito dos Excluídos pede redução da desigualdade pelo Brasil
24ª edição do Grito dos Excluídos, reuniu representantes de movimentos sociais | Foto; Akemi Nitahara/Agência Brasil

Da Agência Brasil*

Com o lema Desigualdade gera violência – Basta de privilégios – Vida em primeiro lugar, ocorreu nesta sexta-feira (7) a 24ª edição do Grito dos Excluídos, reunindo representantes de movimentos sociais, de trabalhadores e da juventude. O evento acontece tradicionalmente em paralelo ao desfile cívico-militar do 7 de Setembro em diversas cidades do país.

No Rio de Janeiro, a concentração começou no mesmo horário do desfile, por volta de 9h30, na esquina da Rua Uruguaiana com a Avenida Presidente Vargas, próximo ao local de onde partiam as formações militares do desfile oficial. Integrante do Jubileu Sul, uma das organizações nacionais do Grito, Alessandra Quintela disse que o Grito dos Excluídos surgiu para ajudar a recontar a história do país, que teve a sua independência proclamada pelo príncipe regente, Dom Pedro I, sem participação popular.

“Não foi uma independência vinda das lutas sociais, apesar de ter várias lutas naquele período de Brasil colônia. Então a gente tem que gritar para reconstruir a nossa história. O Grito nasce nesse sentido, de ser um grito de baixo, desde os trabalhadores e trabalhadoras, querendo construir e construindo na prática um novo Brasil, que acabe com os privilégios e as desigualdades”.

Segundo Alessandra, a marcha também é um contraponto à parada militar e à militarização da segurança pública, para dialogar com a sociedade visões diferentes sobre os fatos. Para ela, a repressão aumentou ao longo desses 24 anos de existência do Grito dos Excluídos.

“A militarização piorou demais, o aparato repressor aumentou e se instrumentalizou ainda mais. Aqui no Rio de Janeiro, em particular, com a Copa do Mundo e com a Olimpíada, se justificou um aumento desse aparato repressor de forma brutal. A repressão contra os movimentos sociais aumentou nesses 24 anos de maneira exponencial. Você veja que tem pessoas aí que foram presas e foram condenadas por participar de manifestações na copa do mundo”.

Presente no Grito, a idealizadora do espaço de acolhimento às pessoas trans Casa Nem, Indianare Siqueira, disse que foi para o ato para se posicionar contra o fundamentalismo e para lutar pelos direitos das pessoas trans e das profissionais do sexo.

“As pessoas trans são as mais excluídas da sociedade, assim como na área trabalhista, quem se prostitui é excluído até dos direitos trabalhistas. E a maioria das trans tem como única opção a prostituição para sobreviver. Então, não existe uma luta só pelos direitos trans que também não passe pelo direito da regulamentação da prostituição das profissionais do sexo”, disse.

São Paulo

Concentrados diante do convento de São Francisco, que junto com a paróquia se tornou santuário em 1997 por decisão de dom Paulo Evaristo Arns, manifestantes do Grito dos Excluídos protestaram contra a injustiça na forma de privilégios a uma parcela da sociedade, as privatizações e a violência contra os pobres. “É também um grito de coragem”, disse o frei Gustavo Medella em sua saudação, falando em resistência e homenageando o papa Francisco e o próprio dom Paulo.

Na primeira parte do ato, na manhã desta sexta-feira (7) na região central de São Paulo, foram organizados números de teatro, música e dança. Depois, representantes de centrais sindicais e organizações políticas discursaram. Já no início da tarde, por volta de 12h30, os manifestantes caminharam pela Rua São Bento, até chegar, 15 minutos depois, à Avenida São João – parte deles foi visitar exposição sobre o cardeal-arcebispo no Espaço Cultural dos Correios. Foram recebidos pela jornalista Evanize Sidow, uma das curadoras do evento, que vai até o dia 23, e autora, junto com Marilda Ferri, da biografia Dom Paulo – um homem amado e perseguido.

O padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, falou sobre a perseguição aos excluídos. “Aqui no centro da cidade circulam 2 milhões de pessoas por dia. Dizer que a culpa dos problemas é dos moradores de rua é covardia, é impostura”, afirmou. “A cidade vai ficar linda quando todos tiverem onde morar e não tiver violência”, acrescentou, para em seguida cantar Irá chegar um novo dia: “E neste dia os oprimidos/ Numa só voz a liberdade irão cantar”. Padre Júlio afirmou que “a prática de Jesus é dos pequenos, dos pobres, dos esquecidos, dos excluídos”.

Brasília

Em Brasília (DF), o Grito ocorreu na ;Esplanada dos Ministérios, entre a Biblioteca e o Museu Nacional. Do outro lado aconteciam as comemorações oficiais da Independência do Brasil. Sueli Bellato, da Comissão Justiça e Paz, explicou o mote desta edição do Grito dos Excluídos, relacionando-o especificamente ao privilégio de algumas categorias no país.

“Há mais de vinte anos, o Grito dos Excluídos reúne setores da igreja, dos movimentos, dos partidos para denunciar as desigualdades. Um tema que está presente na sociedade é a violência. Nós entendemos que ela é consequência, não causa, da má distribuição e da injusta organização social que temos. Não é justo que o Judiciário ganhe tanto enquanto o salário mínimo sequer acompanha os reajustes devidos”, diz Sueli.

*Com informações complementares do Brasil de Fato e RBA


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