Os candidatos Andrés Arauz, da coalizão progressistas União pela Esperança (UNES), e Guillermo Lasso, direitista do Movimento CREO, disputarão a presidência do Equador no segundo turno, indicam os resultados de boca de urna do pleito deste domingo (07/02).
Segundo pesquisa divulgada pelo instituto Clima Social, Arauz, que é apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, obteve 36,2% dos votos, enquanto Lasso, um banqueiro de 65 anos, teve 21,7%.
Outro instituto, o Cedatos, também divulgou uma pesquisa boca de urna indicando um segundo turno entre Arauz e Lasso. Segundo esta sondagem, o candidato de esquerda obteve 34,9% dos votos, enquanto o direitista conquistou 20,9%.
Caso o cenário se confirme, Arauz seguirá a disputa com Lasso no dia 11 de abril, já que nenhum candidato alcançou mais de 50% dos votos ou tem 10 pontos percentuais de diferença para o segundo colocado necessários para obter a vitória no primeiro turno.
Uma contagem rápida dos resultados oficiais deve ser divulgado pelo CNE às 19h no horário local (21h de Brasília).
Pelo Twitter, Arauz comemorou os resultados e disse que sua coalizão teve um “triunfo contundente em todas as regiões do país”.
“Felicitações ao povo equatoriano por essa festa democrática. Vamos esperar os resultados oficiais para sair e festejar”, disse.
O cenário das eleições
As eleições presidenciais deste ano foram marcadas por um cenário de disputas jurídicas por candidaturas, denúncias prévias de fraude e suspeitas de possíveis suspensões do pleito.
A candidatura de Andrés Arauz, um economista de 35 anos que trabalhou no governo do ex-presidente Rafael Correa, promete trazer o “correísmo” de volta ao comando do país. Isso porque a política equatoriana foi palco de um rearranjo nos posicionamentos entre esquerda e direita após Lenín Moreno, atual presidente, que era vice de Correa, abandonar sua plataforma de governo depois de eleito, em 2017, e aplicar medidas neoliberais.
“A traição de Moreno” é o termo mais utilizado pelos apoiadores de Arauz para definir os movimentos do mandatário e destacar o compromisso de retomada dos projetos iniciados durante os mandatos de Correa que começaram em 2007.
A esquerda ainda acusa Moreno de ter iniciado uma perseguição judicial contra quadros progressistas que se mantiveram fiéis aos projetos e propostas iniciadas durante os anos de Correa. O lawfare, termo utilizado para indicar o uso da justiça com finalidades políticas, foi denunciado pelos setores da esquerda nos casos da prisão do ex-vice-presidente Jorge Glas e nos processos contra Correa, que hoje vive na Bélgica, podendo ser preso se voltar ao Equador.
No caso do ex-presidente, os processos voltaram à tona durante a campanha eleitoral após Correa tentar se candidatar a vice na chapa de Arauz e ser impedido pela Justiça equatoriana.
Além das contendas judiciais que atravessam o jogo político do país, os candidatos chegam à disputa diante de uma crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, uma política de cortes e austeridade iniciada por Moreno e as fortes mobilizações populares contra a plataforma neoliberal do governo, com destaque para as marchas indígenas de 2019.