Uma das coisas que mais me causa estranheza é a passividade com que se aceitam discursos batidos, velhos, surrados e visivelmente sem grande efeito. Não duvido que a campanha do CNJ sobre ressocialização tenha sido feita com a melhor das intenções (dessas que o Inferno está cheio), mas é evidente que ela pressupõe pelo menos três coisas difíceis de acreditar: 1) que uma pessoa possa sair do sistema carcerário – uma verdadeira rede de instituições que mais reforça do que desconstitui o status criminal, como a Criminologia não cansa de mostrar – “ressocializada”; 2) que indivíduos envolvidos, por exemplo, no tráfico de drogas, tenham interesses em ocupar papel “subalterno” que já recusaram de antemão quando entraram para a carreira criminal (diga-se de passagem que isso tem íntima conexão com a forma como o Brasil lida com certas profissões por sua estrutura Casa Grande/Senzala); e 3) que esses indivíduos sejam “pouco socializados”, ou seja, a sociedade é maravilhosamente “ordeira” e pacífica, contrastando com indivíduos em déficit que perturbam essa ordem.
Hiperssocializados
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Sul 21
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