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7 de março de 2017
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13:30

Após sequência de quedas, diferença salarial entre homens e mulheres na RMPA aumenta em 2016

Por
Luís Gomes
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Da Redação*

A crise econômica e o aumento do desemprego resultaram, em 2016, em uma reversão na tendência, registrada na última década, de redução das desigualdades entre mulheres e homens no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre. É o que aponta o Boletim Especial – Mulher e Trabalho, divulgado pela FEE, DIEESE e FGTAS nesta terça-feira (7). Neste ano, as diferenças entre o rendimento médio real por hora trabalhada e nos indicadores de desemprego revelam penderam de forma negativa para o lado feminino.

O estudo aponta que a desigualdade entre as taxas de desemprego total feminina e masculina passou de 0,7 pontos percentuais em 2015 – menor patamar da série PED-RMPA – para 1,0 p.p. em 2016, interrompendo-se a trajetória de declínio iniciada em 2004. Já o rendimento médio real hora, considerado a análise mais precisa da diferença de renda entre mulheres e homens porque considera a jornada de trabalho, mostra que a proporção do rendimento/hora das mulheres em relação aos homens diminui de 88,0% em 2015 para 86,3% em 2016, isso porque a jornada feminina aumentou em uma hora, passando para 40h semanais, enquanto a jornada masculina permaneceu estável (43h).

Imagem: Reprodução/FEE

O boletim aponta que o rendimento médio real caiu em todos os setores da atividade econômica para ambos os sexos. No entanto, em 2016, a retração na indústria de transformação e no comércio foi mais sentida pelas mulheres. Já os homens registraram resultados negativos mais acentuados no setor de serviços. Em 2015, todos os setores tiveram redução mais intensa para os homens.

“A projeção possível, conforme a literatura registra, é que em momentos de crise aqueles que tradicionalmente são mais vulneráveis, como mulheres e jovens, são os primeiros a serem prejudicados”, pondera a pesquisadora da FEE Iracema Castelo Branco.

A economista, porém, enfatiza que as transformações ocorrem de modo mais sútil. “Estamos diante de algumas pistas que demonstram que as características e a continuidade da recessão tendem a repercutir nas mulheres”, prevê. “Verificou-se interrupção na trajetória de redução das desigualdades na taxa de desemprego total e no rendimento médio real por hora, aumentando a diferença do rendimento por hora entre os sexos. Embora o rendimento médio real mensal tenha se reduzido para ambos, a jornada de trabalho da mulher teve um aumento de uma hora enquanto a dos homens ficou estável, então a mulher passou a ganhar menos por hora. Se analisarmos o rendimento mensal, sem controle de jornada do trabalho, a tendência ainda é de redução do diferencial de renda”.

Queda de participação no mercado de trabalho

Outros dados capturados pelo Informe mostram que a taxa de participação das mulheres diminuiu de 47,2% para 45,8% da PIA feminina, o inverso do que ocorreu no ano anterior, mas retoma a tendência de queda registrada de 2009 a 2014. Em 2016, o contingente de desempregadas foi estimado em 98 mil mulheres, acréscimo de 16 mil em relação ao ano anterior. Esse resultado deveu-se ao fato de que a redução na ocupação feminina (menos 38 mil ocupadas, ou -4,7%) foi superior à saída delas do mercado de trabalho (menos 22 mil pessoas, ou -2,4%). Em 2016, o nível ocupacional apresentou retração de 4,7% para ambos os sexos. O contingente de mulheres ocupadas foi estimado em 779 mil, sendo 38 mil a menos do que no ano anterior.

Imagem: Reprodução/FEE

Segundo a Pesquisadora da FEE, Patrícia Biasoli, o desempenho desfavorável do nível ocupacional das mulheres não foi pior, pois o setor mais impactado, com redução de 11,6%, foi a indústria, tradicionalmente com mão de obra masculina. A queda do nível ocupacional revelou-se desfavorável à formalização das relações de trabalho diante da intensa redução do emprego assalariado feminino (-7,2%) e masculino (-6,0%). Para as mulheres, observou-se redução tanto do emprego com carteira assinada (-7,6%) quanto do sem carteira (-2,9%).

*Com informações da FEE


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