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12 de agosto de 2017
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12:02

Desagravo a Caetano

Por
Sul 21
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dsfsaffsaf | Divulgação

 Montserrat Martins

“Berro por seu berro, pelo seu erro” (Caetano Veloso, “Qualquer coisa”)

O Secretário de Cultura agitou Porto Alegre com uma “produção cultural” que causou espanto, uma espécie de “Ode ao Chefe”, o Prefeito, o comparando a Caetano Veloso. Em artigo, o secretário diz que o Caetano e Marchezan tem em comum “pagar o preço por ser quem é” e serem “visionários, altivos e polêmicos”. A comparação teve intensa repercussão nas redes sociais, nas quais só se reconhecia a terceira das pretensas “virtudes” do prefeito.

O uso político de Caetano Veloso para defender pessoas com as quais ele não se identifica não é um uso ético, em primeiro lugar. Caetano tem suas próprias posições políticas e não se insere na polarização tucanos x petistas, nas quais Marchezan está envolvido até o pescoço, disparando críticas nas redes sociais aos petistas aos quais dá mais atenção, aparentemente, do que aos buracos da cidade. Caetano, ao contrário, é crítico de ambos, tanto do lulismo quanto de Temer e dos seus aliados tucanos.

Caetano mereceria um tratamento mais respeitoso, por sua contribuição à cultura brasileira desde a época da Ditadura Militar, à qual nunca se curvou. Os leitores que ficaram chocados com a comparação a Marchezan não se restringem aos petistas, mas sim a todos que admiram a criatividade, lucidez, genialidade musical, coragem e perspicácia na leitura das pessoas e do país, com que Caetano vem há décadas nos brindando.

O baiano está num patamar em que os críticos o respeitam por sua obra e história de vida. Um reconhecimento que o Prefeito não tem, ainda mais depois de seus últimos atos, descumprindo claramente promessas eleitorais. Circula nas redes sociais um vídeo mostrado na campanha onde Marchezan garantia manter a segunda passagem gratuita de ônibus, palavra descumprida, onerando inclusive as empresas que arcam com vale-transporte. O desagravo ao Caetano se faz necessário por seu uso indevido para exaltar um Prefeito que ainda não disse a que veio. Em caetanês, “esse papo já tá qualquer coisa, você já tá pra lá de Marrakesh”.


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