Cidades
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30 de dezembro de 2020
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18:56

Próximo secretário da Saúde projeta para fevereiro início da vacinação em Porto Alegre: ‘A ciência vai vencer’

Por
Sul 21
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Próximo secretário da Saúde projeta para fevereiro início da vacinação em Porto Alegre: ‘A ciência vai vencer’
Próximo secretário da Saúde projeta para fevereiro início da vacinação em Porto Alegre: ‘A ciência vai vencer’
O médico Mauro Sparta reafirma a intenção de “manter a cidade aberta” e diz que a vacinação será vital para a recuperação econômica. Foto: Agência ALRS

Luciano Velleda

O médico Mauro Fett Sparta de Souza está a poucos dias de assumir aquele que talvez seja o maior desafio da sua vida profissional. Se ser o secretário de Saúde de Porto Alegre, em qualquer tempo, é uma responsabilidade grande, ser durante a maior crise sanitária dos últimos 100 anos é uma tarefa complicada para esse missioneiro, nascido em Santo Ângelo, em 1954.

Formado pela Universidade Católica de Pelotas, especialista em cirurgia plástica, Sparta foi deputado estadual pelo PSDB e secretário do Meio Ambiente no governo de Germano Rigotto. Agora, ao tomar posse no governo do prefeito Sebastião Melo (MDB), deve enfrentar logo nos primeiros meses a pressão pelo início da vacinação em Porto Alegre e o alto nível de contágio e mortes causadas pelo novo coronavírus.

Nessa rápida entrevista ao Sul21, dada durante o deslocamento de um compromisso para outro em meio as reuniões de transição, o novo secretário da Saúde reafirma a intenção de “manter a cidade aberta” e não voltar a fechar atividades econômicas, e conta já ter planos para uma campanha de comunicação sobre a vacinação que, ele acredita, deve começar em fevereiro. “Em Porto Alegre temos 140 postos de saúde e, em cima disso, vamos organizar também algumas unidades móveis e fazer com que a gente consiga, o mais rápido possível, fazer a imunização das pessoas através das vacinas”, projeta.

Sul21: Como o senhor avalia o atual cenário da vacinação no Brasil, ainda envolto em incertezas?

Mauro Sparta: Há um ano ninguém conhecia o novo coronavírus, até a humanidade começar a ter contato com ele. No início foi muito difícil, os médicos ainda não sabiam como tratar, quais medicamentos usar e vimos aquelas imagens, principalmente na Itália, que deixou todos assustados. Com o passar dos meses, a medicina foi encontrando a maneira de tratar, principalmente o tratamento precoce, os exames, e conseguimos então resultados melhores, com muitos pacientes que tiveram a doença e foram curados.

Claro que o número de óbitos continua sendo grande, principalmente em pacientes idosos e com comorbidades, esses têm mais dificuldades pra se recuperar, pra enfrentar o coronavírus. Agora, em um ano estão sendo concluídas várias vacinas, sendo que as vacinas que nós conhecemos, para tétano, coqueluche, sarampo, todas elas demoram quatro ou cinco anos para ficarem prontas. Dessa vez houve uma convergência de esforços e objetivos, não faltou recurso e os laboratórios conseguiram, em praticamente um ano, fazer com que quatro ou cinco vacinas estejam à disposição agora em janeiro, com alguns países começando a vacinar.

Até semana passada não existia pedido de entrada na Anvisa, agora começou a aparecer pedido de registro de vacina e vai ser analisada e liberada. Fui surpreendido pela notícia da Pfizer, mas ainda não consegui entender…ter mais acesso ao que houve, estamos na luta da transição, então não tenho como me aprofundar no assunto. O que a gente sabe é que até o fim de janeiro, provavelmente, mais de uma vacina já esteja à disposição dos brasileiros, pelo menos a Coronavac, produzida Butantan, e a de Oxford, produzida pela Fiocruz. Acredito que em fevereiro começarão a ser vacinadas as pessoas mais necessitadas, e no momento em que as pessoas do grupo de risco estiverem vacinadas, deve diminuir rapidamente o número de pacientes graves nas UTIs, e aí vamos conseguir controlar com mais tranquilidade essa doença.

Sul21: A prefeitura pensa em realizar campanha de comunicação sobre a importância da vacinação?

Mauro Sparta: Certamente vamos fazer uma campanha de comunicação. Temos no Brasil o maior e melhor plano de imunização do mundo, que começou em 1974 depois da epidemia de meningite, onde na época se vacinava pessoas nas praças públicas. Dali em diante, o Brasil desenvolveu o Plano Nacional de Imunização, temos 38 mil unidades de saúde em condições de vacinar, ano passado vacinamos 80 milhões de pessoas com a vacina para influenza. Então estamos preparados, mas é claro que agora vamos ter que vacinar mais gente ainda, ao invés de 80, serão 200 milhões. Em Porto Alegre temos 140 postos de saúde e, em cima disso, vamos organizar também algumas unidades móveis e fazer com que a gente consiga, o mais rápido possível, fazer a imunização das pessoas através das vacinas.

Sul21: O discurso antivacina e a onda de desinformação lhe preocupa?

Mauro Sparta: Isso é algo que sempre, ao longo do tempo, teve essa discussão. O debate existe e nós vamos defender sempre o que a gente acha que é correto, estamos trabalhando com recursos originados da ciência médica. A ciência vai vencer.

Sul21: O novo governo acredita que a vacinação deve ser o grande elemento pra recuperação econômica?

Mauro Sparta: É claro que sim. Precisamos manter a cidade aberta, a economia e a saúde devem andar juntas. Na verdade, o que sustenta a saúde é a economia, a economia é que compra as vacinas, a economia é que possibilita os recursos para que a vacina fosse feita, e temos que ter saúde para poder trabalhar. Então são dois pilares que devem andar juntos.

Sul21: Com o começo da vacinação na Argentina, aqui ao lado, e com o Brasil ainda sem ter data para começar a vacinar, o que dizer para a população cada vez mais ansiosa?

Mauro Sparta: A nossa mensagem é de esperança. Dentro de uns 30 dias vamos começar também, o Ministério da Saúde está comprando vacinas de outros laboratórios, talvez a Argentina tenha comprado antes, há meio ano ninguém sabia qual vacina iria ficar pronta primeiro. Mas daqui a pouco tempo vamos começar o nosso trabalho também e, enquanto isso, manter todos os cuidados, usar a máscara, não esquecer do álcool em gel, do distanciamento social e, se tiver sintoma respiratório, procurar os postos especializados.


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