Milton Ribeiro
Depois de inaugurar, em 2007, o Teatro do Bourbon Country; no ano passado, abrir as portas do Teatro Bradesco, em São Paulo e inaugurar, há duas semanas, o Teatro Riachuelo, localizado no Midway Mall, em Natal (RN), a Opus Promoções anuncia seus próximos três empreendimentos. A empresa assumirá a operação do Teatro da Feevale, já em construção em Novo Hamburgo, deu o pontapé inicial no projeto de restauração do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, e também estará à frente do teatro do Village Mall, que será âncora de um complexo a ser erguido no Rio de Janeiro (RJ).
O Sul21 conversou com o produtor cultural Carlos Konrath, diretor da Opus, que em 34 anos alastrou seus negócios do Rio Grande do Sul para o resto do Brasil. Seu negócio é a cultura, seja promovendo espetáculos, construindo ou administrando teatros.
Sul21: Como a Opus participa da construção do Teatro da Feevale?
Carlos Konrath: A Opus fornece todo o suporte, consultoria e planejamento estratégico e financeiro para a instalação do empreendimento. Porém, a obra é bancada pela Universidade. Este é o formato que estamos adotando também nos outros empreendimentos que assumimos.
“O Teatro da Feevale poderá receber médias e grandes produções.”
Sul21: A programação do teatro será a mesma dos outros ou haverá algo diferente pelo fato de ele estar localizado dentro de uma universidade?
CK: Nossa primeira intenção é a de atender às demandas da comunidade com espetáculos do interesse do público interno universitário e da região. Depois, atenderemos às formaturas da Universidade e, terceiro, faremos com que os espetáculos que hoje chegam à Porto Alegre possam chegar também à região do Vale dos Sinos. É claro que há intenções de programarmos turnês de artistas e grupos em nossos teatros, desde que estes tenham projeção nacional.
Sul21: Qual é o porte do Teatro da Feevale?
CK: A Universidade começará uma ação muito forte na área da cultura, a partir da construção e da utilização deste Teatro. Ele está sendo erguido com os mais modernos equipamentos e infraestrutura básica para receber médias e grandes produções. Poderá receber espetáculos teatrais ou musicais, assim como de dança ou até óperas. O palco é grande, com quarteladas, previsão de fosso de orquestra e com camarins adequados para receber grande quantidade de músicos. Sua capacidade será para 1.600 pessoas na plateia. Ou seja, será um teatro de grande porte.
Sul21: O Auditório Araújo Vianna é uma questão tabu da cidade de Porto Alegre. Desde que passou da Praça da Matriz para o Parque da Redenção, houve uma imensa sucessão de problemas internos e externos que impediram seu funcionamento e que o deixaram sucateado. Também havia problemas internos de acústica, além da falta de isolamento.
CK: O Araújo Vianna passou por diversas etapas, interagindo bem e mal com a cidade; foram diversos ciclos. Ciclos ativos e inativos. Agora, com a parceria da Opus e da Prefeitura Municipal, ele aparecerá definitivamente em nova roupagem dentro de um prazo entre de 12 a 15 meses. O projeto prevê não apenas o tratamento e isolamento acústico. Ele virá dotado da melhor tecnologia de forma a voltar a ser útil à cidade.
“O isolamento acústico é fundamental para o relacionamento com a comunidade do entorno do teatro.”
Sul21: No que consiste a obra que será realizada no Araújo Vianna?
CK: Ela consiste numa nova cobertura, camarins, banheiros, climatização e poltronas, faremos toda a atualização da infraestrutura do Araújo. É uma mudança absoluta, uma reforma completa. Além disso, de recuperá-lo como equipamento de cultura para a cidade e o estado, o nosso investimento prevê que o novo Araújo seja um monumento a céu aberto. Por exemplo, a lona que acaba de ser retirada do local será substituída por uma estrutura de aço e madeira que reproduzirá a estrutura de lona. O Araújo manterá o mesmo formato atual, ou seja, em março de 2012, a estrutura de lona será reproduzida em aço e madeira. Nosso projeto não altera o aspecto exterior do espaço.
Sul21: Isto resolveria o problema acústico?
CK: Totalmente. Serão utilizadas vigas e tesouras de aço dando o mesmo formato da lona; sobre elas, haverá um compensado naval revestido com manta térmica e isolante para chuva e depois ainda um revestimento de forro acústico que absorverá o som. O isolamento acústico é fundamental para o relacionamento com a comunidade do entorno do teatro, pois a acústica não tem de ser apenas adequada para quem vai assistir a um espetáculo, também temos que impedir que o som vaze para a comunidade próxima. O projeto de tratamento e isolamento acústico garantirá isso.
Sul21: A parceria com a prefeitura de Porto Alegre altera alguma coisa no funcionamento e na programação de espetáculos?
CK: Em nosso acordo, a Prefeitura recebe em torno de 25% das datas. Isso significa 45 datas por ano. No passado, quando o auditório estava ativo, o máximo que ela utilizou foi de 8 a 12 datas anuais. Na nossa parceria, ela poderá intensificar suas atividades, proporcionando muito mais espetáculos para a comunidade. Essas datas estarão disponíveis sempre. Se a Prefeitura desejar patrocinar festivais de inverno, como fazia no passado, o Araújo estará pronto. E nós, enquanto administradores, daremos todo o suporte a ela durante os 10 anos que dura a parceria, contados a partir da inauguração.
