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3 de março de 2017
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12:54

Segurança patrimonial da Vale agride produtores rurais de Canaã dos Carajás (PA)

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Sul 21
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Segurança patrimonial da Vale agride produtores rurais de Canaã dos Carajás (PA)
Segurança patrimonial da Vale agride produtores rurais de Canaã dos Carajás (PA)
Thiago Santos, 23 anos, filho do produtor rural, agredido pelos seguranças da Vale S/A. |Foto: Reprodução

Por Lilian Campelo
Do Brasil de Fato

O produtor rural Jorge Martins dos Santos, 46, e seu filho Thiago Sales dos Santos, 23, foram agredidos por funcionários da Prosegur, que faz a segurança patrimonial em uma propriedade da empresa Vale S/A em Canaã do Carajás (PA).

Nesta segunda-feira (27), pai e filho faziam o conserto de uma cerca que faz a divisa entre as duas propriedades para evitar que o gado dos Santos passasse para a propriedade da mineradora, como, segundo ele, já havia ocorrido outras vezes.

O produtor rural afirma que a cerca deveria ter sido construída pela Vale S/A, conforme acordo estabelecido após ação judicial movida pela empresa para dar passagem ao ramal ferroviário que liga o Projeto S11D à Estrada de Ferro Carajás. A ferrovia corta em três a fazenda São Jorge, da família de Santos.

O acordo seria que a empresa construiria a cerca ao longo do ramal ferroviário, para impedir que o gado e outros animais invadissem a ferrovia e causassem acidentes.

“Os vigilantes viram a gente fazer o reparo. Eles já me conheciam, mas chegaram com grande violência, vestidos de toca ninja e tudo, espancado a gente, torturando eu e meu filho”, relata Jorge Martins.

Acusações

A Vale S/A afirmou, por meio de nota, que a abordagem foi feita, primeiramente, a partir do diálogo, mas, segundo a empresa, os seguranças foram surpreendidos “com agressão física por parte dos invasores, que fraturaram o nariz do inspetor de segurança”.

Santos, o pai, nega a acusação de violência contra o segurança e questiona: “Como que duas pessoas desarmadas sem fação sem nada vão enfrentar oito vigilantes todos armados? ”

Ele conta que os vigilantes usaram spray de pimenta e, após a agressão, amarraram as mãos de pai e filho com Tarap, popularmente chamado de “enforca gato”, e os conduziram até a delegacia. No meio do percurso, o produtor rural disse que, mesmo com as mãos presas, o inspetor da segurança os agrediu.

“Depois de algemado e torturado em cima da caminhonete, o inspetor ainda socou meu filho e eu”, afirma.

Santos afirma que já fez cinco boletins de ocorrência contra a empresa Vale sobre o problema das cercas. Nesta quinta-feira (2), ele esteve em audiência no Ministério Público do Estado (MPE), relatando o ocorrido.

O Sindicato dos Produtores Rurais de Canaã dos Carajás (Sicampo) divulgou nota de repúdio ao que ocorreu com a família Santos e informa que a assessoria jurídica do sindicato foi acionada.

Nota

A Vale S/A afirma, em nota, que “houve tentativa de invasão” da fazenda Boa Sorte, de propriedade da empresa, pelo produtor rural e mais um grupo de cerca de dez pessoas, e que a equipe de segurança não “chegou com truculência, como foi relatado por Santos”. Segundo a empresa, devido à agressão que um dos seguranças sofreu, a “equipe da empresa agiu em ato de legítima defesa”.

Sobre a cerca, a Vale S/A argumenta que não procede qualquer pendência de sua parte, afirmando que “a propriedade continha as devidas cercas, e que as mesmas já foram quebradas cinco vezes, conforme boletim de ocorrência registrado na Polícia de Canaã, mesmo com a placa de ‘propriedade particular’”.

Além disso, a mineradora diz que o produtor rural estaria construindo uma cerca a mais de quilômetro além da área que ele possui, o que caracterizaria “invasão de propriedade”.

A Prosegur, também por meio de nota, afirma que os funcionários passam por treinamentos específicos e que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.

 


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