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24 de abril de 2015
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17:34

Genocídio na Faixa de Gaza

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Genocídio na Faixa de Gaza
Genocídio na Faixa de Gaza

Por Paulo Muzell

faixa de gaza

Noam Chomsky afirma, com toda razão, que os Estados Unidos condenam no discurso, mas em verdade praticam o terrorismo em escala mundial. Não há regras. Um verdadeiro vale-tudo. Desrespeito à privacidade: depois do 11 de setembro qualquer cidadão americano e do mundo poderá ter sua vida pessoal desnudada. Países são invadidos, não importa o pretexto. Sua hegemonia política e militar é absoluta. Oitocentos bilhões são gastos por ano em armamentos. Controlam a OTAN e a ONU. A primeira é o seu braço armado na Europa e Ásia; a segunda foi criada para dar uma “aparência de legitimidade” às práticas imperialistas.

Shlomo Sand, um historiador da Universidade de Tel Aviv pesquisando as origens judaicas concluiu que os ancestrais da maioria dos judeus contemporâneos não habitavam a antiga Terra de Israel e que uma “nação-raça” dos judeus com origem comum nunca existiu. É um mito. Ele afirma que intelectuais alemães de origem judaica (Graetz e Hess, dentre outros), influenciados pelo caráter popular do nacionalismo alemão começaram a desenhar a história do judaísmo como o de uma nação que tinha sido um reino, tornou-se um povo errante que, finalmente, voltou às suas origens, à sua terra natal, o “reino mítico de David”. Antes desta invenção, afirma Sand, os judeus se consideravam judeus porque compartilhavam a mesma religião e não por ter uma origem étnica comum.

Na segunda metade do século XIX o colonialismo inglês, já em rota descendente, tinha interesse em manter um enclave numa região de vital importância estratégica por sua localização geográfica e por ser próxima de grandes reservas de petróleo árabe. Começaram a transformar em realidade o mito do judeu errante que volta à Terra Prometida. Dois mil anos depois, ressalte-se. Usurpando os direitos de milhões e milhões de árabes que há séculos lá residiam. Com recursos ingleses e mais tarde norte-americanos, áreas foram paulatinamente sendo adquiridas e nelas implantadas núcleos populacionais. Estas ocupações foram se alastrando e, ao longo dos anos, entre 1948 até hoje, Israel foi ocupando quase todo território palestino, conforme se vê no mapa que que ilustra este artigo.

Em 1948 a ONU oficializou a criação do estado de Israel, com uma constituição que deveria assegurar “a igualdade perante a lei de todos os cidadãos, liberdade de culto, sem quaisquer distinções ou discriminação de raça e cor, com total liberdade de ir e vir”. Nada disso ocorreu. Israel é hoje uma odiosa etnocracia religiosa. Um quarto de seus quase oito milhões de habitantes são palestinos, cidadãos de segunda linha, confinados, segregados, discriminados, vivendo em condições de extrema pobreza.

Os episódios de violência de Israel contra os palestinos são uma constante nas últimas décadas, especialmente a partir de 1967. Bombardeios em Gaza atingem a população, tem alvos civis: hospitais, mesquitas, escolas. Desde 2.000 mais de 1.500 crianças foram mortas. Bombardeios israelenses contra Damasco. Em 2.010 caças israelenses atacaram três navios humanitários que levavam remédios e alimentos para a população palestina.

O site ”Resumen Latinoamericano” traz alguns dados que revelam uma situação de extrema gravidade. De barbárie. Primeiro: que nos últimos 50 anos mais de 800 mil palestinos foram presos por forças israelenses. Do ano 2.000 para cá foram 85 mil prisões, dentre elas milhares de mulheres e crianças. Nas prisões ocorrem graves violações dos direitos humanos: tortura, humilhações, maus tratos, arbitrariedades. Entre 2010 e 1014, três mil e oitocentas crianças foram presas, sendo vítimas de maus tratos. Dos seis e quinhentos mil palestinos atualmente presos, 1.500 vivem em celas mal iluminadas, insalubres e são mal alimentados. Dentre os prisioneiros, 206 foram mortos ou morreram no cativeiro. Ironias da história: a vítima de ontem transforma-se no brutal algoz de hoje. Israel, com apoio político, tecnológico e financeiro dos Estados Unidos criou na Palestina uma máquina de guerra e morte. Uma espécie de IV Reich.

Paulo Muzell é economista.


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