Opinião
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18 de dezembro de 2023
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13:07

O papai noel dos ricos e a falta d’água na periferia (por Maister F. da Silva)

Acesso à água será vital durante onda de calor. (Foto: Pixabay)
Acesso à água será vital durante onda de calor. (Foto: Pixabay)

Maister F. da Silva (*)

Na semana que antecede o Natal, o Prefeito Sebastião Melo deu de presente para a periferia da cidade nada menos que cinco dias sem água, algumas comunidades amargam oito dias, sob um calor de mais de 40º que vinha sendo anunciado pelos institutos de meteorologia há pelo menos um mês. Entre as comunidades que ficaram três ou mais dias sem água podemos citar: Lomba do Pinheiro, Agronomia, Partenon, Restinga, São José, Aberta dos Morros, Bom Jesus, Jardim Carvalho, Vila Jardim, Coronel Aparício Borges e Espirito Santo. Também é de conhecimento do prefeito que as comunidades afetadas enfrentam esse problema recorrentemente a muitos anos.

Sebastião Melo se define como um sindico, um zelador da cidade. Ocorre que o tal sindico não se preocupa com as comunidades da periferia de Porto Alegre, o transporte público é de péssima qualidade e as comunidades sofrem com 15 a 20 dias sem abastecimento regular de água potável. Sebastião Melo se vangloria de estar revitalizando a cidade, quando na verdade está fatiando e vendendo para uma meia dúzia de empreiteiros endinheirados, e nesses seus negócios, não há a exigência de contrapartidas decentes.

Alguns dos proprietários e acionistas destas grandes empreiteiras figuram entre os maiores doadores da campanha de Sebastião Melo (MDB) à Prefeitura de Porto Alegre em 2020, como evidenciado pelo Sul21 no seu especial “Os donos da cidade”. Como podemos verificar: Ricardo Antunes Sessegolo, diretor do grupo Goldsztein, aportou R$ 50 mil, além dos empresários Daniel Goldsztein (R$ 30 mil), Sergio Goldsztein (R$ 20 mil) e Fernando Goldsztein (R$ 40 mil). Dois diretores da Cyrela doaram R$ 30 mil cada um: Rodrigo Aurichio Putinato e Efraim Schmuel Horn. Com R$ 200 mil em doações, os integrantes da Goldsztein Cyrela foram os principais financiadores de Melo. Quatro integrantes da família Melnick também fizeram doações à campanha do candidato vitorioso. Leandro Melnick (R$ 20 mil), Milton Melnick (R$ 18 mil), Juliano Melnick (R$ 17 mil) e Roseli Rabin Melnick (R$ 15 mil). O fundador da Multiplan, José Isaac Peres, aportou R$ 55 mil e Iboty Brochmann Ioschpe, presidente da Arado Empreendimentos Imobiliários, repassou R$ 40 mil em apoio ao prefeito. Juntas, outras sete empresas do setor imobiliário doaram mais de R$ 285 mil.

Esses milhares de reais ajudaram a financiar as caminhadas de Sebastião Melo pelas vilas e comunidades da periferia de Porto Alegre com seu chapéu de palha e promessas vazias. Água, moradia e transporte digno eram bandeiras de sua campanha eleitoral. Após eleito, ele virou as costas à população mais pobre e optou por esvaziar o diálogo com as comunidades, governando através de decretos e leis complementares. A participação popular não existe e o orçamento público é drenado para interesses escusos as reais necessidades da grande maioria do povo porto-alegrense.

A cidade exige reformas estruturais que deem conta de responder às exigências causadas pelo aumento demográfico, mas, ao longo do seu mandato, o prefeito Sebastião Melo optou por fazer da venda do DMAE um cavalo de batalha, como não conseguiu vender, atua para desprestigiar e sucatear a empresa. Nessa sua estratégia de desprestígio da coisa pública ele não se importa de fazer a população sofrer, ficando dias sem água. Será que o prefeito entende o sofrimento de milhares de pessoas idosas, de mães com filhos pequenos, das pessoas que saem de casa as 05 da manhã para irem trabalhar, sem ter o direito de ao menos poder tomar banho.

Eu acredito que entende e não tem compaixão alguma!

Prefeito Sebastião Melo, por favor guarde seu chapéu de palha. Ele é um símbolo importante de mulheres e homens que trabalham e tem na palavra seu bem mais valioso, suas ações não o tornam digno de usá-lo.

(*) Graduando em Administração Sistemas e Serviços de Saúde da UERGS

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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