Sul21: A Opus administrará seis teatros pelo Brasil. Para os porto-alegrenses há o conhecido Teatro do Bourbon Country, quais são os outros?
CK: Temos o Teatro Bradesco em São Paulo, que hoje é a maior operação de teatro na cidade de São Paulo e o melhor equipado da América Latina. Há o Teatro Riachuelo, que inauguramos há dez dias em Natal (RN), o Teatro Feevale, o Araújo Vianna e o Teatro do Shopping Village Mall, no Rio, que também está em obras.
“Nenhum tijolo veio de recursos governamentais ou incentivos.”
Sul21: De quem é o investimento?
CK: É importante que se diga que todas as seis casas foram e são bancadas por recursos privados. Não há um centavo de recursos incentivados, seja de leis de incentivo, de fundos de pensões ou bancos federais ou estaduais. Há zero de LIC, zero de Lei Rouanet. Nenhum tijolo veio de recursos governamentais ou incentivos. 100% do teatro Bourbon, em Porto Alegre, e do Teatro Bradesco, de São Paulo, foram bancados pela Companhia Zaffari, de seu caixa, deixando talvez de construir um ou dois supermercados… O Teatro Riachuelo de Natal foi bancado pela Riachuelo. O da Feevale, pela Feevale, naturalmente. O Araújo, pela Oi e pela Vonpar, e o Village Mall é bancado pela Multiplan, proprietária dos Shoppings Barra. Todos eles, e isso nos orgulha muito, com recursos próprios. São empresas que abriram mão de recursos, de parte de seu lucro, para investir em bens culturais, onde o retorno é de outro gênero, mais lento.
Sul21: Mas os incentivos entram em alguns espetáculos, não?
CK: Sim, isso pode acontecer em alguma programação específica, mas na obra não há nada.
Sul21: Quantas pessoas a Opus atende por ano?
CK: Posso te garantir que é um número altíssimo, mas eu não o tenho atualizado. O que posso dizer é que, ao término destas outras três obras, pois temos três operações andamento — Porto Alegre, São Paulo e Natal — e três em obras — Novo Hamburgo, Araújo e Rio de Janeiro -–, ao término destas três obras nós teremos 18 mil lugares. Simultaneamente, nós poderemos proporcionar cultura a 18 mil pessoas.
Sul21: E quantas pessoas trabalham na Opus?
CK: Entre teatros e administração, nós empregamos 150 pessoas.
Conheça os teatros administrados pela OPUS:
Teatro do Bourbon Country: inaugurado em 5 de junho de 2007, conta com uma área total de 4.100m². A casa é uma iniciativa do Grupo Zaffari e da Opus Promoções, com o apoio dos patrocinadores Nestlé, Vonpar e Redecard. Localizado no segundo piso do Bourbon Shopping Country, em Porto Alegre, tem capacidade para receber mais de 1 mil pessoas sentadas e 2 mil no formato pista, com a retirada das cadeiras. Em mais de três anos de atividades, a casa já realizou mais de 300 eventos, 540 apresentações e recebeu público superior a 480 mil pessoas.
Teatro Bradesco: inaugurado em 22 de outubro de 2009, o Teatro Bradesco é fruto da parceria entre a Opus Promoções, Grupo Zaffari e o banco Bradesco. Foi considerado o melhor teatro paulistano pela revista Época São Paulo em 2010 e ainda é o maior espaço teatral dentro de um shopping no país, com 1.457 lugares em uma área total de mais de 7.000m². Está localizado no Bourbon Shopping de São Paulo.
Teatro Riachuelo: recentemente inaugurado, é um teatro com múltiplas utilidades localizado no terceiro piso do shopping Midway Mall, em Natal, no Rio Grande do Norte. Espaçoso, o teatro tem a assinatura da Opus Promoções em parceria com o Grupo Guararapes. O palco, nos moldes dos italianos, pode ser manipulado. A sala principal terá espaço para 1.500 espectadores sentados. O ambiente, no entanto, pode ser adaptado de modo a receber até 3.400 pessoas no formato pista.
Auditório Araújo Vianna: um dos mais tradicionais espaços culturais da capital gaúcha começa a ser revitalizado pela Opus Promoções, vencedora da licitação realizada pela Prefeitura de Porto Alegre. Está prevista uma nova cobertura acústica fixa definitiva, feita em madeira, poliuretano expandido e resina impermeável, vedação no forro, fechamento das laterais, climatização, ampliação do palco, entre outras melhorias no local. A Oi e a Coca-Cola são patrocinadoras do espaço.
Teatro Feevale: em frente ao campus da universidade Feevale, de Novo Hamburgo, RS, começam a subir as paredes do que será o Teatro Feevale. O local tem uma área total de 10 mil m² e será possível receber até 1.600 espectadores. O local vai atender as necessidades da instituição, que terá um espaço próprio para realizar formaturas e diversos eventos, além de poder ser aproveitado como cenário para vários tipos de apresentações artísticas, como shows musicais, dança e teatro.
Teatro do Village Mall: ainda sem nome definido, o teatro será construído na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, dentro do shopping Village Mall. Como âncora do empreendimento, estará o teatro, comportando cerca de 1.100 pessoas, com vão livre de 30 metros e altura de palco de 16 metros.
